Hoje é domingo e dia para amenidades. A semana inteira nos debruçamos sobre a dura realidade da política, da economia e da administração do Estado, entre outro temos que abordamos aqui.
Vamos nos permitir falar em causa própria. Mineiro diz que “coruja que gaba o próprio toco é cego”. Sem querer perder a visão gostaria de fazer uma avaliação do aspecto da integração de Mato Grosso pela comunicação, e aí entra a história da coruja.
Desde que começou a ocupação de colonos nas regiões novas do Vale do Araguaia e do Nortão, e mais tarde, do vale do Guaporé, a falta de comunicação dessas regiões com Cuiabá e vice-versa tem crescido. Mais recentemente o surgimento das antenas parabólicas que captam imagem das televisões Globo, Manchete, Bandeirantes, SBT e Educativa, diretamente do satélite, distanciou muito mais Mato Grosso de Mato Grosso. O colono sulista, por exemplo, que ainda não se arraigou em Mato Grosso, deixa à distância essa chance, mantém seu vínculo com os grandes centros de onde transitem as emissoras de televisão, e tem este Estado apenas como um Estado-dormitório. Ou seja, fica por aqui até o tempo melhorar esperando a hora de voltar para’ suas origens. Isso é grave como fato econômico e sociológico.
As limitações físicas das grandes distâncias impossibilitam a plena agilidade da comunicação da massa, num mundo movido a informações como o atual.
Pensando nesse distanciamento de Mato Grosso consigo mesmo, venho desde março experimentando uma tentativa que, afinal, se consolidou no início deste mês: suprir parte da deficiência de informações e da comunicação usando o rádio.
O projeto seria integrar o maior número possível de emissoras de rádio em uma rede centralizada em Cuiabá, para irradiar informações para o público ouvinte de rádio em todas as regiões de Mato Grosso, e de retorno, obter informações para serem espargidas pela mesma rede. Foi preciso viajar por todas as cidades onde existem emissoras de rádio. O rádio e de todos os veículos de comunicação, talvez, o mais sofrido, e o mais imediatamente útil à população.
Terminamos por juntar 2 emissoras numa rede à qual demos o nome de Sistema 2000 de Rádio, que produz um jornal diário, moderno, ágil e dirigido exatamente para suprir as informações da capital e do Estado no interior. O “Mato Grosso Ponta a Ponta”, é o jornal lido por um jornal casal de locutores e produzido por uma dúzia de bons profissionais. O sentido é regional e o propósito é remendar o que a televisão descostura com suas antenas parabólicas em todos os 95 municípios de Mato Grosso. O rádio, na opinião do experiente radialista cuiabano, Eugênio de Carvalho, foi o veículo que moldou a nacionalidade brasileira a partir das décadas de 40, 50 e 60. Em Mato Grosso cabe-lhe ainda este papel.
O “Mato Grosso Ponta a Ponta” tem trazido problemas e probleminhas de regiões distantes como Juara para todo o restante do Estado na voz do médico Walter Galvão, dono da Rádio Tucunaré, que se faz de repórter e noticia sua Juara para Mato Grosso inteiro. Ou, Alta Floresta que prega na rede problemas do município, desconhecidos fora dali. Esse papel do rádio é insubstituível neste instante em Mato Grosso. De outro lado estamos comercializando para essas emissoras que vem, às vezes no limite financeiro em comunidades pequenas.
Em Cuiabá, duas emissoras estão transmitindo o “Mato Grosso Ponta a Ponta”, a pioneira Rádio A Voz do Oeste(MT) e Rádio Atividade(FM), a primeira diariamente de 7 às 8 horas e a segunda das 5h30,às 6h30.
O resultado está sendo retumbante, para usar uma palavra antiga do velho rádio de Eugênio de Carvalho, dos tempos em que o Repórter Esso fazia mais sucesso que o atual Jornal Nacional.
Espero não tê-lo chateado neste domingo falando só no Sistema 2000 de Radio. Afinal como projeto nosso, não poderia imitar a coruja que fala bem do próprio toco, mas acho que todos compreendemos que não se pode viver isolado num mundo atual. Todos temos o direito à informação, não importa se ele vem pela televisão, pelo jornal, pelo rádio ou pela revista.
Mas se você quiser amanhã, começar o dia com a sensação de estar com os pés plantados nesse gigante que é o nosso Estado de Mato Grosso, em todos os seus quadrantes, ouça o “Mato Grosso Ponta a Ponta” e vibre com o seu jingle: “nós somos a voz do rádio, informando sem parar. Mato Grosso Ponta a Ponta está entrando no ar”.
Ou você conhece alguém que não tenha rádio?