Relembre o incêndio do edifício Joelma

O incêndio no Edifício Joelma, ocorrido em 1º de fevereiro de 1974, figura entre as maiores tragédias urbanas do Brasil. Situado no atual Edifício Praça da Bandeira, no coração de São Paulo, o edifício foi consumido por um incêndio devastador que ceifou a vida de 187 pessoas e deixou mais de 300 feridos. O episódio não apenas chocou o país, mas também expôs falhas estruturais e de segurança, levando a mudanças significativas nas normas de prevenção contra incêndios. A tragédia ocorreu menos de dois anos após o incêndio no Edifício Andraus, também na capital paulista, reforçando a urgência de revisar protocolos de segurança em edificações de grande porte. O desastre no Joelma tornou-se o segundo pior incêndio em arranha-céus em número de vítimas fatais, ficando atrás apenas do colapso das Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001. O episódio permanece na memória coletiva, cercado de histórias de coragem, desespero e mistério, e consolidou-se como um marco na história da engenharia civil e da segurança predial no Brasil.
Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 40 milhões

As seis dezenas do concurso 2.846 da Mega-Sena serão sorteadas a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, em São Paulo. O sorteio terá transmissão ao vivo pelo canal da Caixa no YouTube e no Facebook das Loterias Caixa. O prêmio da faixa principal está acumulado em R$ 40 milhões. As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet. O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 5.
Suicídio de Getúlio Vargas: ‘Não renuncio; daqui só saio morto!’

Na manhã de 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio com um tiro no coração, após intensos ataques de opositores, incluindo a União Democrática Nacional (UDN) e Carlos Lacerda. Os 19 dias entre o atentado da Rua Tonelero (5 de agosto) e seu suicídio foram marcados por pressões políticas. A Aeronáutica e a oposição no Parlamento exigiam sua renúncia, e as investigações sobre o atentado apontaram Gregório Fortunato, chefe de sua guarda, como responsável, abalando ainda mais o governo. Dois dias antes de sua morte, os militares exigiram sua renúncia, mas Vargas recusou, afirmando que só sairia morto. No dia 23 de agosto, circulou o Manifesto dos Generais, apoiando a renúncia, e Vargas concordou em se licenciar, mas não renunciaria. Na madrugada do dia 24, soube que seu irmão seria convocado para depor, e a licença foi convertida em veto militar. Por volta das 8:30h do dia 24, Getúlio se suicidou. A notícia causou grande comoção popular, com manifestações em apoio ao ex-presidente. Seu corpo foi levado para o Rio Grande do Sul, mas a família recusou homenagens oficiais. Getúlio deixou três versões de sua carta-testamento, lida por João Goulart no enterro, com a célebre frase: “Saio da vida para entrar na história”. fonte: https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/suicidio-de-getulio-vargas-rio-de-janeiro/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues
A empregada, a mulher e o homem domesticado
por Onofre Ribeiro Há duas semanas esta coluna tratou da empregada doméstica e recebemos uma dúzia de telefonemas de solidariedade e outra de raivosos protestos. Aí aconteceu o que eu não sabia: as empregadas são solidárias entre si e mantêm uma fraternidade interessante em defesa mútua. Alguns dos telefonemas não foram muito delicados e nem muito inteligentes. Mas tudo foi muito bom porque enriqueci terrivelmente o meu folclore sobre empregadas domésticas. Por outro lado, me desiludi profundamente com elas e com as patroas. Acabei por descobrir que a empregada virou o bicho que virou por culpa da patroa. Agora ninguém mais