Sitó, artista aclamado pela releitura da ‘Santa-Ceia’

Acompanhado pela esposa e também artista plástica Alzerina Nascimento, Antônio Pereira da Silva Sitó (Ceará, 1931 – Cuiabá –MT, 2012), conhecido como Sitó, chegou a Rondonópolis em 1958. Em 1974 chega a Cuiabá, onde passa a ter contato com o movimento de artes plásticas encabeçadas pelo Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT) e, posteriormente, pela Fundação Cultural. Além de pintar ele também projetava violões, violinos, e outros instrumentos musicais, tendo trabalhado também como ferreiro, lavrador e metalúrgico. Assim, a pintura surgiu em sua vida como alternativa para ganhar a vida. Católico fervoroso, consagrou-se ao fazer sua releitura da “Santa Ceia”, rebatizada como “Ceia mato-grossense”, na qual foram utilizados o caju, o pequi e outros elementos da região. O artista trabalhava mergulhado no ateliê-oficina de luteraria, onde tintas, pincéis e parafusos, telas e violas convivem sem maiores complicações. Representante do estilo naif, alcançou reconhecimento local e nacional por seu trabalho, no qual as representações humanas assumiam a centralidade. Foi ainda presidente da Associação Mato-grossense dos Artistas Plásticos, tendo falecido em dezembro de 2012, aos 81 anos.

Sebastião Silva, arte com uso de madeira, tinta, carvão e objetos

Cuiabano do bairro Pedregal, Sebastião Silva (Cuiabá – 1970) transita, desde criança, pelo universo dos desenhos e das cores. Em 1981, aos 12 anos de idade, começa a frequentar o Atelier Livre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde foi orientado por Aline Figueiredo e Nilson Pimenta. Também graduado em História na mesma instituição, faz parte da terceira geração de artistas plásticos do Estado. Pintor, desenhista e escultor autodidata, aposta em diferentes materiais e técnicas para se expressar-se. Exemplos disso são trabalhos criados a partir de madeira, guache, tinta acrílica, carvão, cinzas e objetos variados. Seu baú iconográfico guarda referências que variam entre elementos da fauna, flora e cultura popular mato-grossense, além de denúncias contra a extração ilegal de madeira e o desmatamento. Participou de exposições coletivas e individuais em locais como Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP) da UFMT; Salão Jovem Arte Mato-grossense; no Museu de Arte de São Paulo (Masp) em São Paulo (SP); Museu de Arte Brasileira em Brasília (DF); Bienal Naïfs do Brasil no Sesc Piracicaba (SP) e Brazilian Naïfs Art From The Sesc Collection, em Chicago (EUA).

Roberto de Almeida, fauna com repertório de bom humor

Ex-sem-terra que, nos acampamentos, descobriu-se escultor ao entalhar pedaços de troncos e galhos caídos, Roberto de Almeida(Poxoréu – MT, 1964 – Cuiabá – MT, 2015) é considerado como um dos mais importantes artistas populares brasileiros revelados na década de 1990. Muda-se para Cuiabá em 1993 e, na sequência, participa das edições do Salão Jovem Arte Mato-grossense de 1997, 1998 e 2003, sendo premiado em todos estes anos. Integrou, dentre outras, exposições coletivas no Museu de Arte e Cultua Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT) e na Galeria de Arte Mato-grossense, realizada na Casa Cor, ambas no ano 2000. O trabalho é conhecido pelo senso de proporção e síntese, ressaltando-se também a desenvolvida capacidade de desenvolver formas e movimento. Ao longo da carreira, dedicou-se a uma única temática: a fauna. A partir da observação dos animais, o escultor e artesão os reproduzia com numeroso repertório de soluções técnicas, tatus, tamanduás e outros, representando-os com originalidade e bom humor. Roberto faleceu em 2015 e, atualmente, suas peças ainda são disputadas por colecionadores de todo o país.

