O mapa geomorfológico da região de Cuiabá, escala 1:100 000, integra o Sistema de Informações Geoambientais (SIG-Cuiabá), um programa do Ministério das Minas e Energia, executado pelo Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM, Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estado de Mato Grosso SICME e Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT.
Tem como objetivo principal subsidiar as ações de planejamento e gestão ambiental do aglomerado urbano de Cuiabá. Foi elaborado de maneira a permitir a interpretação dos processos geomorfológicos operante na 2 área, subsidiando a definição e avaliação das unidades geoambientais, e orientando a forma mais adequada de uso e ocupação do solo.
GEOLOGIA
A cidade de Cuiabá encontra-se em uma região de rochas metamórficas de baixo grau, datadas do pré-cambriano, onde predominam filitos e micaxistos. Subordinadamente aparecem quartzitos, metagrauvacas, calcários e metaglomerados, além de veios de quartzo auríferos. Este conjunto de rochas designa-se “Grupo Cuiabá”.
GEOMORFOLOGIA
Situa-se na província geomorfológica denominada Baixada Cuiabana. Esta consiste numa peneplanície de erosão, onde predominam relevos de baixas amplitudes. Na área urbana as altitudes variam de 146 a 250 metros.
A compartimentação, segundo o modelo do relevo, na área urbana e seu entorno, assinala sete unidades distintas: canal fluvial, dique marginal, planície de inundação, área alagadiça, área aplainada, colinas e morrotes, que apresentam características próprias e comportamento específico quanto às diversas formas de uso e ocupação do solo.
PEDOLOGIA
Na área urbana do município e seus arredores ocorrem diversos tipos de solos. Estes, com características distintas, apresentam comportamentos reativos ao processo de urbanização contrastantes. Na planície de inundação os solos são do tipo glei, com o nível d’água elevado e em constante estado de saturação, ocorrendo também solos laterizados e aluvionares. Por via de regra são solos moles, com baixa capacidade de suporte e de carga.
As áreas alagadiças são subdivididas em áreas de várzeas e embaciados. Nas várzeas ocorrem solos aluviais e gleizados, de textura siltoarenosa, com baixa capacidade de suporte e de carga. Nos embaciados ocorrem os solos gleizados e areias hidromórficas com presença frequente de couraça ferruginosa (canga).
Nas áreas aplainadas ocorrem solos do tipo podzólico vermelho-amarelos, areias quartzosas e hidromórficas gleizadas, com alta permeabilidade e presença constante de canga, no contato da areia de goma com o filito alterado subjacente.
A maior parte de Cuiabá estende-se sobre colinas. Nestas e nos morrotes os solos são dos tipos litólito e cambissolo, bastante rasos ou ausentes.
RECURSOS HÍDRICOS
Cuiabá é rica em recursos hídricos: diversos rios, ribeirões e córregos formadores da bacia do rio Cuiabá banhama cidade. O Cuiabá, importante afluente da bacia do rio Paraguai, integrante da bacia Platina, limita o município a oeste. A bacia hidrográfica formada pelo rio Cuiabá subdivide-se em Alto, Médio e Baixo Cuiabá. O rio tem suas nascentes nas encostas da Serra Azul, município de Rosário Oeste, na junção dos rios Cuiabá da Larga e Cuiabá Bonito. No município de Nobres, mais caudaloso pela afluência do rio Manso, passa a se chamar rio Cuiabá.
Com extensão de 980km e largura média de 200m, seus principais afluentes são o ribeirão do Pari e os rios Manso, São Lourenço e Coxipó. Este último, cortando o município de Cuiabá, tem sua cabeceira no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e embocadura próxima à comunidade de São Gonçalo Beira-Rio.
De fundamental importância para Mato Grosso, o rio Cuiabá abastece as cidades localizadas ao longo de seu curso e sustentam a biodiversidade na planície do Pantanal.
A região hidrográfica do Médio Cuiabá é a que concentra grande parte da população do Estado, incluindo-se nela sua capital.
Até o início do século passado a navegação do rio Cuiabá era importante meio de transporte regional prestante ao comércio. Através do rio, o município de Cuiabá assumiu importante papel de centro abastecedor da região.
