Dunga Rodrigues, autora de ‘Reminiscência de Cuiabá’

A professora, musicista, historiadora e escritora Maria Benedita Deschamps Rodrigues (Cuiabá-MT, 1908 – Santos – SP, 2006) ficou conhecida como Dunga. Sob orientação da professora polonesa Helena Müller, aprendeu a extrair a intensidade do som do piano logo cedo. Sinônimo de cultura, foi uma das mulheres mais notáveis em Mato Grosso no século passado. Livros como Reminiscência de Cuiabá (1969); Marphysa (1981) e Colcha de Retalhos (2000) lhe renderam a cadeira de nº 39 na Academia Mato-grossense de Letras (AML), espaço até então reservado majoritariamente aos homens. Foi também membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg) e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT). Além das diversas publicações sobre a cultura e história da Capital e do Estado, a ela são atribuídos memoráveis recitais e a formação de incontáveis músicos. Não poderia ser diferente. Lecionou durante 52 anos em escolas públicas e conservatórios de Cuiabá, onde ensinava também língua francesa. Lembrada pela irreverência e simpatia, faleceu em janeiro de 2006, deixando inestimável legado.
Dom Aquino Corrêa, o nosso ‘Chiquinho da Rua Nova’

Popularmente conhecido por dom Aquino ou ainda ‘Chiquinho da rua nova’, dom Francisco de Aquino Corrêa (Cuiabá -MT, 2/04/1985 – São Paulo – SP, 22/03/1956) chamou a atenção desde muito cedo pela inteligência, educação e carisma. Ainda na adolescência ingressou no sacerdócio católico, deixando a casa dos pais em 1902.Entre 1904 e 1909, estudou Filosofia e Teologia em Roma-Itália, concluindo o doutorado em ambas as ciências aos 23 anos de idade. Ordenado sacerdote, reza sua primeira missa na Catedral de São Pedro, no Vaticano, e finalmente, em julho de 1910, regressa à sua cidade natal. O então padre assume funções de direção no Colégio São Gonçalo até 1914, sendo, na sequência, nomeado bispo. Permaneceu nesta condição por sete anos, até se tornar arcebispo de Cuiabá. Em 1918, por conclamação do presidente do Brasil, Wenceslau Brás, assume o governo do Estado. Ao deixar a administração estadual, voltando à condição de arcebispo, dom Aquino passa a se dedicar integralmente à Igreja e à cultura. Fundou então a Academia Mato-grossense de Letras (AML) e, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) chegando, em 1926, à Academia Brasileira de Letras (ABL). Intelectual e poeta, é lembrado como “orador maior de Mato Grosso”, de “espírito grandioso e elegância moral. ”
Silva Freire, autor de ‘Águas de Visitação’ e ‘Barroco Branco’

Graduado em Direito pela Faculdade Cândido Mariano, no Rio de Janeiro (RJ), em 1959, Benedito Sant’Ana da Silva Freire (Mimoso – MT, 20/09/1928 – Cuiabá – MT, 11/08/1991) exerceu diversas funções na advocacia, chegando a presidir o Instituto dos Advogados de Mato Grosso (IAMAT). Estritamente ligado ao movimento estudantil, também esteve, por diversas vezes, à frente de associações de estudantes, promovendo eventos e peças de teatro em Cuiabá e no Rio de Janeiro. Para além da promoção cultural, deixou vasta produção literária que inclui: Águas de Visitação (1979); Barroco Branco (1989); GOOL/Círculo Azul Ao Sul Do Azul (s/data); Cuiabá, (s/data); Crêspo-ôlho-alho (1971); Chão/terra/pasto: ao lavrador, ao vaqueiro, ao pescador deste birachão de Deus (1971); Social, criativo, didático: catálogo de exposição (1986) e Trilogia Cuiabana (1991). Como advogado atuou em inúmeras causas sociais, além de escrever para os jornais locais e do estado vizinho, Mato Grosso do Sul (MS). Sua obra é ricamente ilustrada pelo amigo e artista plástico de renome internacional, Wlademir Dias Pino. Pela intensa atuação ocupa a cadeira de nº 38 da Academia Mato-grossense de Letras (ABL), sendo referenciado até hoje como um dos mais notáveis nomes do setor cultural no Estado.
António de Arruda, autor de ‘Vultos Eminentes’

