Com Mariana Tokarnia – Repórter AB
No Brasil, 1,4 milhão de estudantes de escolas públicas não têm acesso a água tratada para consumo. A maioria desses alunos é negra, segundo o estudo Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial, que utilizou dados do Censo Escolar de 2023.
A pesquisa destaca que alunos em escolas predominantemente negras têm sete vezes mais chances de não contar com água potável em comparação a escolas de predominância branca. Entre os 1,2 milhão de estudantes sem acesso básico à água, 768,6 mil estão em escolas predominantemente negras, 528,4 mil em escolas mistas e 75,2 mil em escolas brancas.
Além da água, a análise abrange outros serviços de saneamento, como banheiros, coleta de lixo e esgoto. Mais da metade dos estudantes de escolas predominantemente negras enfrentam a falta de pelo menos um desses itens, enquanto nas escolas brancas, esse índice é de 16,3%.
Outro dado alarmante revela que 440 mil estudantes frequentam escolas sem banheiros. Desses, 135,3 mil estão em escolas predominantemente negras. No que diz respeito à coleta de lixo, 2,15 milhões de alunos frequentam escolas sem o serviço, sendo a maioria em instituições de predominância negra.
O estudo também chama atenção para a situação dos estudantes indígenas. Dos 360 mil matriculados na rede pública, 60% estão em escolas sem abastecimento de água e 81,8% em unidades sem esgoto.
Por fim, o levantamento reforça a importância de políticas públicas que considerem as desigualdades raciais para garantir a equidade no acesso a saneamento, tanto nas escolas quanto fora delas. Atualmente, milhões de brasileiros ainda carecem de serviços básicos, como abastecimento de água e coleta de esgoto, afetando diretamente a dignidade e a qualidade de vida.