Por Flávia Borges, G1 MT
Uma das lendas mais conhecidas em Cuiabá, o “Minhocão” aterrorizou ribeirinhos que acreditavam que a cobra gigante vivia nas profundezas do Rio Cuiabá e, vez ou outra, virava barcos para devorar os pescadores, levantava grandes ondas e desmoronava barrancos dos rios.
A lenda teria surgido após o padre Ernesto Barreto comprar um grande terreno onde hoje está localizado a Barra do Pari, em 1880.
Os moradores mais antigos das terras de padre Ernesto, nos fundos dos Bairros Santa Amália e Araçá, dizem que o Minhocão do Pari desapareceu da região durante a grande enchente de 1974.
Reza uma das mais famosas lendas cuiabanas que não se pode reformar ou restaurar a igreja matriz da capital de Mato Grosso, já que o minhocão encontra-se preso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora.
Há ainda o “Minhocão de Baús”, “irmão do Minhocão do Pari”, e que teria surgido no século 19, que habitava a região da Guia e que destruía as casas da região, fazia muito rebojo nas águas e metia medo nos habitantes.
A lenda é retratada no livro “Ana Bela e o Minhocão de Baús”, de autoria do historiador Pedro Félix.
‘Baús’ é uma comunidade de pequenos agricultores de milho, cana-de-açúcar, mandioca, extrativistas de pequi, que vivem em casas de pau a pique e sobrevivem culturalmente de lendas, rezas e plantas medicinais.
“Em 1983 descobrimos um grande resgate da nossa cultura quando, ao conhecer a comunidade de Baús, nos deparamos com as estórias dos moradores. Conforme a lenda, o minhocão teria devorado a casa de um senhor que dormia com a escrava e que teria sido alertado por ela sobre a existência de algum bicho que rondava o local”, conta Pedro Félix.
O livro é direcionado a alunos do ensino infantil e fundamental das escolas públicas e particulares de Cuiabá, para a cuiabania em geral ou quem tiver interesse em saber mais sobre essa lenda.