Paulo Pires de Oliveira, a geologia como inspiração

De origem humilde, durante a infância, Paulo Pires de Oliveira(Poxoréu – MT, 1972) fazia os próprios brinquedos. Escolheu Rondonópolis para morar desde 1990. Foi lá que começou a criar suas primeiras esculturas, se aperfeiçoando na técnica e passando a transformá-las em pequenas figuras humanas, iniciando assim o trabalho com entalhes em madeira, desenvolvidos a partir do descarte da marcenaria onde trabalhava. O contato com a rocha surgiu depois, ao acaso, durante um passeio. À beira de um rio, onde escrevia poesias, viu uma pedra e pensou em usá-la como material para se expressar. Passou então a produzir peças em arenito e pedraferro, nas quais referencia a sutileza das relações humanas. O trabalho garantiu participação em várias edições do Salão Jovem Arte Mato-grossense, ocasiões nas quais chegou a ser premiado. Em 2002 também fez parte do Salão de Artes de Rondonópolis. No ano seguinte, realiza a sua primeira exposição individual no Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT). Além disso, assinou obras para mostras coletivas em Campo Grande (MS), em 2004; Rondonópolis, 2009 e 2010; e Belém (PA), 2006, 2007 e 2008.
Osvaldina dos Santos, trabalho caracterizado pela regionalidade

Quando pensava em se aposentar como professora primária, Osvaldina dos Santos (Cuiabá- MT, 1931 – 2010) exerceu o magistério dos 19 aos 46 anos. Descobriu as artes plásticas como nova atividade a ser desenvolvida. Começa então a se dedicar à pintura em 1979, no Ateliê da Fundação Cultural, em Cuiabá, supervisionada por Dalva de Barros. A artista, que também viveu em Corumbá (MS), tem o trabalho caracterizado pela regionalidade. Participou de várias edições do Salão Jovem Arte Mato-Grossense, onde obteve premiações em 1982 e 1984. Em 1983 foi premiada no VI Salão Nacional de Artes Plásticas e diversos prêmios em salões no interior de São Paulo, além de vencer, em 1989, a Concorrência Fiat. Já em 2001 apresentou a mostra “Lembranças”, no Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT). Fez parte ainda do projeto “Panorama das artes plásticas em Mato Grosso no século XX”, realizada de 17 de dezembro de 2003 a 17 de janeiro de 2004, no Studio Centro Histórico, em Cuiabá. Casarios, festas populares e o apelo religioso e cotidiano povoam a iconografia de suas telas. A artista faleceu em agosto de 2010, em sua residência, na Capital.
Olímpio Bezerra: peculiaridades da vida nas pequenas cidades

Ainda criança, ele já dava sinais de seu interesse pelas artes. Vizinho de uma fábrica de cerâmica, Olímpio Bezerra(Araçatuba – SP) buscava restos de tintas no lixo e trocava o trabalho na roça para passar horas pintando suas primeiras peças. Aos 17 anos, muda-se para a capital de São Paulo. Em 1977, participa de uma exposição coletiva no Salão Embu, na qual recebe Menção Honrosa. É um dos representantes do estilo naif em Mato Grosso. Morando há quase três décadas em Cuiabá, é conhecido por reutilizar material descartado e aplicar a pintura em variadas superfícies como madeira, porta de armário, cabeceira de cama, cabaças e discos de vinil, além das tradicionais telas. O trabalho também é marcado pela presença de elementos que evocam as peculiaridades da vida nas pequenas cidades do interior do Brasil. Nas obras retrata moradias simples e pessoas comuns caminhando pelas ruas, O artista participou de várias exposições individuais e também coletivas em vários estados do país como São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso, e no exterior, em países como os Estados Unidos, Alemanha e Grécia. Também já se apresentou em exposições Internacionais nos museus de Nápole, Itália; Nice, na França e Pequim, na China.
Nilson Pimenta, paisagem com inconfundível grafismo

