José Pereira: a arte e a estética das revistas em quadrinhos

Considerado como um dos representantes da pintura naif no Estado, José Pereira da Silva (Correntina – BA, 1969) chegou a Mato Grosso aos sete anos de idade. Após 14 anos em Cuiabá, passa a frequentar os ateliês livres da extinta Fundação Cultural e do Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT). Teve orientação artística dos artistas Nilson Pimenta e Osvaldina dos Santos. A partir destas vivências participa de várias edições do Salão Jovem Arte, de 1991 a 1995. Integra também algumas edições da Bienal Naif do Brasil, em Piracicaba (SP), bem como vários outros eventos de arte em Limeira e Itapetininga (SP), além de Cuiabá e Chapada dos Guimarães (MT), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e também em Chicago, nos Estados Unidos. Por influência de Nilson suas obras apresentam elementos da modernidade, sendo inspiradas também pelo trabalho do pintor baiano Carybe. As obras são marcadas ainda pela estética das revistas em quadrinhos e retratam casarios, festas de santos e sua paixão pelo futebol. Sem limitar-se aos elementos concretos, ele dá expressividade às telas ao inserir o elemento humano com cores das cenas urbanas.
José Augusto: paisagem pantaneira e amazônica

O potiguar José Augusto (Carnaúba dos Dantas, Rio Grande do Norte – RN) está em Mato Grosso há 50 anos, tendo passado por Chapada dos Guimarães e Sorriso, onde reside atualmente. Começou a pintar ainda na infância, aos sete anos. Aos 12 anos, já experimenta pintar obras em aquarela. Três anos depois inicia seus primeiros trabalhos em tinta a óleo, com inspiração em obras de pintores renascentistas, principalmente por conta da luz e das cores. Autodidata, é um dos representantes do estilo naturalista no Estado, destacando em sua obra a riqueza da paisagem pantaneira e amazônica, recorrentemente utilizadas como fontes de inspiração para a composição dos quadros. Nos anos de 1980, ingressa na Polícia Militar de Mato Grosso (PM-MT), sem abandonar, contudo, sua paixão pelas artes plásticas. Ao longo de sua trajetória artística, José Augusto pinta retratos, paisagens, cavalos, índios, naturezas mortas e também algumas obras com inspiração surrealista, mas, após morar em Chapada dos Guimarães, passa a trabalhar com telas naturalistas. O artista já expôs em Cuiabá, Paranatinga, Chapada dos Guimarães, Rondonópolis, Tangará da Serra e Sorriso, onde mantém seu ateliê.
Jonas Barros: 3ª geração de artistas plásticos de MT

Artista autodidata, desenhista e objetista, Jonas Ferreira Barros (Cuiabá-MT, 1967), antes de se dedicar às artes plásticas era também atleta. Sua primeira exposição acontece em 1986, quando participa do Salão Jovem Arte Mato-grossense. Representante da terceira geração de artistas plásticos mato-grossenses, participou, em 1993, do Salão Nacional Contemporâneo de Ribeirão Preto. Em 2000, passa a dedicar-se à interação com o ambiente urbano. Nesse período, realiza a exposição “Grande Olhar 1 e 2”, na Estação Rodoviária e no Mercado Municipal de Cuiabá, a exposição “Artistas do Século”, no MACP, da UFMT, e o projeto “Arte em Trânsito”, também na Capital. Em 2003, representa o Brasil na exposição coletiva “El Amazonas”, no Museu Nazinale Di Castel Sant’angelo, em Roma, Itália. Mais recentemente, participa do “Circuito Cultural Lusófono”, do Palácio Cabral, em Lisboa. Além desses eventos, Jonas acumula uma série de prêmios, bem como participou de outras mostras coletivas e individuais em diversos estados do Brasil e em outros países. Ao longo dos mais de 30 anos de carreira, é conhecido pela constante busca por inovação, utilizando, para isto, diferentes tipos, formatos e materiais para suas criações que podem apresentar elementos do desenho, foto e pintura em acrílico, por exemplo.
João Sebastião, conhecido como “artista das onças”