Regis Gomes, arte marcada pela preservação das raízes

Nascido no tradicional bairro cuiabano Araés, Regis Gomes (Cuiabá – 1975) começa a criar personagens de gibis junto aos colegas de escola, ainda na infância. Aos 16 anos participa pela primeira vez do Salão Jovem Arte Mato-grossense, período em que passa a estudar no Ateliê Livre, com Osvaldina dos Santos. Em 2014 realiza a exposição “Nossa Cultura”, que mostra seu amadurecimento, recebendo elogios pelo domínio do traço e da cor. Nesse mesmo ano expõe na Casa Brasil, em Nova Iorque, com o tema “As Cores do Pantanal”. Em 2015 foi eleito um dos representantes de Mato Grosso no Conselho Nacional de Políticas Culturais, do Ministério da Cultura. O artista também possui vivências com a capoeira e percussão, atuando no grupo de dança afro-mato-grossense Companhia de Dança e Teatro AYOLUWÁ. Regis defende expressão da cultura em cada pedaço do Brasil. Assim, seu trabalho é marcado pela luta pela preservação das raízes, mostrando desde recortes do Carnaval e da roda de samba do Rio de Janeiro ao Olodum e a capoeira do Bahia, passando pelos bois, os índios em todas as suas etnias e as danças do Siriri, Chorado e dos Mascarados, observados em Mato Grosso.

Regina Pena, ricas telas com forte apelo popular

Autodidata, Regina Pena(Cuiabá – MT, 1952 – 2020) passa, a partir de 1974, a pintar profissionalmente, época em que inscreve três obras em uma exposição. Na ocasião, apenas uma das peças foi selecionada, o que a inspirou a aprofundar seus conhecimentos sobre o trabalho. O esforço é recompensado com a participação em diversas exposições coletivas e individuais na Capital e outros estados. Assim, sua produção a leva a Goiânia (GO), São Paulo (SP), Mato Grosso do Sul (MS) e Brasília (DF), garantindo também premiações e reconhecimento. Formada em psicologia, a artista insere em suas obras elementos da natureza, mulheres, relacionamentos, política, metamorfoses e abstrações com geometrias e balões. As telas, de forte apelo popular, são marcadas pelos traços delicados, profusão de cores e formas e pinceladas rápidas. Regina sofria de esclerose múltipla desde 2006 e, mesmo acamada há pelo menos 5 anos, utilizava um tablet para continuar com sua obra. Em 2011 começou a produzir gravuras digitais e poemas, transformando as limitações em novas possibilidades artísticas. Em 2015, lança o livro Voo Solo, com poemas e ilustrações, e em 2019 realiza exposição por meio de plataforma de arte digital. A artista faleceu em agosto de 2020.

Rafael Rueda, inspiração voltada para o cotidiano e religiosidade

Ele pinta quadros abstratos desde 1988 e foi o primeiro a fugir da pintura cabocla e integrar o núcleo de artistas dessa corrente artística. Trata-se de Rafael Rueda (Cuiabá – MT, 1951 – 2020). Começou sua produção artística na década de 1960, com a professora Bartira Mendonça, aprimorando seus conhecimentos em História da Arte com a crítica Aline Figueiredo e o artista plástico Humberto Espíndola. Assina obras expostas em Cuiabá, em municípios do interior do Estado, como Chapada dos Guimarães, e em outros estados como Paraná, Bahia, São Paulo e Goiás. Sendo assim participou de mostras na Pontifícia Universidade Católica São Paulo (PUC-SP), no Salão Jovem Arte Mato-grossense e Museu de Arte Contemporânea, Campo Grande (MS) e na Sociedade Brasileira de Belas-Artes, Rio de Janeiro (RJ). Com inspiração voltada para o cotidiano e a religiosidade, o artista realizou uma de suas últimas exposições, “Abstracionismo”, em fevereiro de 2019. Na ocasião levou 14 telas ao Museu Histórico de Mato Grosso, em Cuiabá. Rafael faleceu em outubro de 2020, aos 69 anos, vítima de um infarto.