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A hora da Sesta cuiabana: o cochilo do vigor!

Além do guaraná ralado, acompanhado de uma conversa amena à sombra das árvores ou à beira da calçada nas tardezinhas, o cuiabano cultiva outra tradição igualmente encantadora: a valorização da sesta. Esse breve e reparador cochilo que sucede o almoço é mais do que um hábito, é quase um ritual enraizado na alma da cidade. A sesta, momento de pausa em meio à jornada diária, reflete o equilíbrio entre o labor e o descanso, tão necessário em terras marcadas por altas temperaturas e uma cultura rica em convivialidade. A palavra, de origem latina, remonta à expressão “hora sexta”, que designava a sexta hora a partir do nascer do sol no calendário romano, correspondendo ao horário do meio-dia. Assim, a prática conecta Cuiabá a um legado histórico que atravessa séculos e se adapta às peculiaridades locais. Em Cuiabá, esse instante de recolhimento vai além de uma simples oportunidade para revitalizar o corpo; é uma celebração discreta da simplicidade e do bem-estar, valores que definem a alma do povo cuiabano. A sesta, mais do que um breve descanso, é um legado cultural que atravessa gerações, preservando a harmonia entre o ritmo da vida e as tradições que tornam a cidade única.

Do topônimo “Cuiaverá” ao nome do rio e da cidade

O nome Cuiabá carrega consigo uma rica herança cultural e histórica, com diversas interpretações sobre sua origem. Segundo a Carta-relatório de 16 de setembro de 1741, escrita pelo padre jesuíta Agostinho Castanares ao “Adelantado” paraguaio Don Rafael de La Moneda, o topônimo deriva de “Cuyaverá”, um termo guarani pelo qual era conhecido o rio Cuiabá. Cuyaverá, por sua vez, é uma variação do guarani “Kyyaverá”, que significa “lontra brilhante”. Tal denominação reflete a abundância de lontras e ariranhas que habitavam o rio, cujas peles molhadas brilhavam sob a luz do sol, encantando os olhos dos antigos habitantes. É provável que o nome tenha sido atribuído pelos índios paiaguás, que falavam o guarani e conviviam com a natureza exuberante da região. No entanto, outras hipóteses também oferecem explicações igualmente fascinantes. Uma delas sugere que o nome provém de “Ikuiapá”, composto pelos termos “ikuiá” (flecha-arpão) e “pá” (lugar), traduzindo-se como “lugar da flecha-arpão”. Essa interpretação remete a um local onde os povos indígenas, especialmente os bororos, pescavam utilizando flechas-arpão. Essa prática ocorria na foz do córrego Prainha (Ikuiébo), afluente do rio Cuiabá, em cuja margem foi erguida a cidade que hoje é a capital de Mato Grosso. A fonética de “Ikuiapá” teria, assim, dado origem ao atual nome da cidade. Uma terceira versão, baseada no “Glossaria Linguarum Brazilliensium” de Leipziz, propõe que o nome esteja relacionado às árvores cujos frutos eram usados para a confecção de cuias, recipientes tradicionais. Nesse caso, “Cuiabá” seria uma junção de “cuia” (vasilha) e “aba” (criador), significando “rio criador de vasilhas”. Independentemente da origem definitiva, cada hipótese sobre o nome Cuiabá nos transporta a um passado de rica interação entre os povos indígenas e o ambiente natural, reforçando os vínculos profundos entre história, cultura e geografia na formação da identidade cuiabana. Bibliografia: Cesar Albisetti e Angelo Jayme Venturelli. Enciclopédia Bororo – Vol. 1, pág. 610. S. Cardoso Ayala e F. Simon. Album graphico do Estado de Matto-Grosso. Corumbá/Hamburgo,1914, pág. 52. João Carlos V. Ferreira e Padre José de Moura e Silva. Cidades de Mato Grosso: Origem e Significados de seus Nomes. Cuiabá, J.C.V. Ferreira, 1998.

