Ivens Scaff, um doutor da linguagem poética cuiabana

Criado no bairro do Porto, entre partidas e chegadas de embarcações, Ivens Scaff (Cuiabá, 30/06/1951) deixou Mato Grosso ainda jovem, para estudar Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois que retorna à cidade natal, ingressa em cursos de pós-graduação em saúde, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Apesar da formação do autor, sua obra resguarda muita história, ouvida ou inventada. Além de médico, reconhecido e atuante, foi professor na UFMT, onde também ocupou o cargo de coordenador de Cultura, e na Universidade de Cuiabá (Unic). Foi também conselheiro de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura (SEC-MT) e conselheiro editorial da revista Vôte! Pela atuação, foi premiado pelo Jornal do Dia e condecorado com Ordem do Mérito do Governo do Estado de Mato Grosso, Grau Cavaleiro. Ao todo Ivens publicou oito livros, sendo seis infanto-juvenis e dois de poesias. No primeiro caso, sagrou-se ao acrescentar modelos novos ao estilo; já no segundo, busca na linguagem poética o encontro com a identidade cultural da cuiabania. Dentre as obras, destacam-se Uma maneira simples de voar;  O menino órfão e o menino rei; Mil mangueiras e Kyvaverá.

Gervásio Leite, o Vavázio de Terra Agarrativa e Linda

Advogado, jornalista, deputado e escritor, Gervásio Leite (Cuiabá – MT, 19/06/1916 – Rio de Janeiro –RJ, 10/04/1990) introduziu, junto com o amigo Rubens de Mendonça, o modernismo em Mato Grosso. Sintonizado às necessidades de seu tempo, criticava o academicismo reinante, propondo novas formas de escrever, ler e estruturar o pensamento. Nascido em Cuiabá-MT, concluiu a graduação em direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1938. Anos mais tarde, de volta à Capital, antecipou a criação de um Estatuto da Criança e do Adolescente, fornecendo-lhe fundamentos. Assina livros como Obrigações, Oração do Jubileu e Roteiro de uma Personalidade, além de ter sido um dos mais importantes autores de educação do Estado. Neste contexto se destacam: Um Século de Instrução Pública (1970) e Aspecto Mato-grossense do Ensino Rural (1942). De espírito irreverente, Vavázio, como também era chamado, presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), a Academia Mato-Grossense de Letras (AML), fundou o jornal Estado de Mato Grosso, foi desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e professor fundador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 74 anos.

Gabriel Novis Neves, filho do Bugre do bar homônimo

O filho do comerciante seo Olintho Neves (o Bugre do Bar homônimo) e neto do doutor Alberto Novis Neves, considerado o primeiro otorrinolaringologista de Mato Grosso, Gabriel Novis Neves (Cuiabá – MT, 6/06/1935) é bacharel em Medicina, com especialidade em Psicologia Médica e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1967, quando inicia a carreira de professor e administrador, desempenha importante papel nas áreas de saúde e educação. Pela vasta publicação de trabalhos pertinentes ao setor, é nome recorrente em conferências, congressos e simpósios. Além da reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi secretário de Educação (1968-1970); secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social do Governo do Estado de Mato Grosso (1983); secretário Chefe da Casa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso (1984); secretário de Saúde do Governo do Estado de Mato Grosso (1984-1985). Foi, também, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Cuiabá (Unic). Por notável contribuição social recebe homenagens como a de Professor “Honoris Causa” da Universidade do Maranhão (UFM), em 1981; Diploma de Honra ao Mérito como Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa-CNPQ) em 1979; e Medalha do Mérito Universitário UFMT em 1995. Segue atendendo como médico e é cronista do cotidiano com trabalhos publicados periodicamente em jornais e sites.

Fernando Tadeu: cenário econômico, político e social

Atuante pesquisador de História e Literatura, Fernando Tadeu de Miranda Borges (Cuiabá –MT, 1958) se difere em sua trajetória profissional e pessoal pela afeição às causas cuiabanas e mato-grossenses. Professor e escritor, formou-se em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em 1980. É mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorando em História Social pela mesma instituição. Em seus trabalhos viaja através do tempo, debruçando-se sobre fatos importantes para a constituição do cenário econômico, político e social local. São de sua autoria: Economia Brasileira: Posições Extremas (1991); Esperando o Trem: Sonhos e Esperanças de Cuiabá (2005); Prosas com Governadores de Mato Grosso (2007) e Do Extrativismo à Pecuária: algumas observações sobre a História Econômica de Mato Grosso (2010). É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e da Academia Mato-grossense de Letras (AML). Na UFMT ocupou os cargos de coordenador da Editora Universitária (EdUFMT) entre 1992-1998 e de primeiro diretor da Faculdade de Economia, entre 2008 e 2012.  É pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência da Universidade (PRCEV/UFMT) desde outubro de 2016.

Estêvão de Mendonça, auto de ‘Datas Mato-grossenses’

Nascido em Santo Antônio da Barra, distrito de Barão de Melgaço, Estêvão de Mendonça (Barão de Melgaço –MT, 25/12/1869 – Cuiabá – MT, 2/12/1949) era autodidata. Topógrafo, professor, advogado, historiador e escritor, não chegou a graduar-se formalmente em nenhuma universidade. A fome pelo conhecimento, contudo, o alçou a incontestável status de intelectual, um dos mais relevantes e conhecidos de Mato Grosso. Membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT), foi também o primeiro autor didático de História do Estado, tendo publicado Quadro Chorographico de Matto Grosso (1906) e Datas Mato-grossenses (1919). Suas habilidades foram elogiadas por Monteiro Lobato, de quem chamou a atenção pela grafia. O escritor o descreveu como um “diamante descoberto no coração do Brasil”. Estêvão de Mendonca faleceu em Cuiabá no dia 2 de dezembro de 1949 e hoje empresta seu nome à maior biblioteca mato-grossense, na Capital. Grande parte de sua produção, assim como a de seu filho, Rubens de Mendonça, foi doada pela família ao Arquivo da Casa Barão de Melgaço. Os documentos estão catalogados, digitalizados e à disposição de pesquisadores.

Elizabeth Madureira: notável historiadora do Brasil

Considerada como uma das mais notáveis historiadoras do Brasil na atualidade, Elizabeth Madureira Siqueira (Franca – SP, 16/08/1947) chega a Cuiabá em 1975, trazendo na bagagem o recém-obtido diploma em História, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ingressa como professora e pesquisadora no Departamento de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), atuando ali por 27 anos. Em 1992, defendeu o mestrado e, em 1999, o doutorado. Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) desde 1983, foi a primeira mulher a presidir a instituição. Além disso, tem assento na cadeira 29 da Academia Mato-Grossense de Letras (ABL), e, ao longo de sua carreira como historiadora, foi agraciada com inúmeros diplomas, medalhas e comendas. Levam sua assinatura obras como Revivendo Mato Grosso (1997) e 300 Anos de Cuiabá (2019). Pela notável relevância de sua produção, Elizabeth é reconhecida como cidadã cuiabana e mato-grossense, títulos conferidos pela Câmara Municipal de Cuiabá e pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT), respectivamente. No campo da pesquisa se dedica, há mais de 25 anos, ao arranjo de acervos, a exemplo do Arquivo da Casa Barão de Melgaço, onde atualmente é curadora.