Chegou com a família a Mato Grosso aos seis anos de idade. Em paralelo ao trabalho na roça, Nilson Pimenta(Caravelas BA 1957) aprende a desenhar de forma autodidata. Em 1978, já estabelecido em Cuiabá, aprimora o traço e inicia-se na pintura, sob orientação de Aline Figueiredo e Humberto Espíndola. A pintura levou-o a trabalhar como guarda-vigilante e depois como supervisor do Ateliê Livre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em 1981 torna-se orientador do Ateliê Livre do Museu de Arte e Cultura Popular (MACP) da instituição. Desde o início de sua carreira destaca-se como artista naif, recebendo diversos prêmios em salões. A imersão da figura humana na sua paisagem de inconfundível grafismo, nos anos 1980 e 1990, não impede que a cor forme com este uma trama cerrada, em que predominam azuis, verdes e marrons. Seu trabalho é movimentado por uma crispação dramática, e seu olhar, contemporâneo e ágil nos temas que representa, pode ir desde um casamento no Pantanal até os crimes em série do “motoboy” paulistano. Participou da Bienal Naifs do Brasil (1988 e 2000) e da “Mostra do Redescobrimento” Brasil 500 (2000). Nilson faleceu em dezembro de 2017, vítima de um ataque cardíaco.
Moacyr Freitas, obra com apelo no período provincial e colonial

Primeiro arquiteto e urbanista da cidade, Moacyr Freitas (Cuiabá – MT, 1930) muda-se para o Rio de Janeiro-RJ, em 1960, onde conclui a graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Brasil. É um dos responsáveis pelo projeto de construção da rodoviária de Cuiabá e teve grande participação na elaboração do conceito arquitetônico e urbanístico do Centro Político e Administrativo de Cuiabá (CPA). Professor, historiador, escritor e artista plástico, Moacyr também assina o Marco Zero de Cuiabá. Dirigido por uma comissão especial criada pela Associação de Moradores do São Gonçalo Beira-Rio, o projeto referencia a região, considerada como o primeiro bairro da capital mato-grossense. Além das obras arquitetônicas, ele é autor de vários livros que colaboram com o acervo iconográfico do Estado, uma vez que guardam registros de cenas dos períodos provincial e colonial. Entre suas contribuições, destaca-se o álbum Gravuras Cuiabanas, no qual registrou a história e os principais pontos de Cuiabá de antigamente. Foi ainda membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e docente aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tendo contribuído para sua fundação, na década de 1970.
Miguel Oswaldo Penha: ícone do Naturalismo em Mato Grosso

Filho de um indígena boliviano com uma indígena bororo, Miguel Oswaldo Penha (Cuiabá – MT, 1961) nasceu na região do Sucuri, Cuiabá, em 1961. O pai, ceramista e lavrador, proporcionou suas primeiras interações artísticas. Miguel começa a se interessar pela arte aos dez anos, quando já fazia alguns desenhos. Suas experiências com a paisagem viriam a acentuar seu apreço pelo naturalismo. Aos 18 anos ingressa no curso de História da Arte, na Funarte, em Brasília (DF), com o professor e crítico de arte João Evangelista. A partir da década de 1980 começa a participar de diversas exposições coletivas e individuais em Brasília, São Paulo (SP), Porto Seguro (BA), Goiânia (GO), Teresina (PI), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Belém (PA) e São Luís (MA), além de Bolívia, Viena e Alemanha. Entre 1987 e 2006 fez séries de viagens em busca de suas raízes por várias nações indígenas: Bakairi, Xavante, Caiapó e Krahô, aprofundando cada vez mais seu conhecimento sobre natureza, árvores, plantas medicinais e construções tradicionais. Neste período muda-se para Chapada dos Guimarães e assume a pintura de forma profissional. Atualmente, é um dos principais representantes do naturalismo no Estado.