Silva Freire, autor de ‘Águas de Visitação’ e ‘Barroco Branco’

Graduado em Direito pela Faculdade Cândido Mariano, no Rio de Janeiro (RJ), em 1959, Benedito Sant’Ana da Silva Freire (Mimoso – MT, 20/09/1928 – Cuiabá – MT, 11/08/1991) exerceu diversas funções na advocacia, chegando a presidir o Instituto dos Advogados de Mato Grosso (IAMAT). Estritamente ligado ao movimento estudantil, também esteve, por diversas vezes, à frente de associações de estudantes, promovendo eventos e peças de teatro em Cuiabá e no Rio de Janeiro. Para além da promoção cultural, deixou vasta produção literária que inclui: Águas de Visitação (1979); Barroco Branco (1989); GOOL/Círculo Azul Ao Sul Do Azul (s/data); Cuiabá, (s/data); Crêspo-ôlho-alho (1971); Chão/terra/pasto: ao lavrador, ao vaqueiro, ao pescador deste birachão de Deus (1971); Social, criativo, didático: catálogo de exposição (1986) e Trilogia Cuiabana (1991). Como advogado atuou em inúmeras causas sociais, além de escrever para os jornais locais e do estado vizinho, Mato Grosso do Sul (MS). Sua obra é ricamente ilustrada pelo amigo e artista plástico de renome internacional, Wlademir Dias Pino. Pela intensa atuação ocupa a cadeira de nº 38 da Academia Mato-grossense de Letras (ABL), sendo referenciado até hoje como um dos mais notáveis nomes do setor cultural no Estado.

António de Arruda, autor de ‘Vultos Eminentes’

Do Liceu Cuiabano, onde concluiu o segundo grau, Antônio de Arruda (Cuiabá – MT, 1911 – Rio de Janeiro – RJ, 2002) seguiu para o bacharelado em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ) e para o curso de Política e Estratégia, na Escola Superior de Guerra e Colégio Interamericano de Defesa de Washington (EUA). Ao longo do caminho trilhado pelo universo jurídico, desempenhou intensa atividade cultural, literária e política. Ao retornar a Cuiabá, exerceu diversos cargos públicos: promotor de Justiça, procurador-geral do Estado e desembargador, além de ter contribuído com vários jornais da Capital. Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e ocupante da Cadeira nº 11, da Academia Mato-Grossense de Letras (AML), instituição da qual também foi presidente. Ao aposentar-se, estabeleceu residência no Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 25 de novembro de 2002.  O corpo, transladado para Cuiabá, foi velado no salão nobre do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), na presença de incontáveis familiares, amigos e autoridades. São de sua autoria publicações como Um Olhar Distante (1997), Vultos Eminentes (1999) e No Limiar dos 90 anos (2001).

Aníbal Alencastro: cinema, causos, contos e demasiada paixão por Cuiabá

Foi durante adolescência que o escritor Aníbal Alencastro (Cuiabá – MT, 1944) aproximou-se do cinema, no primeiro emprego, no Cine São Luíz.  Ainda na juventude, passou pelo Cine Teatro Cuiabá e pelo Cine Bandeirantes, antes de se tornar pesquisador da História de Mato Grosso, geógrafo formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e cartógrafo, pós-graduado em Aerofotogrametria pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS). Recorrentemente solicitado quando assunto é a Capital, é ativo produtor cultural, reconhecido não apenas pelo engajamento no setor, mas também por seu extenso acervo, do qual se destacam a cinematografia e os itens que ajudam a remontar a vida de marechal Rondon. Parte destas peças pode ser contemplada hoje no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc), a quem doou em 2014. Aníbal é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e da Sociedade Amigos do Marechal Rondon. Trabalhou na extinta Fundação de Pesquisas Cândido Rondon e dedicou-se também às letras, ora lecionando, ora escrevendo. Das paixões, pela história e pelos filmes, nasceram as publicações Freguesia de Nossa Senhora da Guia (1993) e Anos Dourados dos Nossos Cinemas (1996).

