Madalena Machado, de ‘O Homem da Pós-Modernidade’

Doutora em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Madalena Aparecida Machado, tem pós-doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade Sorbonne, na França. Professora do curso de Letras da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), é também autora de obras como O Homem da Pós-Modernidade: A Literatura em Reunião e A Literatura de Ricardo Dicke: Intervenções Críticas. Resenhou célebres publicações de contos dos autores Severino Queirós, Cesário Prado e J. Terra (pseudônimo de Prado) em jornais como A Cruz, Correio do Estado e O Matto Grosso, entre outros. A partir de trabalhos como estes, delimita importantes perspectivas sobre contistas mato-grossenses, que demonstram, a seu ver, pelo arranjo literário, a dimensão humana captada na sociedade local no início do século XX. Atualmente coordena o Núcleo de Pesquisa em Literatura Manoel de Barros e é líder do grupo de pesquisa ‘Literaturas Na Interface Entre O Clássico e O Contemporâneo’, cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento científico e Tecnológico (CNPq) desde 2008. Seus estudos têm levado o nome de Mato Grosso a outros estados do Brasil e a países como o México, onde apresentou trabalho em 2017.

José Barnabé de Mesquita, escritor de maior versatilidade

José Barnabé de Mesquita (Diamantino – MT, 7 de março de 1855 – Cuiabá – MT, 22 de junho de 1961) é amplamente reconhecido como o escritor de maior versatilidade de sua época e um dos mais prolíficos literatos de Mato Grosso. Órfão na juventude, precisou trabalhar no comércio de Diamantino para se sustentar enquanto se dedicava aos estudos. Após mudar-se para Cuiabá, continuou sua formação no Liceu Salesiano São Gonçalo, concluindo o curso de Ciências e Letras em 1907. Com o objetivo de se formar advogado, partiu para o Sudeste e ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. Sua carreira literária foi multifacetada, transitando com maestria entre o jornalismo, a crônica, o conto, o romance e a poesia. A paixão pela escrita começou com a coluna Notas Paulistas, publicada no jornal O Comércio, sob a direção de Estevão de Mendonça. Influenciado pela filosofia europeia dos livres pensadores e do agnosticismo, embora de sólida formação católica, Barnabé se dedicou a diversas vertentes literárias e intelectuais. Com menos de 30 anos, tornou-se presidente do então Centro Mato-grossense de Letras, futura Academia Mato-grossense de Letras (AML), instituição da qual esteve à frente por 40 anos, de sua fundação em 1921 até sua morte em 1961. Sua contribuição para a literatura mato-grossense é imensurável, consolidando-o como uma das figuras mais influentes e prolíficas da história literária do estado.

João Moreira, autor de ‘Mato Grosso e Sua História’

O autor da célebre obra ‘Períodos Conturbados da Política Mato-grossense’, João Moreira de Barros (Cuiabá-MT, 3/03/1914 – Paranaíba – MS, 11/04/1987) concluiu o curso primário na Escola Modelo Barão de Melgaço, e secundário no Liceu Cuiabano. Deixou a Capital para ingressar na Faculdade de Direito de Niterói, onde graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1938. De volta a Mato Grosso, exerceu, anos mais tarde, o cargo de procurador-geral do Estado e ministro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Autor de diversos livros que abordam, principalmente a política e a história do Estado, ocupou a cadeira n° 34 da Academia Mato-grossense de Letras (AML). Assina, por exemplo, Mato Grosso e Sua História; O lado Pitoresco das Eleições, 1973; Aspectos da Revolução de 64 Vistos de um Canto de Jornal (1973); Cuiabá de hoje, 1984;  e Períodos Conturbados da Política Mato-grossense (1985). A produção estendeu-se ainda ao jornalismo, tendo o autor colaborado com vários jornais da Capital, dentre eles Tribuna Liberal, Diário de Cuiabá, O Estado de Mato Grosso e O Combate. Por sua participação na turma de aspirantes de 1942, foi condecorado com o título de Honra ao Mérito, concedido pelo Ministério do Exército. Faleceu na cidade de Paranaíba-MS, vítima de acidente automobilístico.

