Almira Reuter: pintura em acetato com toques de aquarela

Criada entre Bahia e Minas Gerais, Almira Reuter de Miranda (Nanuque-MG, 1946) mudou-se para Mato Grosso na década de 1960, chegando primeiro a Cáceres e, em seguida, estabelecendo-se em Cuiabá. Em 1986, já na Capital, começou a pintar e, três anos depois, estreava no Festival de Inverno de Belo Horizonte (MG). Na década seguinte, integrou diversas edições do Salão Jovem Arte de Mato Grosso. No ano 2000 realizou uma exposição individual intitulada “Reminiscências de Cuyabá”, cujas telas inspiraram uma série temática de cartões telefônicos com tiragem de 15 mil reproduções. Autodidata, não possui estudo formal sobre pintura. Seu trabalho, classificado como expressionista, tem como base a pintura sobre acetato, remetendo a aquarelas sobre tecido. Outras técnicas e materiais também já foram utilizados pela artista em diferentes fases, como saco de estopa, seda, chitão, filó, barbante, aço, papel, metal e barro. Como resultado destes experimentos, tornou-se uma das pintoras mais premiadas do Estado, realizando exposições Brasil afora e em outros países, como Inglaterra e Estados Unidos. Atualmente, mora em Salvador (BA) e aposta em novos métodos com a pintura digital.
Aleixo Cortez: fauna e elementos sacros

Integrante da terceira geração de artistas plásticos do Estado, o artista plástico Aleixo Cortez (Poconé-MT, 1965) passa a frequentar o Ateliê Livre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, em 1982, aos 17 anos. Lá, é orientado por Dalva de Barros e Nilson Pimenta. De traço surrealista, inspirado principalmente por Salvador Dalí, mistura temáticas universais a elementos tipicamente pantaneiros, como tuiuiús e peixes. Conhecido por fabricar os próprios bastidores, integra a terceira geração de artistas plásticos do Estado, tendo participado de diversas exposições coletivas do Museu de Arte e de Cultura Popular da (MACP/UFMT) e do III Salão Paulista de Arte Contemporânea em São Paulo, em 1990. No início dos anos 2000 foi premiado no Salão de Pequenos Formatos e o 5º colocado no Salão Livre da Associação Cuiabana Belas-Artes. Embora seja dono de vastíssima produção, Aleixo não possui nada catalogado. Sua obra, marcada pela constante representação da fauna local, dialoga também com o mato, os bichos, as águas e o homem. Interage ainda, eventualmente, com elementos sacros, condensando um imaginário rico e colorido, caracterizado cromaticamente pelo uso das cores azul e vermelha.
Alcides Pereira: livre inventor de formas

Fixando residência em Rondonópolis, Alcides Pereira dos Santos (Rui Barbosa – BA, 1932 – São Paulo- SP, 2007) chega a Mato Grosso em 1950, fixando residência em Rondonópolis. Aos 18 anos muda-se para Cuiabá, onde desenvolve diversas atividades manuais. Pintor, barbeiro, sapateiro e pedreiro, começa a expressar-se artisticamente nos anos de 1970, quando passa a frequentar o Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso. A partir daí participa de uma série de exposições coletivas e realiza outras individuais, como em 1973, no atelier de Augusto Rodrigues, Rio de Janeiro (RJ), e em 2007 na Galeria Estação, em São Paulo (SP), além de diversas outras cidades do Brasil. Possui ainda acervo no Museu Afrobrasil (SP), Museu de Arte de Goiânia (GO) e no Museu de Arte Popular do Centro Cultural de São Francisco, em João Pessoa (PB). Representante do estilo naif, o artista leva para as telas a desconstrução na medida em que os meios de criação tornam-se fins, fazendo com que sua imagem produza um mimetismo que destrói o modelo, ao invés de preservá-lo. Na década de 1990 passa a viver em São Paulo (SP), onde falece em 2009. Alcides é considerado um inventor de formas e um dos mais importantes pintores primitivos brasileiros.
Roberto Lucialdo: o ‘Rei do Rasqueado cuiabano’

