Alzira Soriano: A história de bravura política da primeira prefeita eleita no Brasil

Em 1928, Bertha Lutz, figura central do movimento feminista no Brasil, visitou o Rio Grande do Norte, estado pioneiro na conquista do voto feminino, para dialogar com o governador Juvenal Lamartine sobre candidaturas femininas. Durante um almoço na Fazenda Primavera, Lutz encontrou Alzira Soriano, uma mulher determinada, nascida em Jardim de Angicos e marcada por tragédias familiares e desafios pessoais. Alzira, filha do coronel Miguel de Vasconcellos, ficou viúva aos 22 anos, assumindo a gestão da propriedade da família. Seu envolvimento com a política veio desde jovem, ao apoiar a campanha do pai, além de acompanhar as primeiras vitórias femininas no estado, como a conquista do título de eleitora por Celina Guimarães. Convencida por Lutz, Alzira lançou sua candidatura a prefeita de Lajes, enfrentando resistência feroz e ataques machistas. Apesar disso, foi eleita com 60% dos votos, tornando-se a primeira mulher a governar uma cidade brasileira. Em entrevista ao jornal “O Paiz”, destacou sua paixão pela política e a vontade de desbravar novos horizontes para as mulheres de sua época.
117 anos do primeiro voo: um marco na história da aviação brasileira”

Em 23 de outubro de 1906, Alberto Santos Dumont fez história ao decolar com o 14 Bis, um marco na aviação. Sua morte, em 1932, comoveu o Brasil e foi noticiada com pesar em todo o país. O jornal “Folha de São Paulo” publicou um telegrama anunciando o falecimento, destacando o impacto do inventor no cenário nacional, apesar da agitação política da época, com a campanha constitucionalista ganhando força. Santos Dumont, nascido em 20 de julho de 1873, no município de João Gomes, Minas Gerais, foi pioneiro na aviação, com destaque para suas inovações como o aerostato “Brasil” e o balão “Santos Dumont n. 6”. Sua busca por melhorar a aviação levou-o a criar o primeiro avião a realizar um voo público bem-sucedido, o 14 Bis, em 1906, marcando um avanço significativo na história da aviação. Em seus últimos anos, Santos Dumont se envolveu ativamente nas questões políticas do Brasil. Em 14 de julho de 1932, ele enviou uma mensagem de apoio à ordem constitucional do país, demonstrando seu patriotismo e preocupação com o futuro do Brasil. Após sua morte, o corpo de Santos Dumont foi levado a São Paulo e exposto na Avenida Paulista, onde recebeu honras de chefe de Estado. O governo paulista decidiu prestá-las a ele, com o corpo sendo enterrado na Catedral de São Paulo antes de ser transferido para o Rio de Janeiro, onde descansaria em seu jazigo perpétuo.
Golpe de Estado derruba Goulart da presidência

O golpe militar de 1964 no Brasil resultou na deposição do presidente João Goulart, marcando o fim da Quarta República e o início da ditadura militar, que duraria até 1985. Em 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, proclamou contra Goulart e a “ameaça comunista”, recebendo apoio de outros comandantes militares. Setores civis, partidos como o PSD e UDN, e governadores como Carlos Lacerda e Adhemar de Barros também participaram da conspiração. Após a queda de Goulart, em 48 horas, o Congresso elegeu o general Humberto de Castelo Branco presidente. O regime militar adotou atos institucionais para neutralizar a oposição, com a repressão crescendo em 1968, quando manifestações e greves foram duramente reprimidas. O deputado Márcio Moreira Alves provocou o regime, levando à edição do AI-5 em 13 de dezembro de 1968, que fechou o Congresso e ampliou os poderes do presidente, permitindo a censura, prisões e cassações em massa. Em 1969, o general Emílio Garrastazu Médici assumiu o poder e aprofundou a repressão política. Durante os anos de chumbo, ao menos 144 pessoas desapareceram, 240 foram mortas pelo regime e 98 por grupos de esquerda. O AI-5 foi revogado apenas em 1978. (O texto acima foi adaptado em publicação da Folha de S.Paulo do dia 30 de dezembro de 1999)
Entenda o conflito no Oriente Médio: Israel, Hamas, Palestina

