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Histórias que rolaram com divisão de Mato Grosso

Fizemos ontem um breve relato da divisão de Mato Grosso e a consequente criação do Estado de Mato Grosso do Sul, no dia 12/10/77. Paramos a história na data da assinatura da Lei Complementar nº 31, e na festa que o Sul fez e no velório que o Norte assistiu em Brasília.  A divisão de Mato Grosso foi muito mais do que uma decisão geopolítica do governo militar. Foi uma manobra de interesses pessoais, de interesses de grupos econômicos e de grupos políticos, fora algumas vaidades de membros do governo federal encastelados no Palácio do Planalto agindo na sombra do inflexível presidente Ernesto Geisel.  Mas houve também alguns interesses em relação à região de mineração, de madeiras nobres, por políticos do Sul e do Norte, sobre o Estado de Mato Grosso. Para ser realmente sincero, ao lado da divisão pretende-se um loteamento de Mato Grosso para alguns figurões de Brasília e alguns daqui e outros do Sul. Felizmente a austeridade do governador Frederico Campos que viria governar Mato Grosso e, a incompetência prática daqueles interessados no loteamento do Estado, Mato Grosso cresceu mais depressa que a ambição deles e tudo ficou só na ganância. Mas que a divisão foi planejada do que terminou acontecendo, isso foi.  Só nega quem não conviveu com o processo na sua intimidade.

O ex-governador Pedro Pedrossian que governara Mato Grosso entre 1968 e 1971, ainda mantinha em Cuiabá um clero de seguidores que foram de uma ou de outra forma cooptados a favor da divisão e agiam aqui no sentido daquele ex-governador continuar influenciando em Mato Grosso a ponto de manter o poder e com isso preservar aqui um feudo de influências comuns aos dois Estados.

Isso é tão verdadeiro que o senador Benedito Canellas, eleito por Mato Grosso em 1978, na primeira eleição pós-divisão, permaneceu mais tempo em Mato Grosso do Sul ao lado do governador Pedro Pedrossian (que assumiu no lugar do primeiro governador :nomeado, Harry Amorim, demitido pelo presidente Figueiredo), e mais de uma vez afirmou-se “senador dos dois estados”.  Sua ausência de Mato Grosso em favor interesses de Mato Grosso ,custou-lhe a carreira política.

Ontem, por erro e revisão saiu como 1/7/79 a efetiva separação dos dois Estados.  A data correta é 1/1/79. Mato Grosso restou com uma pesada máquina administrativa e Mato Grosso do Sul começou vida nova do zero, sem problemas, sem vícios de pessoal e nem dívidas.  Aliás, as dívidas anteriores de Mato Grosso só foram encampadas pelo governo federal a duríssima penas e a custa de dezenas de viagens do governador Frederico Campos a Brasília.

Mas gostaria de recordar que, apesar das intenções que cercaram a divisão nas sombras dos interesses escassos, muita coisa boa rolou por conta das imensas potencialidades do Estado de Mato Grosso.

Se a separação do Sul não tivesse ocorrido, teria sido bem provável que a bancada congressista eleita em 1978 tivesse transferido a capital de Cuiabá para Campo Grande.  Se isso tivesse ocorrido, Mato Grosso seria hoje o grande sertão que já fora. Os investimentos seriam aplicados somente no Sul, a força política do Estado ficaria com centrada lá e o rancor sulista contra os nortistas certamente constrangeria, uma ação política eficaz a favor do Norte. Nesse aspecto a divisão prestou um serviço imediato.  Noutros, a primeira sensação dos nortistas foi a de desolação e de mergulho no caos. Cuiabá ficaria jogada às traças, diziam todos. Como o apoio consagrado na Lei Complementar no 31, que previa Cr$ 1.700 milhões de ajuda federal por mês para custeio da administração, (Mato Grosso do Sul teve somente Cr$ 300 mil), Mato Grosso se firmou rapidamente e os 38 municípios existentes, naquele primeiro ano da divisão em 1979, pulou para 56 e hoje são 95, enquanto Mato Grosso do Sul, que tinha 56 municípios ainda não chegou aos 70.  Proporcionalmente o Norte cresceu mais que o Sul em todos os setores, mesmo amargando distâncias maiores e custos mais altos para manter a sua produção econômica.

Rivalidades à parte, mesmo porque elas já estão quase esquecidas, a divisão terminou sendo ótima para Mato Grosso, e o presidente Geisel se revelou certo na decisão, apesar de’todos os riscos e de algumas péssimas intenções que existiram ao longo da idéia até a concretização do fato.

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