João Carlos, de ‘História do Divino Espírito Santo’

A carreira intelectual de João Carlos Vicente Ferreira (Santa Cecília do Pavão – PR, 1954) tem início ainda no Paraná, seu estado natal. Imerso no universo jornalístico, chega a Cuiabá em 1990, assumindo, na sequência, a direção do jornal O Estado de Mato Grosso. Considerado eminente personalidade da área cultural, tornou-se membro do Instituo Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT), sendo eleito presidente da instituição por quatro vezes. Foi ainda diretor cultural da Fundação Júlio Campos, além de ter idealizado e instituído o projeto Memória Viva, que visava recuperação, registro e divulgação da memória dos municípios mato-grossenses. São de sua autoria publicações como: Mato Grosso – Política Contemporânea, 1993; Do Índio ao Algodão – História de Campo Verde, 2011; História do Divino Espírito Santo, 2015; e Seo Fiote – Um Homem de Palavra, 2017. A reconhecida trajetória no setor o levou aos cargos de conselheiro do Conselho de Cultura do Estado, entre 2000 e 2003, secretário de Estado de Cultura, entre 2004 e 2008, presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, em 2007,  e diretor-executivo do site Portal MT, entre 2006 e 2016. Desde setembro de 2015 é editor e redator da revista mensal LUME MT.

Ivens Scaff, um doutor da linguagem poética cuiabana

Criado no bairro do Porto, entre partidas e chegadas de embarcações, Ivens Scaff (Cuiabá, 30/06/1951) deixou Mato Grosso ainda jovem, para estudar Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois que retorna à cidade natal, ingressa em cursos de pós-graduação em saúde, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Apesar da formação do autor, sua obra resguarda muita história, ouvida ou inventada. Além de médico, reconhecido e atuante, foi professor na UFMT, onde também ocupou o cargo de coordenador de Cultura, e na Universidade de Cuiabá (Unic). Foi também conselheiro de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT) e conselheiro editorial da revista Vôte! Pela atuação, foi premiado pelo Jornal do Dia e condecorado com Ordem do Mérito do Governo do Estado de Mato Grosso, Grau Cavaleiro. Ao todo Ivens publicou oito livros, sendo seis infanto-juvenis e dois de poesias. No primeiro caso, sagrou-se ao acrescentar modelos novos ao estilo; já no segundo, busca na linguagem poética o encontro com a identidade cultural da cuiabania. Dentre as obras, destacam-se Uma maneira simples de voar;  O menino órfão e o menino rei; Mil mangueiras e Kyvaverá.

Gervásio Leite, o Vavázio de Terra Agarrativa e Linda

Advogado, jornalista, deputado e escritor, Gervásio Leite (Cuiabá – MT, 19/06/1916 – Rio de Janeiro –RJ, 10/04/1990) introduziu, junto com o amigo Rubens de Mendonça, o modernismo em Mato Grosso. Sintonizado às necessidades de seu tempo, criticava o academicismo reinante, propondo novas formas de escrever, ler e estruturar o pensamento. Nascido em Cuiabá-MT, concluiu a graduação em direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1938. Anos mais tarde, de volta à Capital, antecipou a criação de um Estatuto da Criança e do Adolescente, fornecendo-lhe fundamentos. Assina livros como Obrigações, Oração do Jubileu e Roteiro de uma Personalidade, além de ter sido um dos mais importantes autores de educação do Estado. Neste contexto se destacam: Um Século de Instrução Pública (1970) e Aspecto Mato-grossense do Ensino Rural (1942). De espírito irreverente, Vavázio, como também era chamado, presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), a Academia Mato-Grossense de Letras (AML), fundou o jornal Estado de Mato Grosso, foi desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e professor fundador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 74 anos.