O conflito entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. Em diferentes momentos, guerras e ocupações, eles foram expulsos, retomaram terras, ampliaram e as perderam. De acordo com o professor de direito e de Relações Internacionais Danilo Porfírio Vieira (pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre a “Irmandade Muçulmana”, organização que acabou gerando, na Palestina, o Hamas), desde o século 19, a comunidade judaica, principalmente na Europa, começou a se mobilizar em torno de uma ideia de nacionalidade e do retorno ao que considera seu território “bíblico”, perdido durante o Império Romano. Quando o Império Otomano perdeu a 1ª Guerra, aquela região do Oriente Médio foi dividida entre franceses e britânicos. A região do Líbano e da Síria ficou sob controle da França e, regiões como Kuwait, Iraque, Jordânia e Palestina, sob colonização britânica. Nesse período, ganhou força entre os judeus refugiados pelo mundo a ideia de retornar à Palestina para criar um estado judaico. [blockquote align=”none” author=”DANILO PORFÍRIO VIEIRA”]“O projeto inicial era a compra de territórios de propriedades dentro de uma região que estava, desde a década de 1920, sob controle do Império britânico (Mandato Britânico da Palestina)”[/blockquote] Na 2ª Guerra Mundial, com o Holocausto, a comunidade internacional voltou a discutir a ideia de um estado que abrigaria o povo judeu. Após o nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), o Estado de Israel foi criado. Isso se deu com o apoio dos norte-americanos e até mesmo do Brasil. Representantes internacionais também defendiam a criação do Estado Palestino. Durante as negociações, o litoral setentrional ficou sob controle dos israelenses e, o meridional, dos palestinos. A região interiorana ao sul da Palestina foi para os israelenses. Por seu caráter histórico e por ser sagrada pra árabes, judeus e cristãos, Jerusalém iria se tornar uma cidade autônoma, dentro da Palestina e sob o jugo dos britânicos. Israel vence guerrasDiante de diversos impasses, houve a Guerra da Independência, em 1948, vencida por Israel com apoio principalmente dos norte-americanos. A tensão não reduziu. Israel passou a controlar 75% do território. O êxodo de palestinos se intensificou e milhões permanecem refugiados em outros países. Na segunda metade do século 20, outras guerras com nações vizinhas àquela região, como Egito, Síria, Jordânia, Líbia, a chamada União Árabe, deram mais força para Israel, que ganharia o status e potência bélica. Entre as vitórias, a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de junho de 1967), quando Israel enfrentou e sufocou os vizinhos. Seis anos depois, em 1973, houve a Guerra do Yom Kippur, do Egito e Síria contra Israel. As conquistas territoriais de Israel em meio a guerras duplicaram o seu território. Mas deixou marcas. Por isso, os povos palestinos reivindicam o seu estado independente e autonomia. Em 1993, houve um novo acordo (Oslo) entre israelenses e palestinos, com mediação americana e europeia, no qual ficou acertado o reconhecimento da Autoridade Palestina. HamasEm 1987, um grupo político palestino ligado ao movimento político islâmico sunita, chamado “Irmandade Muçulmana”, gerou o movimento Hamas. Esse grupo não aceita a presença dos judeus e israelitas naquela região, tanto que o Hamas defendeu a aniquilação do estado de Israel nos anos 2000. O Hamas, inclusive, deu um golpe na Autoridade Palestina e passou a controlar a Faixa de Gaza, um território de pouco mais de 360 km quadrados superpopuloso com mais de 2,6 milhões de habitantes. Por isso, a Autoridade Palestina não alcança Gaza. Outro território palestino, a Cisjordânia, está sob o controle do partido Fatah, com regiões ocupadas por colonos israelenses e controle militar do governo de Israel.