Em meio à natureza e cercados pela bela paisagem dos paredões de Chapada dos Guimarães (60 km de Cuiabá), médico, enfermeiros, cuidadores, outros colaboradores e servidores do Judiciário de MT formaram uma grande roda para a segunda edição do projeto Círculos Coloridos na Saúde, com enfoque no mal de Alzheimer. Esta doença é progressiva, que destrói a memória e outras funções mentais importantes e que integra a campanha Fevereiro Roxo, que dá visibilidade e aumenta o nível de informação sobre esse transtorno.
A proposta do projeto, idealizado pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da comarca de Chapada, enquanto política restaurativa, é focar em campanhas de prevenção e enfrentamento de doenças e temas relacionados à qualidade de vida. Ou seja, uma forma de integração inovadora entre a justiça restaurativa e o sistema de saúde.
“A Justiça Restaurativa é um movimento social e um convite para que a gente possa transformar a problemática das relações humanas com foco em cooperação e de pertencimento. E é nesse contexto que a gente apresenta os círculos coloridos na saúde, justamente para que a gente possa trabalhar os aspectos físico, mental, espiritual, emocional e psicológico do ser humano. O objetivo é melhorar a ambiência entre os profissionais da saúde e os usuários do sistema de saúde aqui da cidade’’, ressaltou o juiz diretor do Fórum e coordenador do Cejusc de Chapada dos Guimarães, Leonísio Salles de Abreu.
Até dezembro estão previstas mais 10 edições com temáticas variadas (obesidade, autismo, abuso de crianças e adolescentes, doação de sangue, hepatites virais, aleitamento materno, prevenção ao suicídio, câncer de mama, diabetes e aids).
Os círculos serão realizados conforme o calendário de campanhas mensais da saúde e suas respectivas cores, utilizado pela Divisão de Qualidade de Vida, Integração e Cultura (antigo programa Bem Viver), do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e organizações médicas.
O projeto é fruto de uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Chapada dos Guimarães que indica pessoas que, direta ou indiretamente, são acometidas ou afetadas pelas enfermidades/endemias correspondentes para que, assim, possam ser convidadas a participarem das atividades.
“Esse projeto propõe uma reflexão emocional, espiritual, afetiva e é muito pertinente. E vem ao encontro do que a gente acredita, do que a gente sonha. Tenho certeza que os círculos vão nos ajudar muito a fazer com que as pessoas vivam mais felizes. É uma parceria desafiadora, mas que também será, com certeza, de grande sucesso’’ afirmou secretária de Saúde de Chapada, Rosa Maria Blanco Manzano.
A enfermeira Bibiana Barbosa, que trabalha no posto de saúde da Família do bairro Santa Cruz da cidade, era uma das participantes e para ela foi um novo aprendizado.
“Com o círculo nós aprendemos a nos colocar no lugar do outro, especialmente de quem tem Alzheimer. Então, antes de tratar o paciente, eu preciso ter empatia por ele e isso a gente falou muito hoje aqui. E eu vou levar essa experiência para meus colegas de trabalho’’, avaliou a profissional.
Para o médico da família Eduardo Augusto Curvo e a cuidadora de idosos Luzinete da Silva, que também integravam o grupo, a experiência também foi enriquecedora.
“Cuidar de quem sofre com o Alzheimer exige paciência, amor e saber ouvir. E todos esses foram valores tratados aqui. Todos nós tivemos a chance de falar e também de ouvir depoimentos que me marcaram muito”, revelou Luzinete.
“O profissional de saúde está acostumado a olhar para o problema do próximo, analisar e geralmente fala pouco de si mesmo. E aqui a gente teve essa chance que nos deixa mais tranquilo, mais livre, mais seguro e cria um vínculo maior com outras pessoas”, enfatizou o médico.
Fernanda Fernandes
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT