quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
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A história da menina que rejeitou a mão de Figueiredo

Em setembro de 1979, Rachel Coelho Menezes de Souza, mais conhecida como Rachel Clemens, deixou uma marca profunda na memória do Brasil ao se recusar a apertar a mão do general João Baptista de Oliveira Figueiredo, então presidente da República, durante um encontro em Belo Horizonte. Seu gesto se tornou um símbolo da resistência ao regime militar, que estava nos seus últimos anos, e se transformou em um ícone do desgaste e da luta contra a repressão, especialmente entre aqueles que, ainda que de maneira simbólica, protestavam contra o regime.

Naquele momento, Rachel tinha apenas 5 anos de idade, e embora seu gesto fosse, em sua essência, um ato espontâneo e não necessariamente político, ele foi interpretado de forma poderosa no contexto de tensões sociais da época. Em uma entrevista ao Jornal da Globo em 2011, Rachel relembrou que estava apenas empolgada por encontrar o presidente e que não foi movida por questões políticas. Segundo ela, seu pai tinha dito que almoçaria com o presidente, e, curiosa, ela pediu para a mãe a levar até ele. “Virei para ele: ‘você sabia que vai almoçar com meu pai hoje?’ Aí todo mundo dizia: ‘dá a mão para ele, dá a mão para ele’. Eu detestei. Detesto que me mandem fazer as coisas. Não dei a mão porque eu não queria dar a mão para ele, eu queria dar um recado para ele”, explicou.

Anos depois, Rachel se formaria em Comércio Exterior, faria pós-graduação no Instituto Tecnológico da Aeronáutica e viveria em diversos países. Rachel faleceu aos 40 anos, em 2015, deixando uma filha, mas sua imagem e seu gesto continuam a ecoar como um poderoso símbolo da resistência de uma geração que ousou desafiar a ditadura e lutar pela liberdade.

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