reverte o processo. Vou tentar ilustrar a coisa. Esta semana eu li numa revista um depoimento muito ilustrativo. Duas amigas se encontraram, ambas na faixa dos 30 anos, ex-colegas de ginásio. Uma se casou e descasou, a outra ainda se mantinha casada, mas mantendo o perfil “da mulher dos anos 60”, na qualificação da primeira. E esta admite uma profunda admiração pela “mulher à la anos 60”, ali, fiel, determinada, educando os filhos, esperando o marido, fazendo bolo, almoço e visitando a mamãe nos fins de semana. Esta mulher dos anos 60 está em extinção. Uma outra ainda existe aqui e ali, prensada entre as pressões feministas pela sua modernização, e o desejo meio contido de ser apenas mulher, como eram as mulheres nos anos 60. Foi naqueles anos tumultuados que elas aboliram a virgindade como dever de ofício, adotaram a pílula anticoncepcional e queimaram os sutiãs em praça pública, simbolizando seu protesto “contra a escravidão secular da mulher”. Nos anos 70 a mulher invadiu as universidades, o mercado de trabalho e instigadas por uma líder americana, Betty Friedam, inventaram o feminismo. “Homem, nunca mais”, chegavam a dizer. Depois aos poucos foram descobrindo que homem não é um bicho tão mau e nem tão perigoso. Pode até ser domado, e com aquela terrível determinação feminina, elas domaram o homem. Nunca mais o homem foi o mesmo. Passou a freqüentar a cozinha e tornaram até ótimos cozinheiros bisextos. Alguns admitiram sua inferioridade intelectual em relação à sua mulher (que antes era compensada pela força física), e já vão à escola buscar e levar os filhos, trocam fraldas, dão banho, dão papinha na boca do neném, fazem comida, lavam a louça e arriscam até a lavar umas pecinhas de roupa. Diferente da mulher mesmo nem a roupa mais. Só à noite na cama se verifica a diferença, se ânimo ainda permitir. Esse conflito de espaços mudou profundamente o comportamento social do homem e da mulher. O homem desceu do pedestal da força física e da supremacia de inteligência que reivindicava para si. A mulher disparou na economia, trouxe métodos novos e provocou grandes trapalhadas técnicas com o chamado sexto sentido (que elas realmente têm), e associaram outra qualidade terrível, a intuição, para desestruturar os pobres homens que enxergam pouco além do nariz, aquilo que não podem tocar. A premonição feminina arrasou com a competência masculina naqueles lances quando acabava o argumento e resolvia as coisas daquele jeito: “faz porque estou mandando”. Ela saca do bolso (antes era de dentro do sutiã, que não usa mais ou só quando acha que deve ou quer), uma contraproposta e defende à morte seu ponto de vista. Ela -vence sempre. Essa mulher dos anos 80 que em menos de 20 anos saiu da caverna doméstica e conquistou a planície dos mercados sociais e econômicos, também acaba dona de casa, muito mais por acaso do que por convicção. Às vezes, por um certo comodismo. Mas nunca mais por imposição do pai ou da sociedade. Por opção, como querem elas. Como, para elas, fazer um bolo, cozinhar e até a simplória tarefa de passar um café se tornaram profundos mistérios, só um ser genial consegue realizar nesse mundo moderno, complexo, difícil e especializado: a fabulosa, a maravilhosa, a competente empregada doméstica. Aí caímos na antiquíssima lei da oferta e da procura. Ou da competição, como quiseram. A competência que falta à patroa para administrar sua casa, sobra a essa maravilha de memória da espécie humana que ainda guarda traços de tarefas primitivas como gerir os serviços de uma casa. Daí para ela se tornar o que se tornou, e claro, foi um pulo. Voltaremos ao assunto. Da empregada, da mulher moderna e desse pobre e absoleto animal domesticado e dominado, chamado homem.