Adauto Dias de Alencar, notável roteiro genealógico

Dono de notável produção literária e autor da notável obra Roteiro Genealógico Mato-grossense, Adauto Dias de Alencar (Assaré-CE, 10/08/1931 – Cuiabá-MT, 17/10/2013) saiu ainda criança de seu estado natal, o Ceará, para firmar raízes em Mato Grosso. Entre o Rio de Janeiro (RJ) e Cuiabá concluiu os estudos, graduando-se no Curso Clássico da Moderna Associação Brasileira de Ensino e em Direito pela Faculdade Cândido Mendes, ambas as instituições no estado fluminense. Depois que retornou a Mato Grosso, em 1965, foi diretor de escola, promotor de Justiça; procurador fiscal; delegado regional e defensor público. Não bastasse isso, estudou Filosofia e lecionou latim e literatura portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Entre estes múltiplos campos alicerçou os pilares de sua produção, da qual se destaca a série Roteiro Genealógico Mato-grossense. Por sua rica pesquisa, ingressou na Academia Mato-grossense de Letras (AML) e no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT). Além disso, integrou a comissão que oficializou o Hino do Estado, em 1983. Já em 1988, foi procurador do Estado, aposentando-se desta função em 1992. Aos 83 anos faleceu de causas naturais em Cuiabá, onde seu corpo repousa.

Martha Baptista, obras com técnica jornalística

Natural de Corumbá (MS), Martha Baptista foi criada no Rio de Janeiro, onde se graduou em Jornalismo pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1978. Muda-se para Cáceres em 1988, desenvolvendo ali intensa relação com o Pantanal. Em 2003 chega a Cuiabá, onde se especializa em agronegócio, escrevendo para a revista Produtor Rural e atuando em assessorias de imprensa do setor. Além dos veículos de comunicação mato-grossenses, ela contabiliza passagens por editorias variadas de empresas como o jornal O Globo, a revista Veja e o Jornal do Brasil, dentre outros importantes nomes da imprensa nacional. Seu trabalho foi reconhecido com um Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria Informação Política, em 1987, e pelo Prêmio Embrapa de Reportagem (2005). A técnica jornalística é empregada pela autora em obras biográficas como Cantos de Amor e Saudade (2005); Canopus – Uma História de Sucesso (2011); Algodão (2016) e André Maggi – Do Cabo da Enxada ao Centro do Agronegócio Brasileiro (2018). No final de 2018 encerra seu trabalho na Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e passa a se dedicar a produções independentes como jornalista e escritora.

Eduardo Mahon, obras com fantasias e misticismos

Versátil, polêmico e e possuidor de incontestável saber, Eduardo Moreira Leite Mahon (Rio de Janeiro, 12 de abril de1977), veio pra Cuiabá com quatro anos. Conclui o segundo grau no colégio São Gonçalo e em seguida é aprovado em primeiro lugar no vestibular para o curso de direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Já graduado, a partir de 1999, especializa-se em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e em Processual Penal, pela Escola Superior de Direito. Na juventude mostra predileção por Tolstoi, Thomas Mann, Balzac e Suassuna e se apaixona pela teatrologia grega e literaturas russa, alemã e inglesa. A aguçada preferência faria bases para sua consolidação como dramaturgo, iniciada com a publicação das crônicas Nevralgias (2013). A partir daí lançou mais de 15 livros, dentre os quais Doutor Funéreo (2014) e o Cambista (2015). Muitas destas páginas remetem à fantasia e aos misticismos, mais evidentes, especialmente na sua obra-prima, O Fantástico Encontro de Paul Zimmermann, romance publicado em 2016. Membro da Academia Mato-grossense de Letras (ABL), torna-se, em 2013, o segundo escritor mais jovem a presidir a instituição, aos 36 anos, entidade que José de Mesquita fundou e dirigiu com apenas 29. Ficou conhecido por abrir o diálogo e promover a relação entre os imortais da academia com a sociedade.