Maria Ponce de Arruda Muller nasceu em Cuiabá-MT, no dia 09 de dezembro de 1898. O amor à educação é a mais importante lição ensinada pela professora Maria de Arruda Müller. Dedicou 76 anos da sua vida aos estudantes cuiabanos. Só deixou as salas de aulas aos 96 anos, com problemas de saúde.
A escritora, professora e poetisa, aos cinco anos já estava alfabetizada. É descendente da família Arruda, uma das mais tradicionais da cidade de Cuiabá. Filha do coronel João Pedro de Arruda e Adelina Ponce de Arruda era neta de Generoso Ponce de Arruda, um dos políticos mais atuantes no século XIX, no estado de Mato Grosso. Em abril de 1919, casou-se com o primeiro interventor do Estado de Mato Grosso, Júlio Strubing Müller. Foi esposa, mãe, avó e bisavó; teve sete filhos, 23 netos e mais de 57 bisnetos e 5 tataranetos.
Maria foi inovadora como ativista cultural. Fundou em 1919 a primeira revista feminista mato-grossense, A Violeta, que circulou na primeira metade do século XX. Assinava a publicação com os pseudônimos de Mary, Chloé, Vampira, Consuelo, Sara, Lucrécia, Ofélia e Vespertina. Foi comprometida com o social. Fundou o Abrigo Bom Jesus de Cuiabá (dos Velhos) e o das Crianças, em primeiro de fevereiro de 1.940;
Maria Ponce de Arruda Müller (Maria Müller), na década de 1930, foi a segunda mulher a integrar os quadros acadêmicos ocupando a cátedra nº 7, patrocinada pelo Cônego José da Silva Guimarães. A acadêmica centenária deixou uma preciosa contribuição intelectual para Mato Grosso.
Em 1942, revelando seu lado de ativista feminina, fundou a Sociedade de Proteção à Maternidade e Infância de Cuiabá. Presidiu a LBA – Legião Brasileira de Assistência durante a segunda Guerra Mundial, inclusive providenciando cuidados para com as famílias dos soldados.
Como escritora, publicou em 1972 o livro ‘Família Arruda’. Anos depois, em parceria com a amiga, musicista e poetisa Dunga Rodrigues, escreveu “Cuiabá ao longo de 100 anos”. Outra obra de sucesso foi lançada em comemoração ao centenário de Maria de Arruda Müller. No ano de 1998 ela publicou “Sons Longínquos”, uma coletânea de poemas da professora. Os livros e revistas de autoria de Maria Müller a levaram a romper preconceitos.
Sua atuação rendeu-lhe outra importante homenagem: um dos colégios mais tradicionais de Cuiabá, o Colégio Estadual de Mato Grosso, depois Liceu Cuiabano, foi rebatizado como Maria de Arruda Müller. A professora não está mais entre nós. Faleceu no dia 4 de dezembro de 2003, vítima de um infarto, em um hospital da capital.
No último ano de vida, ela recebeu a maior homenagem da sua história. Por ter sido a professora mais antiga do Brasil, o Ministério da Educação entregou-lhe, em 2002, como prêmio a comenda de Ordem Nacional do Mérito Educativo, grau de Grande Oficial. Essa comenda prestigia personalidades que prestaram serviços excepcionais à educação.