Histórias que rolaram com divisão de Mato Grosso
por Onofre Ribeiro Fizemos ontem um breve relato da divisão de Mato Grosso e a consequente criação do Estado de Mato Grosso do Sul, no dia 12/10/77. Paramos a história na data da assinatura da Lei Complementar nº 31, e na festa que o Sul fez e no velório que o Norte assistiu em Brasília. A divisão de Mato Grosso foi muito mais do que uma decisão geopolítica do governo militar. Foi uma manobra de interesses pessoais, de interesses de grupos econômicos e de grupos políticos, fora algumas vaidades de membros do governo federal encastelados no Palácio do Planalto agindo na sombra do inflexível presidente Ernesto Geisel. Mas houve também alguns interesses em relação à região de mineração, de madeiras nobres, por políticos do Sul e do Norte, sobre o Estado de Mato Grosso. Para ser realmente sincero, ao lado da divisão pretende-se um loteamento de Mato Grosso para alguns figurões de Brasília e alguns daqui e outros do Sul. Felizmente a austeridade do governador Frederico Campos que viria governar Mato Grosso e, a incompetência prática daqueles interessados no loteamento do Estado, Mato Grosso cresceu mais depressa que a ambição deles e tudo ficou só na ganância. Mas que a divisão foi planejada do que terminou acontecendo, isso foi. Só nega quem não conviveu com o processo na sua intimidade. O ex-governador Pedro Pedrossian que governara Mato Grosso entre 1968 e 1971, ainda mantinha em Cuiabá um clero de seguidores que foram de uma ou de outra forma cooptados a favor da divisão e agiam aqui no sentido daquele ex-governador continuar influenciando em Mato Grosso a ponto de manter o poder e com isso preservar aqui um feudo de influências comuns aos dois Estados. Isso é tão verdadeiro que o senador Benedito Canellas, eleito por Mato Grosso em 1978, na primeira eleição pós-divisão, permaneceu mais tempo em Mato Grosso do Sul ao lado do governador Pedro Pedrossian (que assumiu no lugar do primeiro governador :nomeado, Harry Amorim, demitido pelo presidente Figueiredo), e mais de uma vez afirmou-se “senador dos dois estados”. Sua ausência de Mato Grosso em favor interesses de Mato Grosso ,custou-lhe a carreira política. Ontem, por erro e revisão saiu como 1/7/79 a efetiva separação dos dois Estados. A data correta é 1/1/79. Mato Grosso restou com uma pesada máquina administrativa e Mato Grosso do Sul começou vida nova do zero, sem problemas, sem vícios de pessoal e nem dívidas. Aliás, as dívidas anteriores de Mato Grosso só foram encampadas pelo governo federal a duríssima penas e a custa de dezenas de viagens do governador Frederico Campos a Brasília. Mas gostaria de recordar que, apesar das intenções que cercaram a divisão nas sombras dos interesses escassos, muita coisa boa rolou por conta das imensas potencialidades do Estado de Mato Grosso. Se a separação do Sul não tivesse ocorrido, teria sido bem provável que a bancada congressista eleita em 1978 tivesse transferido a capital de Cuiabá para Campo Grande. Se isso tivesse ocorrido, Mato Grosso seria hoje o grande sertão que já fora. Os investimentos seriam aplicados somente no Sul, a força política do Estado ficaria com centrada lá e o rancor sulista contra os nortistas certamente constrangeria, uma ação política eficaz a favor do Norte. Nesse aspecto a divisão prestou um serviço imediato. Noutros, a primeira sensação dos nortistas foi a de desolação e de mergulho no caos. Cuiabá ficaria jogada às traças, diziam todos. Como o apoio consagrado na Lei Complementar no 31, que previa Cr$ 1.700 milhões de ajuda federal por mês para custeio da administração, (Mato Grosso do Sul teve somente Cr$ 300 mil), Mato Grosso se firmou rapidamente e os 38 municípios existentes, naquele primeiro ano da divisão em 1979, pulou para 56 e hoje são 95, enquanto Mato Grosso do Sul, que tinha 56 municípios ainda não chegou aos 70. Proporcionalmente o Norte cresceu mais que o Sul em todos os setores, mesmo amargando distâncias maiores e custos mais altos para manter a sua produção econômica. Rivalidades à parte, mesmo porque elas já estão quase esquecidas, a divisão terminou sendo ótima para Mato Grosso, e o presidente Geisel se revelou certo na decisão, apesar de’todos os riscos e de algumas péssimas intenções que existiram ao longo da idéia até a concretização do fato.
