Description

Com uma equipe editorial digoreste*, o Almanaque Cuyabá traz registros inéditos sobre os principais fatos e acontecimentos da história cuiabana e, por extensão, mato-grossense, além de informações sobre nossos escritores, dramaturgos, artistas plásticos e cênicos, músicos, tipos populares e pontos de vista que traçam trajetória intelectual, política e cultural de figuras de destaque do cotidiano.
*digoreste: termo cuiabano que dá qualidade àquele que é ótimo, bom e exímio, entre outros adjetivos similares.

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SOBRE

Quim Proença foi pioneiro em instalar boteco em Cuiabá, mais precisamente, no Beco do Candeeiro, onde também morava. Depois da árdua garimpagem no riacho da Prainha e já escurecendo, vinha sempre a boa ideia dos trabalhadores: – ‘Vamos pro bar de seo Quim’, único local que tinha iluminação através do candeeiro de argila aceso com azeite de lambari no alto da fachada do bar e em seu interior. No balcão empoeirado, Quim servia tragos da boa cachaça no copo shot, pagos com pedrinhas do ouro achadas na Prainha. Simpático, ele tinha o sorriso largo e só franzia o cenho quando algum frequentador perguntava pela sua amada, chamada de ‘Dona’, uma atraente paraguaia, que arrancava olhares do canto dos olhos dos fregueses e de quem Quim morria de ciúmes. O movimento do bar foi caindo e terminou fechando à medida em que o vilarejo foi se expandido.

O escritor Aníbal Alencastro nos conta um causo inusitado: “diz que um certo dia alguém chegou e disse ao Quim ter visto um homem entrando em sua casa. De tão nervoso e revoltado, pegou uma faca e foi até a residência e lá realmente viu um homem deitado na rede. Furioso e, sem olhar para a pessoa, começou a esfaqueá-la no peito, quando ouviu a sua mulher gritar: Quim, você matou seu pai”.