Escutar o violino do avô Romeu e as músicas da “Banda do Inácio eram como promessa de fé. Com 15 anos, Lucialdo já dedilhava bem o violão, mas também aprendeu a tocar guitarra ao som das lições do professor Neurozito, época que foi escoteiro. Iniciou a carreira artística no Sesc. Tornou-se cantor, compositor e quando ninguém acreditava no rasqueado cuiabano, hasteou essa bandeira de luta sempre reverenciando a nossa cultura em suas letras com o vozeirão inigualável. É reconhecido como o ‘Rei do Rasqueado’. É um dos pioneiros em levar o rasqueado a tocar nas rádios como a música “Caximbocó, Cuiabá Cuiabá”, que foi a vencedora do concurso “A Música Cara de Cuiabá”, promovido pela TV Centro América. Várias composições foram feitas ao lado do grande companheiro e músico Dílson de Oliveira, além de poder contar com as amigas Vera e Zuleika em eventos tradicionais da cidade. Atuou como ator da novela Ana Raio e Zé Trovão, exibida pela TV Manchete mostrando a força do rasqueado da nossa terra. Como produtor, descobriu grandes talentos cuiabanos como Pescuma, Henrique e Claudinho, Gilmar Fonseca, João Eloy, Juarez Silva, Monize Costa entre outros. Foi vencedor do concurso “A música de Mato Grosso”, promovido na época pelo governo do Estado, com a música “Hêi Mato Grosso”.
Sandro Lucose: versatilidade da arte e da sustentabilidade

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO/UFMT) desde 2018, é graduado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), concluído em 2000. Destaca-se no cenário teatral de Mato Grosso como diretor artístico da Cia. Teatro Mosaico, cargo que ocupa desde sua fundação em 1995. Sua trajetória profissional abrange atuações em renomados filmes, como Loop, de Bruno Bini; O Anel de Eva, de Duflair Barradas; Cidade Invisível, de Thiago Forest; Dois Bois, de Perseu Azul; Ao Sul de Setembro, de Amauri Tangará; e Nó de Rosas, de Glória Albuês. Na televisão, participou de produções da TV Globo e TV Senac, além de filmes publicitários variados. Atualmente, dedica-se à criação de vídeos institucionais voltados para a educação ambiental, alinhando sua atuação artística a iniciativas de proteção e preservação do Pantanal. No teatro, encenou clássicos como Anjo Negro, de Nelson Rodrigues; Peer Gynt, de Henrik Ibsen; Muito Barulho por Nada e Romeu e Julieta, de William Shakespeare; A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado; e Auto da Estrela Guia. Sua carreira é marcada pela versatilidade e pelo compromisso com a cultura e o meio ambiente.
Péricles Anarcos: um defensor convicto dos ideais anarquistas

De Curitiba (PR), Péricles Anarckos chegou à capital de Mato Grosso com 10 anos. Nos pátios da Escola Técnica Federal, formou-se artista pelo método Ânima. Depois disso, em 1998, criou o grupo Teatro Fúria, que vem desenvolvendo os mais diversos trabalhos, com as mais variadas linguagens, intervenções humanas, teatro de rua, performances e outros artefatos teatrais. O grupo atualmente conta com cinco componentes, oito peças montadas e mais de 300 apresentações em mais de 40 cidades de 17 estados do país, com participações destacadas nos festivais de Teatro de Curitiba (2001, 2006, 2007), no de Londrina – FILO (2001) e no projeto Palco Giratório do Sesc Nacional (2003). Ao currículo, incluem-se ainda projetos sociais e campanhas institucionais. Adepto da anarquia, o fundador rejeita os “ismos” misturando paixão de infância e desencanto com a classe artística. Nestes mais 20 anos à frente do Fúria, coleciona alguns desejos de pesquisas, a saber: a dramaturgia bilíngue; a encenação em Libras; o trabalho com pantomima e especialmente, no plano da dramaturgia, as possibilidades de situações teatrais envolvendo como personagens um par de irmãos siameses.