A tradição cuiabana de atribuir nomes aos bairros revela mais do que simples geografia; é um testemunho vivo da criatividade e do espírito acolhedor do povo da terra quente. Este hábito, impregnado de senso de humor e um toque de nostalgia, reflete uma conexão singular com o mundo, traduzindo referências nacionais e internacionais em identidade local.
Seja por meio de nomes que evocam a vastidão dos continentes ou a familiaridade das cidades brasileiras, o cuiabano transforma seu território em um mosaico cultural. Não é preciso carimbar passaportes para viajar até o Jardim Califórnia, o Jardim Itália ou mesmo o Jardim Europa. Essas localidades, batizadas com nomes que evocam sonhos e cenários distantes, ancoram o exterior no coração da capital mato-grossense.
No entanto, o apego às raízes nacionais não fica para trás. Florianópolis, Fortaleza e Umuarama são apenas exemplos de como o Brasil se reflete nas ruas de Cuiabá. E quem, ao ouvir falar de Itapuã ou São João Del Rey, não se sente transportado para uma poesia regional cheia de alma e tradição? Até mesmo a vizinha Três Lagoas, lá no Mato Grosso do Sul, encontra um lar entre os bairros cuiabanos.
Essa habilidade em nomear lugares vai além da simples denominação: é um ato de pertencimento e orgulho. Como diria Câmara Cascudo, “o melhor do Brasil é o brasileiro”, e, adaptando suas palavras, o melhor de Cuiabá é o cuiabano, com sua habilidade singular de fundir mundos em um único espaço.