Você conhece alguém que ão tenha rádio?
por Onofre Ribeiro Hoje é domingo e dia para amenidades. A semana inteira nos debruçamos sobre a dura realidade da política, da economia e da administração do Estado, entre outro temos que abordamos aqui. Vamos nos permitir falar em causa própria. Mineiro diz que “coruja que gaba o próprio toco é cego”. Sem querer perder a visão gostaria de fazer uma avaliação do aspecto da integração de Mato Grosso pela comunicação, e aí entra a história da coruja. Desde que começou a ocupação de colonos nas regiões novas do Vale do Araguaia e do Nortão, e mais tarde, do vale do Guaporé, a falta de comunicação dessas regiões com Cuiabá e vice-versa tem crescido. Mais recentemente o surgimento das antenas parabólicas que captam imagem das televisões Globo, Manchete, Bandeirantes, SBT e Educativa, diretamente do satélite, distanciou muito mais Mato Grosso de Mato Grosso. O colono sulista, por exemplo, que ainda não se arraigou em Mato Grosso, deixa à distância essa chance, mantém seu vínculo com os grandes centros de onde transitem as emissoras de televisão, e tem este Estado apenas como um Estado-dormitório. Ou seja, fica por aqui até o tempo melhorar esperando a hora de voltar para’ suas origens. Isso é grave como fato econômico e sociológico. As limitações físicas das grandes distâncias impossibilitam a plena agilidade da comunicação da massa, num mundo movido a informações como o atual. Pensando nesse distanciamento de Mato Grosso consigo mesmo, venho desde março experimentando uma tentativa que, afinal, se consolidou no início deste mês: suprir parte da deficiência de informações e da comunicação usando o rádio. O projeto seria integrar o maior número possível de emissoras de rádio em uma rede centralizada em Cuiabá, para irradiar informações para o público ouvinte de rádio em todas as regiões de Mato Grosso, e de retorno, obter informações para serem espargidas pela mesma rede. Foi preciso viajar por todas as cidades onde existem emissoras de rádio. O rádio e de todos os veículos de comunicação, talvez, o mais sofrido, e o mais imediatamente útil à população. Terminamos por juntar 2 emissoras numa rede à qual demos o nome de Sistema 2000 de Rádio, que produz um jornal diário, moderno, ágil e dirigido exatamente para suprir as informações da capital e do Estado no interior. O “Mato Grosso Ponta a Ponta”, é o jornal lido por um jornal casal de locutores e produzido por uma dúzia de bons profissionais. O sentido é regional e o propósito é remendar o que a televisão descostura com suas antenas parabólicas em todos os 95 municípios de Mato Grosso. O rádio, na opinião do experiente radialista cuiabano, Eugênio de Carvalho, foi o veículo que moldou a nacionalidade brasileira a partir das décadas de 40, 50 e 60. Em Mato Grosso cabe-lhe ainda este papel. O “Mato Grosso Ponta a Ponta” tem trazido problemas e probleminhas de regiões distantes como Juara para todo o restante do Estado na voz do médico Walter Galvão, dono da Rádio Tucunaré, que se faz de repórter e noticia sua Juara para Mato Grosso inteiro. Ou, Alta Floresta que prega na rede problemas do município, desconhecidos fora dali. Esse papel do rádio é insubstituível neste instante em Mato Grosso. De outro lado estamos comercializando para essas emissoras que vem, às vezes no limite financeiro em comunidades pequenas. Em Cuiabá, duas emissoras estão transmitindo o “Mato Grosso Ponta a Ponta”, a pioneira Rádio A Voz do Oeste(MT) e Rádio Atividade(FM), a primeira diariamente de 7 às 8 horas e a segunda das 5h30,às 6h30. O resultado está sendo retumbante, para usar uma palavra antiga do velho rádio de Eugênio de Carvalho, dos tempos em que o Repórter Esso fazia mais sucesso que o atual Jornal Nacional. Espero não tê-lo chateado neste domingo falando só no Sistema 2000 de Radio. Afinal como projeto nosso, não poderia imitar a coruja que fala bem do próprio toco, mas acho que todos compreendemos que não se pode viver isolado num mundo atual. Todos temos o direito à informação, não importa se ele vem pela televisão, pelo jornal, pelo rádio ou pela revista. Mas se você quiser amanhã, começar o dia com a sensação de estar com os pés plantados nesse gigante que é o nosso Estado de Mato Grosso, em todos os seus quadrantes, ouça o “Mato Grosso Ponta a Ponta” e vibre com o seu jingle: “nós somos a voz do rádio, informando sem parar. Mato Grosso Ponta a Ponta está entrando no ar”. Ou você conhece alguém que não tenha rádio?