Igreja Nossa Senhora da Boa Morte: símbolo de fé, história e resiliência

Construída por volta de 1810, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte é um testemunho vivo da devoção e da resiliência histórica em Cuiabá. Edificada em taipa de pilão, método tradicional de construção que reflete as técnicas e os recursos disponíveis à época, a igreja se destacava por sua torre lateral, que, infelizmente, desabou em 1898. Após o ocorrido, o templo foi reformado, preservando sua essência e reafirmando sua importância para a comunidade. Composta por três altares, a igreja abrigava no altar-mor a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Boa Morte, reverenciada com grande fervor pela Irmandade dos Homens de Cor, que a administrava. Essa irmandade, formada majoritariamente por afrodescendentes, encontrou no templo um espaço de expressão religiosa e de resistência cultural, consolidando-o como um símbolo de fé e pertencimento. O festejo em honra à padroeira, realizado anualmente no dia 14 de agosto, atraiu ao longo dos séculos fiéis de diversas regiões, perpetuando a tradição e renovando o compromisso devocional. Em 1905, a igreja foi elevada à condição de Paróquia Nossa Senhora da Boa Morte, ampliando ainda mais seu alcance e relevância espiritual. Reconhecida por seu valor histórico, cultural e arquitetônico, a igreja foi tombada pelo patrimônio histórico em 1987, assegurando sua preservação para as gerações futuras. Hoje, permanece como um marco de fé, memória e resistência, testemunhando a rica história de Cuiabá e o legado de suas comunidades. ________________________________________________________________________ Photographia é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres.

Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus

A Igreja Matriz de Cuiabá, fundada em 1723, é a segunda mais antiga igreja católica da cidade, sendo um dos marcos históricos mais importantes da capital. Inicialmente construída em taipa de pilão, a igreja passou por uma série de reformas e ampliações ao longo dos anos. Em 1739, a estrutura foi reconstruída, e, em 1745, recebeu uma imponente torre, que se tornaria um dos seus principais elementos arquitetônicos. Em 1826, com a elevação de Cuiabá à condição de sede episcopal, a igreja foi oficializada como Catedral de Cuiabá, simbolizando o fortalecimento da cidade como centro religioso da região. Em 1929, uma nova torre foi erguida, substituindo a anterior e conferindo à catedral um visual mais moderno para a época. Contudo, em 1968, o processo de modernização da cidade levou à implosão da estrutura original da igreja, em um momento controverso que visava abrir caminho para novos projetos urbanos. A catedral foi reconstruída em 1973, preservando sua importância histórica e religiosa, mas com um novo projeto arquitetônico. Atualmente, a Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus, como é chamada desde então, permanece no coração de Cuiabá, mantendo-se como um ícone de fé, cultura e história para os cuiabanos e visitantes. Photographia é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

A construção da Igreja do Rosário e São Benedito, um dos marcos históricos e culturais de Cuiabá, teve início em 1725, mas foi oficialmente inaugurada por volta de 1730. A edificação desse templo religioso foi um feito notável, realizado por um grupo de escravizados, compostos principalmente por negros forros e escravos libertos, membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Cuiabá, uma confraria que surgiu com o intuito de promover a religiosidade e o bem-estar da comunidade negra da época. A igreja foi erguida com materiais tradicionais da época, como a taipa de pilão, técnica de construção que utilizava barro, madeira e outros elementos naturais, refletindo a simplicidade e a resistência de uma época de profundas desigualdades sociais. No entanto, sua construção também simboliza a fé, a perseverança e o espírito de resistência dos negros que, apesar das adversidades impostas pela escravidão, conseguiram criar um espaço sagrado onde podiam se reunir, celebrar e afirmar sua identidade cultural e religiosa. O interior da igreja guarda elementos arquitetônicos e artísticos que refletem tanto a religiosidade popular quanto a herança cultural de um povo que encontrou nas manifestações religiosas uma forma de resistência e afirmação. Ao longo dos anos, a igreja se manteve como um símbolo da contribuição da população negra para a formação e a identidade de Cuiabá, e é considerada um dos principais patrimônios culturais da cidade. Todos os anos, nesta centenária igreja, acontece a tradicional Festa de São Benedito , evento religioso que atrai fiéis e visitantes de todos os lugares. A festa, que remonta às origens da irmandade, é marcada por expressões de fé, música e manifestações culturais que resgatam e preservam as tradições de um povo que, ao longo dos séculos, manteve viva sua identidade religiosa e cultural. A celebração é um dos maiores e mais aguardados eventos do calendário religioso de Cuiabá, sendo um verdadeiro tributo à resistência e à fé da população cuiabana. Photographias é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres.

