Antônio Sodré, autor de ‘Besta Poética’ e de Empório Literário’

“El poeta de la transmutación”, era como se autodenominava Antônio Sodré (Juscimeira – MT, 1959 – Cuiabá – MT, 2011). Filho de comerciantes vindos da Bahia para Mato Grosso, nasceu em Juscimeira, onde deu início aos estudos. Mudou-se para o bairro Pedregal, na Capital, na década de 1970, ingressando, posteriormente, nos cursos de História, Letras e Música da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No campus estabeleceu uma banca de livros de onde acompanhou, por mais vinte anos, diferentes gerações de estudantes. Além de poeta, transitava pela música, artes cênicas e artes plásticas, inserindo-se na cena cultural cuiabana a partir dos anos 1980. À época também fez parte do grupo de arte litero-musical “Caxemir-Bouquê”, que realizava apresentações de música e poesia falada, tendo gravado 2 CDs. Hoje o Instituto de Linguagens da UFMT o reverencia com um espaço batizado com seu nome, onde mesas e banners exibem trechos de suas obras. Irmão do artista plástico Adir Sodré, assina livros como Besta Poética (1984) e Empório Literário (2005), além de clássicos como O Lado Humano Não Acompanha o Tecnológico; Tão Só Dré; Fóssil; Cômica Cósmica; outros 500 e Still Corporation, entre outros.
Aclyse de Mattos: Homenagem sublime a Névio Lotufo

Poeta, escritor e professor, Aclyse de Mattos (Cuiabá-MT, 1958), iniciou os estudos em Cuiabá. Concluiu a graduação em Administração na Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e especializou-se em Propaganda e Marketing pela Escola Superior de Propaganda a Marketing (ESPM-RJ). É ainda mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com mais de 30 anos de produção artística e literária, ocupa, desde 2017, a cadeira de número 3 da Academia Mato-grossense de Letras (AML). Assina livros infantis, de contos e poemas como Natal Tropical; Assalto à Mão Amada; Quem Muito Olha A Lua Fica Louco (2000); Papel Picado; Festa (2012) e o Saxofonista (2018). Além disso, tem publicações em revistas literárias e artigos científicos. Em abril de 2020 seu livro “Motosblim: A Incrível Enfermaria de Bicicletas”, ilustrado por Marcelo Velasco e publicado pela Entrelinhas Editora, venceu na categoria Conjunto de Ilustrações, da terceira edição do Prêmio Aeilij de Literatura, promovido pela Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (Aeilij). Atualmente, Aclyse é professor do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Carlos Gomes de Carvalho: intelectualidade e política

Membro e ex-presidente da Academia Mato-grossense de Letras (AML), Sebastião Carlos Gomes de Carvalho (Aragarças – GO, 1948), mantém intensa atuação nos campos da intelectualidade e da política. É advogado, professor universitário e consultor jurídico ambiental com especializações em instituições brasileiras e de países como Espanha, França e Estados Unidos da América (EUA). Iniciou seus estudos no interior de Mato Grosso, em colégios da Congregação Salesiana, graduou-se em História na Universidade Federal de Goiás (UFG), em 1974, e em 1978, em Direito, pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O autor assina livros e ensaios nas áreas jurídica e de história, literatura e ecologia, muitos destes publicados em importantes revistas institucionais. Desde 2007 é reconhecido como Cidadão Cuiabano, título outorgado pela Câmara de Vereadores do Município. Atualmente, é doutorando em Filosofia e Sociologia pelas Universidades Jaume I, de Castelón de La Plana, e de Valência, na Espanha, e participa de simpósios, seminários e ciclos de estudos por diversas partes do país, ora como ouvinte, ora como conferencista.
Yasmin Nadaf: Voz e Memória das Mulheres de Mato Grosso

Ao longo de quatro décadas Yasmin Nadaf (Cuiabá – MT, 22/05/1961) vem pesquisando a literatura de Mato Grosso, divulgando-a em palestras, teses e ensaios para importantes publicações. Licenciada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é também especialista em Literatura Brasileira e mestre e doutora em Literatura de Língua Portuguesa, com pós-doutorado em Literatura Comparada, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pioneira dos estudos sobre mulheres influentes no Estado, estrou como escritora em 1993, com o lançamento do livro Sob O Signo de Uma Flor: Estudo de A Violeta, Publicação do Grêmio Literário Júlia Lopes. Na obra, descreve parte da história feminina no Brasil, inaugurando ainda as descobertas sobre a vida literária em Mato Grosso no âmbito das universidades brasileiras. Detentora de numerosos prêmios e condecorações, é membro da Academia Mato-grossense de Letras (ABL) desde outubro de 1995. Assina também obras como Diálogo da Escrita; Alagoanos na imprensa de Mato Grosso (2003); Presença de mulher: ensaios (2004); Estudos literários em livros, jornais e revistas (2009); e Páginas do Passado. Ensaios de literatura (2014) é produção referenciada no Brasil e no exterior.
Guilherme Dicke, autor de ‘A Chave do Abismo’

Filósofo, escritor, romancista, contista e artista plástico, Ricardo Dicke (Chapada dos Guimarães-MT, 1936 – Cuiabá- MT, 2008) iniciou os estudos em 1941, ano em que se muda para Cuiabá. Por volta de 1965 se estabelece no Rio de Janeiro (RJ), onde estuda pintura e desenho com Frank Skchaeffer (1917), Ivan Serpa (1923 – 1973) e Iberê Camargo (1914 – 1994), concluindo bacharelado em Filosofia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1971. Trabalhou como revisor no jornal O Globo entre 1973 e 1975 e, em 1977, publica o romance Caieira. Pela dissertação Conjunctio Oppositorum no Grande Sertão, se torna mestre em estética, em 1982. Quatro mais tarde edita o romance A Chave do Abismo, seguido por Último Horizonte, em 1988. Em 2004, é nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Sua obra configura um regionalismo ligado a Mato Grosso e às filosofias fenomenológicas de Heidegger e Merleau-Ponty, distanciando-o das canônicas vertentes nordestinas. Por características com esta, foi homenageado na feira literária Literamérica, em 2005, e vem sendo amplamente pesquisado e referenciado por outros autores como a professora Madalena Machado.
Pedro Casaldáliga,: “Nada possuir… e, …., nada matar”

Em 1968 o então padre Pedro Casaldáliga (* Balsareny, Barcelona, 16/2/1928 + 8 de agosto de 2020) muda-se para o Brasil para fundar uma missão claretiana no estado de Mato Grosso, região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social e concentração fundiária. Foi nomeado administrador apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia no dia 27 de abril de 1970. No ano seguinte o papa João Paulo VI o nomeia bispo prelado do mesmo município. Sua atividade pastoral está diretamente vinculada à defesa dos direitos humanos e às causas camponesas e dos mais pobres. Ainda na década 1970, ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Adepto da teologia da libertação, adotou como lema: “Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. Por estes posicionamentos foi, incontáveis vezes, ameaçado de morte. Foi poeta, autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia, além de ter inspirado a produção de livros e filmes sobre sua vida. Em 2000, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Acometido por mal de Parkinson, apresentou, em 2005, sua renúncia à Prelazia, não deixando de lado a combatividade, a franqueza e as convicções as quais defendeu até sua morte.