O pioneirismo das artes plásticas em Cuiabá

Francisco Xavier de Oliveira, pioneiro da arte em Mato Grosso, é uma figura cujas contribuições são tão significativas quanto misteriosas. Nascido em 1710, chegou a Cuiabá em 1751, a convite do primeiro governador da Capitania de Mato Grosso, dom Antônio Rolim de Moura Tavares, o conde de Azambuja. Durante 34 anos, ele testemunhou e registrou artisticamente o desenvolvimento de uma das regiões mais remotas do Brasil colonial, tornando-se o primeiro artista de que se tem notícia em terras mato-grossenses.

Destacou-se como desenhador-cartográfico, profissão que unia ciência e arte em tempos em que mapas eram tão valiosos quanto tratados literários. Sua habilidade se estendia à pintura, especialmente a óleo. É provável que, além de trabalhar como cartógrafo, tenha produzido retratos de capitães-generais, consolidando sua relevância histórica. Embora algumas obras possam ter vindo de Portugal ou Rio de Janeiro, há indícios de que ele tenha retratado governadores até os tempos de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, reforçando sua importância.

Uma de suas notáveis criações, preservada na Casa da Ínsua, em Portugal (em destaque), é “a carta onde se faz ver a corrente dos rios Guaporé e Mamoré” (1774-1775), exemplo de sua precisão técnica e retrato dos desafios de navegação do século XVIII. Xavier viveu em um tempo em que criatividade e conhecimento técnico se entrelaçavam, e seu legado transcende o tempo, registrando a paisagem, história e identidade de Mato Grosso como um espaço de encontro entre cultura e poder.

O pioneirismo das artes plásticas em Cuiabá