Beco Alto: o íngreme marco histórico de Cuiabá

O Beco Alto, um prolongamento da Travessa dos Bandeirantes, é um trecho de grande importância histórica e geográfica em Cuiabá. Situado entre as ruas Ricardo Franco (antiga rua das Pretas e do Meio) e Pedro Celestino (antiga rua das Trepadeiras ou rua Augusta), este beco é caracterizado por sua topografia íngreme, proporcionando uma vista única da cidade. No topo do Beco Alto, encontra-se o icônico Casarão do Beco Alto, palco onde ocorreu o fatídico atentado em 1936 contra os senadores Vilas Boas e Vespasiano Martins. Esse episódio de grande repercussão marcou a história política de Cuiabá e do estado de Mato Grosso, refletindo as tensões políticas da época. O Beco Alto, com sua localização estratégica e importância histórica, não apenas se destaca como um dos pontos mais elevados da cidade, mas também guarda as memórias e os momentos decisivos que moldaram a trajetória de Cuiabá, sendo um testemunho vivo da evolução e dos acontecimentos que marcaram a cidade ao longo do tempo. Photographias é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres. (texto adaptado/Cuiabá da tchapa e da cruz/Tenuta, José Augusto e Ruas de Cuiabá/Mendonça, Rubens de)

Ponte de Seo Xande, a ferragista e o Bar Soraya

No entroncamento da antiga Prainha, um cenário repleto de memórias, destacava-se a histórica Ponte de Seu Xande, que se erguia em frente à ferragista que levava o mesmo nome, marcando a transição entre os fundos da Igreja Senhor dos Passos e o início da Rua Voluntários da Pátria, outrora chamada Travessa da Alegria. Ali, pulsava a vida noturna cuiabana, com o célebre Bar Soraya dominando a esquina estratégica, atraindo boêmios e madrugadores em busca de suas renomadas iguarias. Seu Xande, figura marcante da antiga Cuiabá, comandava sua ferragista próxima à Prainha, local que fervilhava de movimento e histórias. Mais que um comerciante, ele era um símbolo de acolhimento e carisma, tornando-se parte essencial do cotidiano vibrante da região. À noite, o Bar Soraya transformava-se em refúgio para os amantes da madrugada, oferecendo pratos como o escaldado e o revirado, que alimentavam tanto o corpo quanto as conversas animadas. Mais que um simples ponto de encontro, o local ecoava o espírito de uma Cuiabá que celebrava a vida nos pequenos detalhes de seu cotidiano. Photographias é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres.

Ponte Júlio Müller

O governador de Mato Grosso, Júlio Müller (1937-1945), foi o responsável pela construção da ponte que leva seu nome, um marco do programa de Integração Nacional conhecido como “Marcha para o Oeste”, promovido pelo governo de Getúlio Vargas. Ligando Cuiabá a Várzea Grande, a obra simbolizou um importante avanço na infraestrutura e conectividade da região. Desde a autorização para sua construção até a conclusão, transcorreram dois anos e quatro dias, durante o mandato de Júlio Müller. Com 224 metros de extensão, a ponte foi projetada em concreto armado, oferecendo uma pista de 6 metros para a passagem de dois veículos, além de passeios públicos laterais. Para a navegação, foi incluído um vão de 40 metros, essencial para o tráfego fluvial do Rio Cuiabá. A ponte foi oficialmente inaugurada pelo interventor de Mato Grosso, Júlio Strubing Müller, consolidando-se como um marco na integração e desenvolvimento do estado. Photographias é um projeto cultural de pesquisa da central de documentação de dados do Almanaque Cuyabá. A iniciativa visa resgatar imagens históricas da cidade homônima. As ilustrações selecionadas nesta Categoria são, em sua grande maioria, de domínio público; outras, creditadas à fotógrafos, editores, colecionadores, instituições e a plataformas digitais congêneres.

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