Miguel Oswaldo Penha: ícone do Naturalismo em Mato Grosso

Filho de um indígena boliviano com uma indígena bororo, Miguel Oswaldo Penha (Cuiabá – MT, 1961) nasceu na região do Sucuri, Cuiabá, em 1961. O pai, ceramista e lavrador, proporcionou suas primeiras interações artísticas. Miguel começa a se interessar pela arte aos dez anos, quando já fazia alguns desenhos. Suas experiências com a paisagem viriam a acentuar seu apreço pelo naturalismo. Aos 18 anos ingressa no curso de História da Arte, na Funarte, em Brasília (DF), com o professor e crítico de arte João Evangelista.  A partir da década de 1980 começa a participar de diversas exposições coletivas e individuais em Brasília, São Paulo (SP), Porto Seguro (BA), Goiânia (GO), Teresina (PI), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Belém (PA) e São Luís (MA), além de Bolívia, Viena e Alemanha. Entre 1987 e 2006 fez séries de viagens em busca de suas raízes por várias nações indígenas: Bakairi, Xavante, Caiapó e Krahô, aprofundando cada vez mais seu conhecimento sobre natureza, árvores, plantas medicinais e construções tradicionais. Neste período muda-se para Chapada dos Guimarães e assume a pintura de forma profissional. Atualmente, é um dos principais representantes do naturalismo no Estado.

Mari Bueno: arte inspirada pela essência da Região Amazônica

A artista chegou ao norte de Mato Grosso aos três anos de idade, junto com sua família, que buscava melhores condições de vida. A memória afetiva da infância de Mari Bueno (Marechal Cândido Rondon – PR, 1971), principalmente os cheiros, as formas, as paisagens da região e os costumes dos moradores locais viriam a permear a iconografia de suas obras. Filha de uma artesã, começa a realizar suas primeiras exposições, de forma amadora, em 1992. À época cursava Letras, se profissionalizando nas artes plásticas pela necessidade de dedicar-se exclusivamente à atividade. Suas telas retratam características da região amazônica, tendo como temas as questões indígena e ambiental, mostrando a fauna e flora. Além disso, a muralista contemporânea especializou-se em Arte Sacra, tendo pintado murais em igrejas de todo o Brasil. As características de seu trabalho lhe garantiram participação em exposições em museus, galerias e salões da América, África e Europa e dos Estados Unidos. Dentre as mais de 20 premiações recebidas, destacam-se Menção Especial, Academia Anglo-italiana de Arte, Museu Chianciano, Siena, Itália, em 2012; e em 2013, Menção Especial na Bienal de Londres, Inglaterra, e Hour Concour na Carroussel do Louvre, na França.

Márcio Aurélio: a essência do cerrado retratada em suas telas

Pintor, objetista e desenhista, o artista cuiabano Márcio Aurélio dos Santos (Cuiabá – MT, 1955) reaproveita elementos e materiais corriqueiros para transformar e dar vasão à sua arte, retratando, principalmente, a essência do cerrado em suas telas. Considerado um dos expoentes da segunda geração de artistas mato-grossenses, frequentou o Ateliê Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso. Assim como muitos artistas que começaram nesse período, participa do Salão Jovem Arte Mato-grossense, tendo se destacado nas edições de 1977 e 1978, quando é reconhecido com vários prêmios. A partir de 1979 é convidado para diversas exposições coletivas e realiza outras individuais, em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, São Paulo (SP) e Campo Grande (MS). Em 2016 retorna às origens, apresentando uma série de obras relacionadas ao cerrado, na exposição Reflexões Telúricas, em Chapada dos Guimarães. Além das telas, o artista tem um vasto trabalho desenvolvido a partir da manipulação de descarte, utilizado como crítica a sociedade de consumo como latas, arames, pedaços de madeiras, plástico e telhas, entre outros.

Marcelo Velasco, detalhes arquitetônicos e mobiliários

Integrante da segunda geração de artistas plásticos mato-grossenses, Marcelo Velasco (Cuiabá – MT, 1963) faz sua estreia em 1978, com incentivo da crítica de arte Aline Figueiredo e do artista Humberto Espíndola.  Inicia seus trabalhos registrando o patrimônio arquitetônico de Cuiabá. Na década de 1980, participa de diversas exposições coletivas no Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP-UFMT). Entre 1983 e 1987, trabalha como alegorista da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro.  Também realizou ações artísticas como cenógrafo e aderecista em shows e espetáculos teatrais. Em 1985, forma-se em Educação Artística, na UnB. Além disso, faz também ilustrações de livros e cartilhas, e, em 2001, coordena um projeto de oficinas de gravura em metal, serigrafia e arte digital. Seu trabalho é conhecido por composições com elementos da cultura regional, com detalhes arquitetônicos e mobiliários bastante definidos. Em 2006 conclui o mestrado em Estudos de Linguagens na UFMT, onde, atualmente é doutorando em Estudos de Cultura Contemporânea. É professor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), na área de Arte-educação.

Luis Segadas, autor a célebre pintura ‘Irreversível’

Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso (ECCO- UFMT), Luis Antonio Segadas (Rio de Janeiro – RJ, 1965) chega a Cuiabá em 2012 e atua entre os campos das artes gráficas, plásticas, design, cenografia, impressões, digitais e videoarte. Desenhista e caricaturista gráfico, é conhecido pela experimentação poética no ciberespaço. Uma de suas obras, “Irreversível”, foi selecionada para a etapa nacional do Festival Cultural BB 2011, na categoria pintura. Em 2013, participa de vários eventos em Cuiabá, como: Mostra de Arte Contemporânea de Artistas Mato-grossenses, sob a curadoria de Divino Sobral, e Salão de Arte de Mato Grosso, ambos no Palácio da Instrução, realizados pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC). No mesmo ano participa da exposição ‘In – dios – sincronias’, no Museu de Arte e Cultura Popular da UFMT (MACP), e da curadoria do Circuito Cultural Setembro Freire, por meio da criação visual do evento e suas aplicações gráficas. Seu trabalho é marcado por características como: arte híbrida, arte em seu viés mais contemporâneo e arte em suas múltiplas facetas para experimentações.

Lara Donatoni, trabalho com tom sustentável e ambiental

Tendo a madeira como base de sua arte, Lara Donatoni Matana (Andradina – SP, 1969) iniciou os estudos em artes aos 22 anos, por meio de cursos livres e pesquisas individuais de materiais. À época buscava definir sua própria linguagem artística. Muda-se para Cuiabá, em 1983 e, a partir de 2000 passa a apostar nas poéticas em abstração formal, descobrindo diversas possibilidades na madeira, que viria a se transformar na base para suas criações. A matéria-prima, originada de descarte ou de troncos de árvores caídas, representa uma de suas principais propostas: o dever da conscientização ambiental pela sustentabilidade.  Sendo assim, dedica-se ao estudo continuo de técnicas de escultura para atingir todas as possíveis formas, e algumas intangíveis, de trazer a arte natural existente em cada restolho de lenha que trabalha. Em 2007 entra para a Academia Brasileira de Belas-Artes, tendo, no ano seguinte, sua elevação de grau para a cadeira nº 2, cujo patrono é o pintor Henrique Bernardelli.  Em Cuiabá, participou do Salão Jovem Arte Mato-grossense e idealizou a escultura do “Troféu Guará”, do Festival de Cinema Ambienta. Participou ainda de várias exposições coletivas e individuais em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).