Cena Onze: Formação e expressão cultural de MT

A Associação Cultural Cena Onze, fundada em 1989 em Cuiabá, se consolidou como um importante pilar da cena artística da região. Ao longo de sua trajetória, o grupo encenou dezenas de espetáculos e formou mais de 2 mil alunos em diversas áreas, como teatro, dança, música, artesanato e pintura. Em 2016, o Cine Teatro Cuiabá passou a ser administrado pela Associação, por meio de um Termo de Colaboração firmado com a Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso, transformando-se em um espaço vital para a cultura local. Além de abrigar mostras de cinema, espetáculos de teatro, dança e música, o Cine Teatro Cuiabá é a sede da MT Escola de Teatro, um centro de excelência na formação das artes cênicas. Os cursos são realizados em parceria com a Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), reconhecida internacionalmente na América do Sul, tendo como diretor-executivo o renomado ator e dramaturgo Ivam Cabral, além da SP Escola de Teatro, e o Governo do Estado de Mato Grosso. Esse conjunto de esforços visa fortalecer e expandir as possibilidades de formação e expressão artística, consolidando ainda mais o Cine Teatro Cuiabá como um centro cultural de referência.

Sandro Lucose: versatilidade da arte e da sustentabilidade

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO/UFMT) desde 2018, é graduado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), concluído em 2000. Destaca-se no cenário teatral de Mato Grosso como diretor artístico da Cia. Teatro Mosaico, cargo que ocupa desde sua fundação em 1995. Sua trajetória profissional abrange atuações em renomados filmes, como Loop, de Bruno Bini; O Anel de Eva, de Duflair Barradas; Cidade Invisível, de Thiago Forest; Dois Bois, de Perseu Azul; Ao Sul de Setembro, de Amauri Tangará; e Nó de Rosas, de Glória Albuês. Na televisão, participou de produções da TV Globo e TV Senac, além de filmes publicitários variados. Atualmente, dedica-se à criação de vídeos institucionais voltados para a educação ambiental, alinhando sua atuação artística a iniciativas de proteção e preservação do Pantanal. No teatro, encenou clássicos como Anjo Negro, de Nelson Rodrigues; Peer Gynt, de Henrik Ibsen; Muito Barulho por Nada e Romeu e Julieta, de William Shakespeare; A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado; e Auto da Estrela Guia. Sua carreira é marcada pela versatilidade e pelo compromisso com a cultura e o meio ambiente.

Péricles Anarcos: um defensor convicto dos ideais anarquistas

De Curitiba (PR), Péricles Anarckos chegou à capital de Mato Grosso com 10 anos. Nos pátios da Escola Técnica Federal, formou-se artista pelo método Ânima. Depois disso, em 1998, criou o grupo Teatro Fúria, que vem desenvolvendo os mais diversos trabalhos, com as mais variadas linguagens, intervenções humanas, teatro de rua, performances e outros artefatos teatrais. O grupo atualmente conta com cinco componentes, oito peças montadas e mais de 300 apresentações em mais de 40 cidades de 17 estados do país, com participações destacadas nos festivais de Teatro de Curitiba (2001, 2006, 2007), no de Londrina – FILO (2001) e no projeto Palco Giratório do Sesc Nacional (2003). Ao currículo, incluem-se ainda projetos sociais e campanhas institucionais. Adepto da anarquia, o fundador rejeita os “ismos” misturando paixão de infância e desencanto com a classe artística. Nestes mais 20 anos à frente do Fúria, coleciona alguns desejos de pesquisas, a saber: a dramaturgia bilíngue; a encenação em Libras; o trabalho com pantomima e especialmente, no plano da dramaturgia, as possibilidades de situações teatrais envolvendo como personagens um par de irmãos siameses.

Nico e Lau: muito humor e essência do linguajar cuiabano

Lioniê Vitório, o Nico é formado em Artes pela Universidade de Cuiabá (Unic) e pós-graduado em Patrimônio Cultural. Começou a carreira de ator em 1986, no Grupo Ânima. Já Justino Astrevo de Aguiar, o Lau, é formado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pós-graduado em Planejamento e Gestão Cultural pela Unic. Autor, diretor e ator, iniciou a carreira em 1980, quando fundou a Cia Folhas Produções. Em 1989, Vitório recebeu convite do diretor J. Astrevo para participar do espetáculo Último Baile de Verão de sua autoria. A parceria deu certo e desde então Lioniê e Astrevo passaram a atuar juntos em diversos espetáculos teatrais. Em 1995 recebem convite do Grupo Gazeta de Comunicação para participarem do programa Revista da Manhã. Lá criaram Nico e Lau, que comandavam o quadro Porteira Aberta. Em 1996 levaram pela primeira vez os personagens aos palcos. O trabalho teve ótima repercussão e inaugurou uma série de espetáculos entre os anos 90 e 2000. Em 2003, comemorando oito anos de carreira, trouxeram a Cuiabá Chico Anysio.  A dupla lançou ainda quatro CDs e, desde 2005, veiculam o programa MINUTO DO HUMOR na TV Centro América. O mesmo quadro roda desde 2007 na TV Morena, em Mato Grosso do Sul.

Maurício Ricardo: Diretor do musical ‘Desutilidade Poética’

Formado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maurício Ricardo é ator profissional desde 1999. Fundador da Cia Porrada de Teatro, onde atua hoje, tem seu nome marcado em produções relevantes para a história do teatro mato-grossense. Além disso, também desempenha o trabalho de professor de Literatura e Artes em Cuiabá. Já montou e dirigiu espetáculos infantis de grande sucesso estadual como: O Cavalinho Azul, O Rei Leão e O Patinho Feio. Com o público adulto chamou a atenção pela direção da comédia Zobaidas e pelo musical Desutilidade Poética. Como ator participou do espetáculo infantil A Menina e o Vento, Muito Barulho Por Nada e Auto da Estrela Guia, todos produzidos pelo Teatro Mosaico. No passado integrou a equipe do renomado grupo Ânima, participando de espetáculos como O Inspetor Geral e Evoé. Em seu último trabalho junto à companhia, desenvolveu juntamente com o ator Luciano Paullo o projeto de comédia Dupla Demência, que permaneceu em cartaz por dois anos na capital, interior e até mesmo em outros estados do Brasil.

Luiz Carlos Ribeiro, referência do teatro mato-grossense

Dramaturgo, advogado, educador e escritor Luiz Carlos é considerado um dos expoentes do teatro mato-grossense. É fundador da Federação Mato-grossense de Teatro (FEMATA) e da Confederação Nacional de Teatro (CONFENATA), tendo sido um dos seus diretores. Em um de seus trabalhos mais recentes, fez parte do elenco do longa Bala Perdida, com Justino Astreno e Lionê Vitório, dirigido por Luiz Marquetti. Autodidata, chegou a estudar fora de Mato Grosso, em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, onde teve contato com grandes nomes de sua área como Niete de Lima, Jesus Chediak e João Brites, do grupo O Bando, de Portugal. Em meados da década de 1970, militou no movimento federativo para a reorganização do movimento teatral nacional e mato-grossense. Reforçava sempre sentir-se confortável em sua área de trabalho, especialmente pelas infinitas possibilidades de experimentação social oferecidas por ela. Além disso, o dramaturgo não escondia que sua grande paixão era a direção teatral. Também envolvido com a produção audiovisual, Luiz Carlos Ribeiro faleceu em Cuiabá, no dia 12 de janeiro de 2018.