O que houve com a cuiabania?
por Onofre Ribeiro Aí está. Saiu o resultado oficial da eleição de 1990, com enormes surpresas na composição da Assembléia Legislativa Estadual. Nós tivemos a oportunidade de lembrar nesta coluna o fenômeno da eleição vinculada do interior e da consequente renovação dos deputados estaduais, sob a influência de uma nova política praticada por migrantes residenciais em Mato Grosso. Dos 24 deputados estaduais eleitos, dois são genuinamente eleitos pela capital, Roberto França e Wilson Santos. Outros residentes em Cuiabá, Paulo Moura, e Amador Gonçalves, tiveram votos em várias regiões do Estado e não se pode dizer que serão representantes exclusivos da capital na Assembléia. Serys Slhessarenko, também eleita com votação em Cuiabá, representa o magistério e tem votos em todo o Estado. O que se pode dizer definitivamente é que apenas Roberto França e Wilson Santos são de fato deputados, cuiabanos. Os 22 outros representam outras regiões também, além de Cuiabá, ou representam exclusivamente suas regiões. Este jornal trouxe ontem a relação dos eleitos com suas bases eleitorais e acho prudente repeti-la, para efeito de raciocínio. Vamos considerar Várzea Grande como município fora de Cuiabá, visto que os deputados eleitos por lá não se assumem como representantes da capital. Jaime Muraro, eleito por Tangará da Serra; Jorge Yanai, Sinop; Gonçalo de Barros, Várzea Grande; Jaime Gonçalves, Colíder; Ninomya Miguel, Cáceres; Moisés Feltrin, Rondonópolis; Nereu de Campos, Livra~ mérito; Benedito Pinto da Silva, Várzea Grande; Romualdo Baraczinski, Alta Floresta; Lincoln Saggin, Torixoreo; Dionir de Queiroz; Vila Bela da Santíssima Trindade; José Sardinha, Pontes e Lacerda; Geraldo Reis, Salto do Céu; Leonildo Menin, Alta Floresta; Jair Benedetti, Comodoro; Joemil Araújo, Rosário Oeste; Hermes Abreu, Rondonópolis; Antonio Porfírio de Brito, Tangará da Serra. Os deputados federais também não escaparam a eleição de representantes regionais, com Augustinho Freitas Martins, de Rondonópolis, João Teixeira, de Alta Floresta, Wellington Antonio Fagundes, de Rondonópolis e Wilmar Peres de Freitas, de Barra do Garças. A metade da bancada de deputados federais vem do interior do Estado. Esse fenômeno comporta inúmeras interpretações, entre elas a falência do atual sistema eleitoral, que deveria contemplar regiões distintas através do voto distrital. Em estados vastos como Mato Grosso, as regiões são isoladas e os representantes acabam representando mal sua região e o próprio Estado já que são vozes isoladas em áreas como a nossa, de 881 mil km². Mas analisando ainda a questão da representação estadual, do ponto de vista da expressão política de Cuiabá na Assembléia Legislativa, há ainda um fato curioso a considerar. É a questão da cuiabania. Alguns candidatos pediram voto expressamente à cuiabania, argumentando que se Cuiabá não voltasse em candidatos próprios, fechando em torno deles como fazem os do interior, a capital acabaria tendo influência política cada vez menor dentro do Estado. O apelo foi dirigido de forma marcante aos segmentos mais ligados à cuiabania. Nenhum desses candidatos foi eleito. Cabe perguntar: acabou a cuiabania? A cuiabania não representa número de votos capaz de eleger sequer um deputado estadual? Ou a cuiabania está integrada num processo social maior e já não age em sintonia de origens sociológicas? De outro lado, os deputados eleitos por Cuiabá, Roberto França e Wilson Santos são muito parecidos no estilo de atuação. Ambos são bons denunciadores. Ambos tem conteúdo parlamentar pouco didático e tampouco ordenador, como no passado recente tinham, por exemplo, os deputados Oscar Ribeiro e Alves Ferraz. Esses dois deputados estarão muito preocupados com posições de crivo dentro da Assembléia e certamente não serão rigorosamente representantes de Cuiabá. Não se admite que a capital de um Estado não seja eleitoralmente capaz de ter representantes próprios, porque ela é um centro urbano forte, é um centro administrativo irradiador, é um centro político central do Estado, e é o centro financeiro de Mato Grosso. Tem problemas que precisam ter solução própria. Contudo, é o caso de se dizer: aí está o resultado da eleição. Vejamos o amanhã.