Cortam o município de Cuiabá os cursos d’água abaixo relacionados:
- Rios: Cuiabá, Coxipó, Bandeira, Coxipó-Açu, Claro, Aricá-Açu, Mutuca, Machado, Aricazinho e dos Peixes.
- Principais ribeirões: Baús, Forquilha, Soberbo, da Ponte, Coelho, Formoso, do Couro, Cágados e Taquaral.
- Principais córregos: Moinho, Raizama, Salgadeira, Três Barras, Sucuri, Barbado, Prainha, da Pinheira, Mané Pinto, Gambá e Gumitá.
ÁREAS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
O município de Cuiabá possui áreas instituídas pelos poderes públicos para assegurar a proteção ambiental. Essas unidades de conservação foram estabelecidas pelas esferas federal, estadual e municipal.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DEFINIDAS E DELIMITADAS
Parque Nacional de Chapada dos Guimarães — criado pelo Decreto Federal n.º 97656 de 12 de abril de 1989. Com cerca de 33.000 ha, abrange os municípios de Cuiabá e Chapada dos Guimarães. Aproximadamente 80% do Parque está no município de Cuiabá.
Área de Preservação Ambiental (APA) da Chapada dos Guimarães – criada pelo Decreto n.º 537 de 21 de novembro de 1995, do Poder Executivo Estadual, conta com 251.848 ha, abrangendo porções dos municípios de Cuiabá, Campo Verde, Chapada dos Guimarães e Santo Antônio de Leverger. Aproximadamente 29% das terras da APA de Chapada dos Guimarães situam-se no município de Cuiabá. Esse decreto foi homologado em 5 de dezembro de 2002 pela Lei Estadual 7804.
Estrada-Parque Cuiabá – Chapada dos Guimarães – criada pelo Decreto n.º 1473 de 9 de junho de 2000, a estrada-parque tem início no entroncamento das rodovias MT-251 e MT-351, compreendendo o trecho Cuiabá-Chapada dos Guimarães-Mirante (km 15), incluindo faixa marginal de 300 metros de cada lado da rodovia, a partir do seu eixo.
Parque da Saúde – denominado popularmente de Parque Zé Bolo Flô, criado pelo Decreto Estadual n.º 1693 de 23 de agosto de 2000, ocupa uma área de 66,39ha. Localiza-se na Região Sul da cidade, no Bairro Coxipó.
Parque Mãe Bonifácia – criado como unidade de conservação pela Lei n.º 004 de 24 de dezembro de 1992 – Lei Complementar Municipal de Gerenciamento Urbano. Posteriormente, o governo do Estado, pelo Decreto n.º 1.470 de 9 de junho de 2000, criou o Parque da Cidade. Com área aproximada de 77 ha, localiza-se na Av. Miguel Sutil, Região Oeste de Cuiabá.
Parque Massaíro Okamura – com área de 53,75ha, localiza-se na Região Norte da cidade, próximo ao Centro Político Administrativo, onde funcionam os órgãos públicos estaduais. Criado pela Lei Municipal n.º 2.681, de 6 de junho de 1989, como reserva ecológica, foi enquadrado na categoria de parque pela Lei Estadual n.º 7.506 de 21 de setembro de 2002.
Parque Antônio Pires de Campos – localizado na porção mais central da cidade, no Bairro dos Bandeirantes, chamado popularmente Morro da Luz. Recebeu a denominação de Parque Antônio Pires de Campos pela Lei Municipal n.º 1.315 de 22 de agosto de 1973. Pelo decreto n.º 870 de 13 de dezembro de 1983 foi declarado patrimônio histórico, paisagístico e ecológico do município. No ano de 1987 passou por processo de urbanização. Atualmente, o parque é conservado por parceria da prefeitura de Cuiabá com a empresa concessionária de energia elétrica do Estado.
Horto Florestal Tote Garcia – localizado na Região Sul da cidade, na margem esquerda do rio Coxipó, o Horto Florestal estabeleceu-se nesse local desde 1939 e tem suas raízes no início do século XX, quando a Prefeitura Municipal de Cuiabá instituiu um bosque municipal na região do antigo Lava-Pés, hoje Praça Santos Dumont. Nominado Tote Garcia por Lei Municipal de 19 de junho de 1989, possui área de 17 ha.
