O nome Cuiabá carrega consigo uma rica herança cultural e histórica, com diversas interpretações sobre sua origem. Segundo a Carta-relatório de 16 de setembro de 1741, escrita pelo padre jesuíta Agostinho Castanares ao “Adelantado” paraguaio Don Rafael de La Moneda, o topônimo deriva de “Cuyaverá”, um termo guarani pelo qual era conhecido o rio Cuiabá.
Cuyaverá, por sua vez, é uma variação do guarani “Kyyaverá”, que significa “lontra brilhante”. Tal denominação reflete a abundância de lontras e ariranhas que habitavam o rio, cujas peles molhadas brilhavam sob a luz do sol, encantando os olhos dos antigos habitantes. É provável que o nome tenha sido atribuído pelos índios paiaguás, que falavam o guarani e conviviam com a natureza exuberante da região.
No entanto, outras hipóteses também oferecem explicações igualmente fascinantes. Uma delas sugere que o nome provém de “Ikuiapá”, composto pelos termos “ikuiá” (flecha-arpão) e “pá” (lugar), traduzindo-se como “lugar da flecha-arpão”. Essa interpretação remete a um local onde os povos indígenas, especialmente os bororos, pescavam utilizando flechas-arpão. Essa prática ocorria na foz do córrego Prainha (Ikuiébo), afluente do rio Cuiabá, em cuja margem foi erguida a cidade que hoje é a capital de Mato Grosso. A fonética de “Ikuiapá” teria, assim, dado origem ao atual nome da cidade.
Uma terceira versão, baseada no “Glossaria Linguarum Brazilliensium” de Leipziz, propõe que o nome esteja relacionado às árvores cujos frutos eram usados para a confecção de cuias, recipientes tradicionais. Nesse caso, “Cuiabá” seria uma junção de “cuia” (vasilha) e “aba” (criador), significando “rio criador de vasilhas”.
Independentemente da origem definitiva, cada hipótese sobre o nome Cuiabá nos transporta a um passado de rica interação entre os povos indígenas e o ambiente natural, reforçando os vínculos profundos entre história, cultura e geografia na formação da identidade cuiabana.