Memorial Ulisses Guimarães

O Memorial Ulisses Guimarães, localizado na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (popularmente conhecida como Avenida do CPA), é um marco de grande simbolismo em Cuiabá. Inaugurado em 1993 durante a gestão do prefeito Dante de Oliveira, o memorial destaca-se por seu imponente obelisco inclinado em direção ao Norte, que sustenta na ponta uma águia em pleno voo. Concebida pelo artista Nikos Vlavianos, a escultura representa o espírito de liberdade e a esperança de um futuro promissor, apontando diretamente para o Palácio Paiaguás, sede do governo estadual, como uma evocação da autonomia dos estados em promover políticas democráticas. Dedicado a Ulisses Guimarães, a homenagem celebra a vida e o legado de um dos maiores líderes políticos do Brasil. Morto tragicamente em um acidente aéreo em 1992, Ulisses foi uma figura central na luta contra a ditadura militar, um incansável defensor do voto popular e um dos principais articuladores da Constituição de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”. Sua trajetória inspira valores como liberdade, democracia e justiça social. A escolha de erigir esse monumento em Cuiabá também reflete uma conexão direta com Dante de Oliveira, deputado cuiabano que marcou a história do país ao propor a Emenda Constitucional que visava a realização de Eleições Diretas, culminando no emblemático movimento das Diretas Já. Assim, o memorial não apenas presta tributo a um grande estadista, mas também celebra a luta democrática como um elo entre Ulisses Guimarães e Dante de Oliveira, dois gigantes da política brasileira.
Monumento Mãe Bonifácia

Ainda na época da escravidão, no final do século XIX, surgiu em Cuiabá uma mulher negra, por nome Bonifácia, que se transformou em figura lendária ao proteger e acobertar os escravos fugitivos, vítimas dos capitães da época. Era alforriada, curandeira e controlava o acesso aos quilombos. Pesquisadores e historiadores, contudo, apontam que a trajetória desta personagem ainda é uma incógnita, dado à inexistência de registros sobre a sua vida. A maior parte do que se sabe foi passada de geração em geração de forma superficial, ou seja, sem fonte documental. Segundo relatos, a escrava alforriada viveu nas imediações do parque que leva o seu nome, mais precisamente na Avenida Lavapés. Ao longo do tempo, descobriu-se que, além de salvar escravos da perseguição, ela curava os doentes fazendo uso de plantas medicinais. Na estátua, inspirada pelo artista Jonas Correa, é possível ver o retrato de Mãe Bonifácia em pé com um cajado possivelmente para representar o auxílio à locomoção devido a idade avançada. Aos seus pés, o homem caído exausto pela fuga na mata olha em sua direção com o braço segurando a sua mão como pedido de socorro e, prontamente, Bonifácia lhe concede a bênção. O monumento foi inaugurado no ano 2000, edificado na avenida Miguel Sutil.
Estátua dos Bandeirantes

Localizado na Avenida Coronel Escolástico, no histórico bairro Bandeirantes, o monumento simboliza a essência multifacetada da formação de Cuiabá, homenageando três figuras emblemáticas que moldaram a construção da cidade e a identidade cultural de seu povo: o bandeirante, o negro escravizado e o indígena nativo. Erguida em 1969 para celebrar os 250 anos da fundação da capital mato-grossense, a obra é um marco que convida à reflexão sobre a confluência de histórias, dores e conquistas que deram origem à Cuiabá contemporânea. Cada figura retratada no monumento carrega um significado profundo. O bandeirante simboliza os desbravadores que, movidos pela busca de ouro e terras, chegaram à região, estabelecendo os primeiros assentamentos. O negro escravizado, representando a força e o sofrimento daqueles que, em condições de extrema opressão, contribuíram decisivamente para erguer a infraestrutura da cidade. Já o indígena nativo, guardião ancestral das terras, recorda a conexão espiritual e cultural com o território, mesmo diante dos desafios impostos pela colonização. Este monumento, além de ser uma obra de arte, é uma crônica visual da história cuiabana, uma narrativa silenciosa que perpetua as memórias e os contrastes de sua formação. Ele se ergue não apenas como uma celebração dos 250 anos de Cuiabá, mas também como um convite ao diálogo sobre sua herança cultural e a construção de sua identidade.
Monumento Maria Taquara