Saudades do Fusca-motel
Gostaria de repassar uma injustiça. E corrigir a forma como foram postas certas informações. Há uma semana neste espaço critiquei severamente a volta da fabricação do Fusca. Recebi indignadas críticas. Não tenho qualquer sentimento pessoal contra o Fusca. Ao contrário. Os meus sentimentos pessoais são todos favoráveis ao carrinho que de uma ou de outra forma esteve ligado à minha adolescência. Confesso que o sonho do primeiro carro sempre foi dirigido para o Fusca. Não comprei um. Na época revelou-se minha tendência para as camionetas e acabei comprando uma Vemaguete. Usada, naturalmente. Foi minha primeira paixão automobilística. Para quem não se lembra a Vemaguete era uma perua do tipo Belina. Mas o Fusca era vendido aos milhares e hoje senhores e senhoras cinquentões não podem separar as lembranças de sua juventude das traquinagens praticadas com ou dentro dele. Lá pelos anos 60 possuir carro era privilégio de pouquíssima gente. Mas os anos 70 já abriram as comportas dos financiamentos junto com o milagre brasileiro e as ruas se inundaram de automóveis. De Fusca, principalmente. Senhores e senhoras, hoje de cabelos embranquecidos, se recordam das aventuras que se praticavam dentro de um Fusca. Nos estacionamentos, nos pátios das escolas, das universidades, o Fusca revelava sua grande discrição porque sua suspensão muito dura não balançava como movimento das loucuras amorosas daqueles afoitos adolescentes. Quem não se lembra dos drive-in. Se a visibilidade de dentro para fora era ruim, no entanto, era uma beleza porque de fora para dentro ninguém via nada. E disso se aproveitavam os jovens que namoravam dentro dos carros de então. Principalmente dentro do Fusca. Motel é coisa nova no Brasil. Surgiram lá pelo fim dos anos 70. Até então, o fato de não existirem motéis não significava que a juventude se mantivesse casta e pura. Os carros funcionavam como moteis. E o Fusca ganhava disparado, com sua discrição. Poucos cinquentões de hoje não começaram os amassos dentro de um Fusca. Curioso como o carrinho, apertadinho acabava sendo excelente justamente pelo pouco espaço. Começava se no banco da frente e tudo acabava no banco traseiro. O segredo, ainda se lembram aqueles ex-adolescentes, eram os bancos dianteiros que se dobravam para a frente e abriam um espaço incalculável para as manobras; sexuais. O espaço interno pequeno favorecia outro fenômeno da física. Rapidamente os vidros se embaçavam e, pronto estava pronta a cumplicidade. Em Brasília, existiam alguns espaços reservados aos namorados motorizados. A Praça da Torre de Televisão, bem no coração da cidade era um local consenti do. Um carro da polícia vagava por ali, para fiscalizar contra assaltos. Mas haviam regras: não se podia ficar inteiramente nu, nem abrir as portas do carro ou pôr os pés para fora pela janela. Fora isso, os amassos corriam tranquilos com a segurança policial garantindo aquelas dezenas de ilhas românticas. Como pano dê fundo uma fonte luminosa jorrava água colorida e música romântica. Mais tarde criou-se junto à segunda ponte do lago sul, outra ilha para namoros dentro do automóvel. A Praça da Torre fora demolida. No novo pátio da ponte ainda é comum casais cinquentões recordarem o calor da juventude. Então, é impossível ignorar esse passado recente de todos nós que estamos próximos dos 40, 50 anos. O que não cabe mais é o Fusca nas rodovias com aquela sua pressa vagarosa dos anos 70. Mas isso não mata a saudade de menor motel do mundo que mais de uma geração experimentou e nunca se esqueceu.