O Tribunal de Justiça de Mato Grosso assinou dois novos termos de cooperação técnica com os Institutos Signativo e Desportivo da Criança (IDC), para a expansão da política de pacificação social por meio da aplicação da Justiça Restaurativa e da metodologia dos Círculos de Construção de Paz. As parcerias foram apenas alguns dos resultados obtidos durante a realização do Seminário “Justiça Restaurativa em Ação: Transformando Sistemas e Unindo Regiões”, realizado por meio do Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa (NugJur), que reuniu magistrados e especialistas das cinco regiões brasileiras, nos dias 1 e 2 de julho, em Cuiabá.
Com as assinaturas, os programas “IDC Jogando com a Justiça Restaurativa” e “Escola do Sentir +”, desenvolvidos respectivamente pelos Institutos Desportivo da Criança e Signativo, darão início a formação em Justiça Restaurativa e em Círculos de Construção de Paz, voltados ao aprimoramento de habilidades socioemocionais de professores e servidores da rede pública de ensino, ligados aos projetos sociais já desenvolvidos pelas instituições.
Nas palavras da presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e presidente do NugJur, desembargadora Clarice Claudino da Silva, a Justiça Restaurativa reúne, entre seus vários atributos, a valiosa habilidade de servir ao próximo, como um imenso hospital de apoio e amparo às dores humanas.
“Dentro da Justiça Restaurativa, e mais especificamente, na prática da metodologia dos círculos de construção de paz, nós somos como um grande hospital, onde acudimos os doentes de relacionamento e sobre isso não há dúvida, e nós precisamos estar preparados para isso, precisamos enxergar no outro alguém que está doente, alguém que está ali precisando do nosso apoio, precisando da nossa humanidade, e no momento em que entendemos isso, e passo a agir como tal, a escuta do outro passa a ser qualificada, o afago e o acolhimento também passam a ser qualificados e humanizados. Tudo muda, a partir do momento em que eu mudo. A minha maneira de ser e de falar desarticula qualquer tipo de abordagem negativa, e é isso que oferecemos à sociedade, dentro desse grande programa de transformação social, dentro desse grande programa de tocar vidas, porque é isso que a Justiça Restaurativa é, um grande e poderoso programa de tocar vidas”, concluiu a presidente.
Para a gerente executiva do Instituto Desportivo da Criança, Maria Selma Peaguda Lopes, a parceria com o Poder Judiciário dará condições para que o trabalho com as crianças se fortaleça e expanda pelo interior do Estado.
“Nós estamos muito felizes. É um programa há muito aguardado e a assinatura desse termo vai nos possibilitar a formação de toda nossa equipe, que são nossos braços nos municípios de Sinop, Cuiabá, Chapada, Várzea Grande e Santo Antônio de Leverger. Nossa meta é unir os conceitos da Justiça Restaurativa à metodologia do instituto, agregando ainda mais valor ao atendimento das crianças, dos adolescentes e das famílias que também são acolhidas. O instituto já traz uma metodologia de formação integral do ser humano, e a chegada da Justiça Restaurativa vai reforçar e aprimorar nosso trabalho, nos dando ferramentas ainda eficazes de cuidado e acolhimento”, concluiu Selma do Instituto da Criança.
Com sede em Cuiabá, o Instituto Desportivo da Criança (IDC) foi fundado em 2002, com o objetivo de promover a transformação e inclusão social por meio dos programas ‘Vôlei Kids’, ‘Dó Ré Mi Kids’ e ‘Futebol Kids’. Em 2023, o instituto atendeu mais de 1.400 crianças e adolescentes de escolas públicas, com idade entre 7 e 16 anos, nos municípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio de Leverger, Sinop e Várzea Grande.
A partir de agora, os institutos darão início à trilha de aprendizagem que compõe o programa de formação em Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, com carga horária de 130 horas-aula. A metodologia alterna entre formações teóricas, práticas, estágio e supervisão. A formação também contempla o trabalho sobre a difusão de conceitos definidos pela Justiça Restaurativa como um conjunto de saberes, comportamentos, habilidades, técnicas, intervenções e procedimentos que têm como objetivo a construção de uma Cultura de Paz, capaz de possibilitar o tratamento e a resolução de conflitos de maneira autocompositiva, com base no diálogo e na construção conjunta de soluções.
Toda a trilha de aprendizagem desenvolvida e aplicada pelo Poder Judiciário de Mato Grosso para expansão da Justiça Restaurativa, atende a Resolução n.º 225, de 31 de maio de 2016, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que entre outras orientações, visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, com especial atenção no ambiente escolar.
A presidente do Instituto Signativo, Belisa Maggi, destacou as habilidades socioemocionais que envolvem a aplicação e os resultados obtidos pelos círculos com impacto na vida das pessoas.
“O instituto conta com a capacitação de educadores em Sapezal, mas também nacionalmente com a nossa pós-graduação em “Inteligência Socioemocional na Educação”, e para nós é uma alegria muito grande assinarmos com o Poder Judiciário uma parceria dessa magnitude, porque significa dar mais estrutura àquilo que nós já fazemos. Costumo dizer que o círculo é socioemocional, nós só não conceitualizamos assim, mas realmente ele tem todos os componentes que nós já trabalhamos e vem para expandir, e dar ainda mais poder para chegarmos onde quisermos dentro da educação. Os professores estão sedentos para entrar em contato com esse universo mais sutil e os círculos têm mostrado uma efetividade muito grande no caminho de chegar até esses corações, que estão pulsando por novas formas de olhar para a educação”, enfatizou Belisa do Signativo.
Fundado em 2016, no município de Sapezal, o Instituto Signativo é uma organização mato-grossense sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento humano, com o compromisso de inspirar pessoas por meio da educação. Com foco na criação de escolas voltadas ao desenvolvimento integral do ser humano, o instituto investe na pesquisa e na formação de educadores com base em abordagens sistêmicas e participativas da Inteligência socioemocional. Em suas atividades, o Signativo já envolveu a participação de 2,3 mil educadores dos municípios de Sapezal, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Comodoro, Várzea Grande e Cuiabá, integrados em mais de 160 ações afirmativas e mais de 5 mil crianças impactadas.
#Paratodosverem. Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Primeira imagem: posando para a foto, a partir da esquerda, a presidente do Tribunal de Justiça e presidente do Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa, desembargadora Clarice Claudino, a presidente do Instituto Signativo Belisa Maggi, o juiz-coordenador do Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa Túlio Duailibi e a gerente executiva do Instituto da Criança Selma Lopes. Nas mãos, a desembargadora e o juiz seguram os documentos assinados entre o Poder Judiciário e as instituições.
Núcleo Gestor da Justiça Restaurativa TJMT /Foto: Ednilson Aguiar