A boate Sayonara entrou para a história como a mais emblemática casa de espetáculos do Centro-Oeste brasileiro, um palco de grandes encontros culturais e uma referência em Cuiabá. Embora “sayonara” signifique “despedida” em japonês, o nome escolhido para o local não refletia um adeus, mas sim uma homenagem carinhosa aos entes queridos de Nazi Bucair, seu fundador. Nazi, um descendente árabe de semblante sério e bigode cuidadosamente aparado, era um homem de poucas palavras, mas com um coração generoso, e sua boate se tornaria uma das maiores expressões de sua vida.
A origem do nome Sayonara vem das iniciais de seus familiares, criando um anagrama simbólico: SA de seu irmão Samir, YO de seu pai Yossef, NA de Nazi e sua irmã Nazira, e RA de seu outro irmão, Ramis. O nome carregava, portanto, não só a história de uma família unida, mas também de um espaço que uniria pessoas e culturas de maneira única.
O que começou como uma simples área de lazer de Nazi Bucair se transformou em um dos maiores centros de entretenimento da cidade, recebendo mais de mil artistas renomados. Entre eles, grandes nomes da música brasileira como Roberto Carlos, Waldick Soriano, Beth Carvalho, Vera Fischer, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulinho da Viola, Clara Nunes, e tantos outros, que passaram pelo palco da Sayonara e deixaram sua marca na memória dos cuiabanos. O local também foi palco para os talentos locais, com músicos como China, Penha, Juarez Silva e Marcinha, além de neurozito, o grande compositor cuiabano, brilhando nas noites da boate.
Em abril de 1969, a cidade de Cuiabá se encheu de festa com a comemoração de 15 anos da Sayonara e os 250 anos da cidade, com direito a um espetáculo memorável e a chegada de 15 cantores de renome, trazidos por um voo da Vasp (em destaque). Durante esses anos de glória, a boate também recebeu presidentes da República, como Costa e Silva, Jânio Quadros, Médici e João Goulart, tornando-se um ponto de encontro de grandes personalidades.
A boate também ganhou fama nas ondas do rádio, com a vinheta musical de Ivo de Almeida, que instigava os ouvintes a se juntarem à festa: “Se você não vai, amor, eu vou, vou a Sayonara, seja como for…”
O FIM DA ERA SAYONARA
Hoje, a Sayonara existe apenas na memória afetiva dos cuiabanos. O rio Coxipó, que antes parecia abraçar a boate com suas águas, agora mal jorra o suficiente para recordar seus tempos de glória. Antes de sua partida definitiva, Nazi Bucair, com lágrimas nos olhos, observou impotente a destruição de sua criação, quando as máquinas impiedosas derrubaram os últimos tijolos da sua criação.
Hoje, a Sayonara vive apenas na memória afetiva dos cuiabanos. O rio Coxipó, que um dia parecia envolver a boate com suas águas, agora mal carrega o suficiente para evocar os tempos de esplendor. Quando chegou o fim de sua história, Nazi Bucair, com o olhar pesaroso, assistiu impotente à destruição de sua obra-prima, enquanto as máquinas derrubavam, sem piedade, os últimos tijolos de um legado que marcou uma era. A tristeza em seu rosto refletia não só o fim de um sonho, mas também a perda de um espaço que, por tanto tempo, foi sinônimo de encontros, música e emoção.