Há aproximadamente 30 anos Cuiabá ganhava a escultura de uma das personagens femininas mais inesquecíveis de sua história. Pelas mãos do artista plástico Haroldo Tenuta, Maria Taquara, representada em bronze, era fixada na praça que leva seu nome, no centro da Capital. Pesquisadores divergem quanto à origem do apelido da lavadeira. Uma das teorias o relaciona à sua altura e magreza. Famosa por desafiar os padrões sociais da época, Maria Taquara foi, possivelmente, a primeira mulher a usar uma calça comprida em Cuiabá. Embora sua história seja incerta, relatos dão conta de que, para além da rotina de lavar roupas, era também motivo da punição de soldados do 16º Batalhão de Caçadores, que pulavam o muro do quartel para encontrar com a mulher num barracão aos fundos. Francisco das Chagas, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, narra um curioso episódio envolvendo Maria. Segundo ele, Maria, como era costume entre as mulheres da época, usava saias até que, em um dia de forte vendaval, foi surpreendida pelos ventos que ergueram sua saia, expondo o que estava por baixo. Um cuiabano, prontamente, veio em seu auxílio e lhe ofereceu uma calça para vestir, livrando-a do constrangimento. A partir daquele dia, Maria abandonou as saias e adotou as calças como traje permanente, uma escolha que desafiava as convenções de seu tempo e que acabou imortalizada como parte de sua história. Seu nome também pode estar associado ao local onde residiu antes de se estabelecer em Cuiabá, um pequeno vilarejo chamado Taquaral. Entre as décadas de 30 e 40, sua família, oriunda da zona rural de Nossa Senhora do Livramento. Quando o pai morreu, a mãe se mudou com ela e uma irmã para Cuiabá, mas não se adaptaram à cidade. Maria Taquara, contudo, começou a construir um casebre de pau a pique com dois cômodos e resolveu ficar na capital, sozinha. Foi restaurada por Fred Fogaça em 2009 e, mais recentemente, em 2019.
Chafariz do Mundéu

O Chafariz foi construído em 1871 para serventia pública, por ordem do presidente da província Dr. Francisco José Cardoso Júnior. Era alimentado por um aqueduto que para ele canalizava a água de um reservatório que nasce nas cercanias da Santa Casa de Misericórdia, captando os filetes das nascentes do Córrego “Maranhão” e, constituindo assim, umas das mais antigas fontes de abastecimento de água de Cuiabá. Até 1910 forneceu água à população do bairro e, assim como outros chafarizes que já existiam pela cidade servia como equipamento urbano importante, uma vez que apresentam a função de lazer para as famílias cuiabanas ao mesmo tempo em que expressava complexidades da sociedade escravista da época. Isso porque, permitia o encontro de classes, criando um espaço de construção da identidade local. Localizado na Praça Bispo José Antônio dos Reis, na Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), o chafariz do Mundéu tornou-se, ao longo do tempo, depósito de equipamentos de funcionários públicos que dão manutenção aos jardins nas imediações. Em 2019, contudo, passou por um processo de revitalização, que manteve as suas características originais.
O marco geodésico da América do Sul

Sob as coordenadas 15° 35 ’56”,80 de latitude sul e 056° 06′ 05 “,55 de longitude oeste, situa-se o Centro Geodésico da América do Sul, em Cuiabá. O ponto recebeu seu Marco Simbólico em 1909, por determinação de Marechal Cândido Rondon, responsável pelos cálculos que apontavam para a centralidade do local. Embora os números tenham sido contestados à época, foram confirmados posteriormente pelo Exército Brasileiro. Originalmente concebido em alvenaria, pelas mãos do artesão Júlio Caetano, o Marco Simbólico resguardava inscrições com as informações geográficas do local. Anos mais tarde, sobre a obra original, foi erguido um Obelisco de aproximadamente 20 metros de altura, revestido em mármore branco. A primeira obra foi preservada e ainda pode ser vista por meio da estrutura de vidro que a protege. O obelisco está localizado na Praça Pascoal Moreira Cabral, que, ao longo dos Séculos foi conhecida como Largo da Forca e Campo d’Ourique. Ali, eram castigados os escravos, além de realizadas touradas. Após inúmeras transformações, o cenário deu espaço a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso em 1972 e hoje abriga a Câmara Municipal de Cuiabá.