As cavalhadas recriam os torneios medievais e as batalhas entre mouros e cristãos

Montados em cavalos devidamente paramentados, cavaleiros ricamente ornamentados competem pela guarda da rainha ao longo de um espetáculo que alude a famosos episódios da história e da literatura universal, como a Guerra de Tróia e as Cruzadas.  O som do repique da caixa dá ritmo à disputa entre Mouros e Cristãos e marca a tradicional Cavalhada, realizada anualmente no município de Poconé (100km de Cuiabá).

A apresentação simula o conflito entre católicos e muçulmanos pela consolidação do cristianismo na Idade Média. Para isso, formam-se dois exércitos com 12 cavaleiros cada: de um lado, Cristãos, representados pelas roupas azul turquesa, do outro, Mouros, representados pelas vestimentas vermelhas. Entre eles há um mantenedor, um embaixador e 10 soldados, além de um auxiliar para cada cavaleiro, os pajens, normalmente crianças.

A batalha começa com o rapto da rainha moura, que ao longo do embate é resguardada por um festeiro. A partir daí, outros personagens e elementos cênicos, como encapuzados, caixeiro, máscara, guardas do castelo, auxiliares de pista, narradores e locutores, se revelam ao público. Embora a encenação garanta sempre a vitória cristã, as provas ou “corridas”, asseguram pontos a cada combatente, que pode contribuir com seu exército.

Ao final, bandeiras brancas são estendidas em pedido de paz, os mouros são rendidos e convertidos. Toda esta dramatização é possível graças ao elenco, formado majoritariamente por membros de famílias pantaneiras que mantém a tradição como herança repassada entre gerações. Portanto, assim que um encontro termina, novos festeiros são sorteados e têm início os preparativos para a próxima edição.

De origem portuguesa, a Cavalhada chegou a Mato Grosso em 1769 e fixou-se em Poconé, como ato de louvação aos santos, em especial ao Divino Espírito Santo e ao Glorioso São Benedito. Registros também apontam que sua estreia homenageou Luiz Pinto de Souza Coutinho, terceiro governador do estado. Desde o século XVIII, contudo, sofreu interrupções, tendo sido quase ignorada durante os anos de 1954 e 1990.

Retomada em paralelo à Festa de São Benedito, em junho, a Cavalhada conta, para além do embate, com o Baile dos Cavaleiros, a pirotécnica Festa da Iluminação, a Dança dos Mascarados, siriri e cururu, sendo normalmente encerrada com um grande show popular. O encontro movimenta a cultura, turismo e economia da cidade, reunindo centenas de moradores e turistas em um espetáculo a céu aberto.

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O Almanaque Cuyabá é um verdadeiro armazém da memória cuiabana, capaz de promover uma viagem pela história em temas como música, artes, literatura, dramaturgia, fatos inusitados e curiosidades de Mato Grosso. Marcam presença as personalidades que moldaram a cara da cultura local.

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