APA Municipal Aricá-Açu – criada pela Lei n.º 3.874, de 5 de julho de 1999, está localizada no município de Cuiabá, numa zona de transição entre as formações florestais do Planalto dos Guimarães e as da Planície do Pantanal. Possui área de aproximadamente 73.195 ha.
Unidades de Conservação Ambiental criadas pela Lei Complementar Municipal n.º 004/92:
• Mata ciliar do córrego Quarta-feira;
• Mata ciliar do Ribeirão da Ponte;
• Mata ciliar do Ribeirão do Lipa;
• Mata ciliar do Rio Cuiabá;
• Rio Coxipó (rio cênico);
• Morro da Luz;
• Horto florestal;
• Mata do Mãe Bonifácia;
• Mata semidecídua do córrego Manoel Pinto (Campo do Bode);
• Cerrado/Cerradão do Centro de Zoonoses;
• Cerrado do Centro Político e Administrativo;
• Mata ciliar dos córregos do Moinho, Gumitá e Barbado;
• Cabeceira do córrego da Prainha (Bairro Alvorada, entre os loteamentos Consil e Quarta-Feira).
FLORA
A cidade de Cuiabá encontra-se em uma região fitofisionômica característica do cerrado. Define-se a vegetação nativa do município de Cuiabá pela ocorrência de:
• Cerrado;
• Cerradão;
• Mata ciliar;
• Mata semidecídua;
• Mata de encosta.
Na sede do município, as áreas verdes encontram-se representadas principalmente por vegetação remanescente de áreas não-construídas, margens de córregos, vegetação domiciliar, riachos e rios, fundos de vale, parques, praças e vegetação viária.
Entre exemplares da vegetação nativa podem-se encontrar: a bocaiúva (Acracomia aculeata), espécie de palmeira com folhas terminais e fruto bastante apreciado na região; o pequi (Caryocar brasiliense), árvore de porte médio, com flores brancas e fruto comestível, amplamente utilizado na culinária, a exemplo do licor; o angico-branco (Anadenanthera sp.), árvore de porte médio com floração entre novembro e janeiro; o cumbaru (Dipteryx alata), árvore de porte médio com flores albirrosadas; o ipê-amarelo (Tabebuia caraiba); o tarumã (Vitex cymosa), árvore frondosa com inflorescências azuis rotáceas; e a lixeirinha (Davilla rugosa), arbusto de caule e folhas ásperas.
FAUNA
Sendo a região de característica fitofisionômica de cerrado, o bioma abriga rica fauna típica desse ecossistema. Apesar da ocupação antrópica, ainda pode nela ser encontrada uma fauna residente e/ou que dela se utiliza apenas como refúgio temporário.
O cerrado possui 1.501 espécies, das quais 62,3% correspondem a aves, 19% a mamíferos e 17% a répteis. Os espécimes abaixo contam-se na fauna do município de Cuiabá:
Mamíferos: o tatu-galinha (Dasypus novencinctus); o tatu-pelado (Euphractus sexcinctus); o lobinho (Cerdocyon thous); a ariranha (Pteronura brasiliensis); o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira); os esquilos e caxinguelês (representantes da família Sciuridade).
Aves: a garcinha (Egretha thulc); o biguá (Phalacrocara olivaceus); a perdiz (Rhychatus rufesuns); o quero-quero (Vanellus chilensis); o tucano (Rhamphasto toco); o beija-flor (Amazila sp.); o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus); a arara vermelha (Ara choloptera).
Répteis: a coral verdadeira (Micrurus corallinus); a cascavel (Crotalos durissos); o jacaré (Caiman yacare); a lagartixa (Eublepharis macularius); a jararaca (Bothrops yararaca); e a surucucu (Lachesis muta).
Fontes: “Diagnóstico florístico e faunístico de Cuiabá”. In: Estudos básicos para o Planejamento de Cuiabá;. diagnóstico do meio físico, do meio vivo (flora e fauna), economia, população, interpretação social da cidade. Módulo II. Cuiabá, FUFMT/PMC / Carta Geotécnica de Cuiabá (módulo I). In: Estudos básicos para o planejamento de Cuiabá; diagnóstico do meio físico, do meio vivo (flora e fauna), economia, população, interpretação social da cidade. Cuiabá, FUFMT – Prefeitura Municipal de Cuiabá. / Fundação Estadual do Meio Ambiente – Fema.