Filho da artista Alexandra Barros da Costa, João Sebastião Francisco da Costa (Cuiabá – MT, 1949 – Cuiabá – MT, 2016) mostra interesse pelas artes plásticas desde os seis anos. Inicia seus estudos de pintura com Bartira de Mendonça em 1965, em Cuiabá. Em 1968 vai para o Rio de Janeiro (RJ), onde desenvolve conexões com importantes representantes das tendências modernas. No ano seguinte passa a frequentar o ateliê de Humberto Espíndola, em Campo Grande (MS). Na capital sul-mato-grossense atua, até 1972, junto ao movimento da Associação Mato-grossense de Artes (AMA). Retorna a Cuiabá em 1973, passando a desenvolver atividades no Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT). A partir de 1974, participa de diversas bienais e exposições individuais e coletivas em Cuiabá, São Paulo e Campo Grande, dentre outras cidades do país. Conhecido como “artista das onças”, era pintor, desenhista, figurinista e professor. Seu trabalho, marcado pela recorrência de temáticas femininas, foi reconhecido com um dos prêmios do Salão Nacional do Rio de Janeiro, em 1981. Em 2015 o artista inicia um processo de intervenção urbana sobre Maria Taquara, personagem icônica da história cuiabana. Faleceu em 2016, vítima de um infarto.
Humberto Espíndola: Boi, boi, boi, boi da cara preta…

Nascido antes da divisão de Mato Grosso, Humberto Augusto Miranda Espíndola (1943, Campo Grande – MS) é conhecido pela valorização de temáticas regionais, inspiradas, sobretudo, na bovinocultura. Formado em Jornalismo pela Universidade Católica do Paraná, em 1965, organizou, em 1966, a I Exposição dos Artistas Mato-grossenses, em Campo Grande. No ano seguinte, funda a Associação Mato-Grossense de Arte. Considerado um dos artistas da primeira geração das artes no Estado, participa, a partir de 1969, de diversas bienais em São Paulo, Medellín, Veneza, México, Cuba, Cuenca e Caracas, entre outras mostras. Em 1974 cria o Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT), sendo o primeiro a dirigi-lo. No mesmo ano, em Cuiabá, finaliza o mural no Palácio Paiaguás. Em 1982, deixa a direção do MACP e, em 1983, segue para Campo Grande, onde participa da fundação do Centro de Cultura Referencial do Mato Grosso do Sul. Em 1996, desenvolve o Monumento à Cabeça de Boi, de ferro e aço, instalado em uma praça de Cuiabá. Pioneiro, coleciona diversos prêmios e, em 2000, apresenta mostra retrospectiva, em Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e em Cuiabá.
Herê Fonseca: referência na arte da cenografia

Ele cresceu no atelier do pai, onde deu vida às suas primeiras esculturas. Formado em Artes Plásticas, Herê Azevedo da Fonseca (Alfenas, MG – 1975) estudou também Artes Visuais na Universitat Politecnica da Catalunya, Barcelona, Espanha, e na Pinacoteca Miguel Dutra, em Piracicaba (SP). Desenhista e objetista, morou no Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES), tendo chegado a Cuiabá em 2009. Na capital mato-grossense, participou de exposições coletivas no Museu de Arte e Cultura Popular (MACP) entre 2012 e 2013, e da Mostra de Arte Contemporânea de Artistas Mato-grossenses, no Palácio da Instrução (2013). Nestes mesmos espaços realizou mostras individuais, além de ter se apresentado no Sesc Arsenal e realizado uma série de intervenções para o projeto Setembro Freire (2010). É reconhecido ainda pelo trabalho com cenografia, tendo participado dos curtas-metragens “Bolhas de sabão desmancham no ar” e “Licor de Pequi”. Desenvolve esculturas aéreas em movimento, esculturas estáveis, tempera sobre papel, acrílico sobre tela, murais, esculturas em argila, máscaras, empapelamentos e pinturas em seda e objetos. Atualmente o artista vive em Sorocaba (SP).