Mas, sobretudo, ele deve servir para uma revisão do planejamento estratégico do Estado, como também da região Centro-Oeste.
Pela própria decadência 6 capacidades de investimentos dos governos estaduais e da falta de recursos federais para programas de desenvolvimento, os setores de planejamento foram desativados. O próprio Governo de Mato Grosso, que de 1966 em diante importou e formou uma equipe de jovens técnicos especializados em planejamento, está virtualmente desativado. O planejamento estratégico de Mato Grosso opera hoje no varejo. Se o planejamento governamental perdeu a expressão, perdeu também as informações sobre o fluxo dos encaminhamentos da política, da sociologia, da economia e da ação estratégica. Não havendo informações estratégicas, a rigor, não existe governo. Governo é uma atividade ampla e espectral.
Na esteira da ausência de conhecimento das realidades existentes e das realidades emergentes, a política vai junto. Defasada e antiga.
Hoje é lamentável ouvir plataformas políticas baseadas em antigas ideologias assentadas no Bem e no Mal. Compromissos da juventude de governantes ou de políticos mal-informados podem produzir monstros travestidos de dirigentes públicos. O quadro de hoje é assustador. Tanto no país quanto nos estados. Em Mato Grosso as coisas avançam fora de controle.
Exemplo: regiões do Médio Norte com municípios do tipo Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso, Tapurá, Tangará da Serra, Diamantino, Campo Novo do Parecis; do Leste, como Campo Verde, Primavera, estão atuando fora do figurino da política tradicional. Lá se elegem prefeitos oriundos da economia, para administrar a política no sentido de fazer desenvolver a economia. A tradição sempre praticou o contrário.
Esses municípios e outros como Rondonópolis, Pedra Preta, Itiquira, Alto Garças, Alto Araguaia, e mais um sem número de outros, estão produzindo uma distribuição de renda municipal maior do que a que o governo estadual consegue aplicar na região. Logo, esses municípios são pagadores de impostos e cobradores de atitudes dos políticos e dos governantes. A visão é gravemente moderna em termos de relações da sociedade com o Estado.
Essa força conjunta tem vindo do interior na direção do poder político central. A cada eleição se aproxima mais. Há dois governos atrás não se imaginava um secretário de governo gaúcho, por exemplo. Hoje a força econômica da periferia não política tem o prestígio de inviabilizar ou de viabilizar projetos políticos muitos maiores do que a simples disputa de uma secretaria no governo.
Este dilema está presente na política atual. O poder economia começa a dominar o poder político. E os donos do poder econômico não são os mesmos donos do poder político tradicional. Há um choque iminente. A vista. Se os candidatos a governantes na próxima eleição não se inteirarem dos anseios da coletividade municipal, de entidades representativas como as federações, associações diversas, vão por água abaixo.
Os discursos com programas de governo fabricados em gabinetes baseados em discursos ideológicos ou em informações superadas, vão passar vergonha.
Quem duvidar disso procure conhecer projetos como Mercosul, da integração com o Pacífico, a ferrovia para 15 milhões de toneladas anuais, os programas agroindustriais que estão nascendo no Médio Norte e no Leste, o avanço das lavouras de soja de alta tecnologia em diversas regiões do estado.
A pergunta que fica para encerrar esses três artigos, não é minha. Ela é fruto de longas e longas conversas: Temos planejadores e políticos capazes de compreenderem e de administrarem uma realidade dessas?