Do Liceu Cuiabano, onde concluiu o segundo grau, Antônio de Arruda (Cuiabá – MT, 1911 – Rio de Janeiro – RJ, 2002) seguiu para o bacharelado em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ) e para o curso de Política e Estratégia, na Escola Superior de Guerra e Colégio Interamericano de Defesa de Washington (EUA). Ao longo do caminho trilhado pelo universo jurídico, desempenhou intensa atividade cultural, literária e política. Ao retornar a Cuiabá, exerceu diversos cargos públicos: promotor de Justiça, procurador-geral do Estado e desembargador, além de ter contribuído com vários jornais da Capital. Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e ocupante da Cadeira nº 11, da Academia Mato-Grossense de Letras (AML), instituição da qual também foi presidente. Ao aposentar-se, estabeleceu residência no Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 25 de novembro de 2002. O corpo, transladado para Cuiabá, foi velado no salão nobre do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), na presença de incontáveis familiares, amigos e autoridades. São de sua autoria publicações como Um Olhar Distante (1997), Vultos Eminentes (1999) e No Limiar dos 90 anos (2001).
Aníbal Alencastro: cinema, causos, contos e demasiada paixão por Cuiabá

Foi durante adolescência que o escritor Aníbal Alencastro (Cuiabá – MT, 1944) aproximou-se do cinema, no primeiro emprego, no Cine São Luíz. Ainda na juventude, passou pelo Cine Teatro Cuiabá e pelo Cine Bandeirantes, antes de se tornar pesquisador da História de Mato Grosso, geógrafo formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e cartógrafo, pós-graduado em Aerofotogrametria pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS). Recorrentemente solicitado quando assunto é a Capital, é ativo produtor cultural, reconhecido não apenas pelo engajamento no setor, mas também por seu extenso acervo, do qual se destacam a cinematografia e os itens que ajudam a remontar a vida de marechal Rondon. Parte destas peças pode ser contemplada hoje no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), a quem doou em 2014. Aníbal é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e da Sociedade Amigos do Marechal Rondon. Trabalhou na extinta Fundação de Pesquisas Cândido Rondon e dedicou-se também às letras, ora lecionando, ora escrevendo. Das paixões, pela história e pelos filmes, nasceram as publicações Freguesia de Nossa Senhora da Guia (1993) e Anos Dourados dos Nossos Cinemas (1996).
Adauto Dias de Alencar, notável roteiro genealógico

Dono de notável produção literária e autor da notável obra Roteiro Genealógico Mato-grossense, Adauto Dias de Alencar (Assaré-CE, 10/08/1931 – Cuiabá-MT, 17/10/2013) saiu ainda criança de seu estado natal, o Ceará, para firmar raízes em Mato Grosso. Entre o Rio de Janeiro (RJ) e Cuiabá concluiu os estudos, graduando-se no Curso Clássico da Moderna Associação Brasileira de Ensino e em Direito pela Faculdade Cândido Mendes, ambas as instituições no estado fluminense. Depois que retornou a Mato Grosso, em 1965, foi diretor de escola, promotor de Justiça; procurador fiscal; delegado regional e defensor público. Não bastasse isso, estudou Filosofia e lecionou latim e literatura portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Entre estes múltiplos campos alicerçou os pilares de sua produção, da qual se destaca a série Roteiro Genealógico Mato-grossense. Por sua rica pesquisa, ingressou na Academia Mato-grossense de Letras (AML) e no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT). Além disso, integrou a comissão que oficializou o Hino do Estado, em 1983. Já em 1988, foi procurador do Estado, aposentando-se desta função em 1992. Aos 83 anos faleceu de causas naturais em Cuiabá, onde seu corpo repousa.