Valdivino Miranda, autor da notável tela ‘Amor de peixe’

Em 1990 o artista plástico Valdivino Miranda (Itiquira – MT) começou sua trajetória profissional depois de frequentar o Ateliê Livre, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde aprendeu com artistas mais experientes, como Nilson Pimenta. Valdivino é natural de Itiquira e desde jovem nutre paixão pela pintura. Seus trabalhos de maior destaque são marcados pela recorrência de figuras zoomorfizadas. Sendo assim, as imagens expressam mudança e transformação: de um mesmo tronco com forma animal surgem vários braços e pernas alongadas e entrelaçadas com várias cabeças humanas. As telas também flertam com a cultura e as paisagens mato-grossenses. Ao longo da carreira participou de diversas exposições e bienais do circuito nacional, entre elas a Bienal Naifs do Brasil, em Piracicaba (SP), na edição de 2010. O artista também foi premiado no XIX Salão Jovem Arte Mato-grossense, em 2000, e teve três pinturas selecionadas para a edição de 2013, sendo elas: “Amor de peixe”, “Amamentação do ser marinho” e o “Beijo do polvo”. Também integrou exposições no Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco (PE), no Museu de Arte Moderna da Bahia (BA); e do Salão Unama de Pequenos Formatos, em Belém (PA).

Sitó, artista aclamado pela releitura da ‘Santa-Ceia’

Acompanhado pela esposa e também artista plástica Alzerina Nascimento, Antônio Pereira da Silva Sitó (Ceará, 1931 – Cuiabá –MT, 2012), conhecido como Sitó, chegou a Rondonópolis em 1958. Em 1974 chega a Cuiabá, onde passa a ter contato com o movimento de artes plásticas encabeçadas pelo Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT) e, posteriormente, pela Fundação Cultural. Além de pintar ele também projetava violões, violinos, e outros instrumentos musicais, tendo trabalhado também como ferreiro, lavrador e metalúrgico. Assim, a pintura surgiu em sua vida como alternativa para ganhar a vida. Católico fervoroso, consagrou-se ao fazer sua releitura da “Santa Ceia”, rebatizada como “Ceia mato-grossense”, na qual foram utilizados o caju, o pequi e outros elementos da região. O artista trabalhava mergulhado no ateliê-oficina de luteraria, onde tintas, pincéis e parafusos, telas e violas convivem sem maiores complicações. Representante do estilo naif, alcançou reconhecimento local e nacional por seu trabalho, no qual as representações humanas assumiam a centralidade. Foi ainda presidente da Associação Mato-grossense dos Artistas Plásticos, tendo falecido em dezembro de 2012, aos 81 anos.

Sebastião Silva, arte com uso de madeira, tinta, carvão e objetos

Cuiabano do bairro Pedregal, Sebastião Silva (Cuiabá – 1970) transita, desde criança, pelo universo dos desenhos e das cores. Em 1981, aos 12 anos de idade, começa a frequentar o Atelier Livre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde foi orientado por Aline Figueiredo e Nilson Pimenta. Também graduado em História na mesma instituição, faz parte da terceira geração de artistas plásticos do Estado. Pintor, desenhista e escultor autodidata, aposta em diferentes materiais e técnicas para se expressar-se. Exemplos disso são trabalhos criados a partir de madeira, guache, tinta acrílica, carvão, cinzas e objetos variados. Seu baú iconográfico guarda referências que variam entre elementos da fauna, flora e cultura popular mato-grossense, além de denúncias contra a extração ilegal de madeira e o desmatamento. Participou de exposições coletivas e individuais em locais como Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP) da UFMT; Salão Jovem Arte Mato-grossense; no Museu de Arte de São Paulo (Masp) em São Paulo (SP); Museu de Arte Brasileira em Brasília (DF); Bienal Naïfs do Brasil no Sesc Piracicaba (SP) e Brazilian Naïfs Art From The Sesc Collection, em Chicago (EUA).

Roberto de Almeida, fauna com repertório de bom humor

Ex-sem-terra que, nos acampamentos, descobriu-se escultor ao entalhar pedaços de troncos e galhos caídos, Roberto de Almeida(Poxoréu – MT, 1964 – Cuiabá – MT, 2015) é considerado como um dos mais importantes artistas populares brasileiros revelados na década de 1990. Muda-se para Cuiabá em 1993 e, na sequência, participa das edições do Salão Jovem Arte Mato-grossense de 1997, 1998 e 2003, sendo premiado em todos estes anos. Integrou, dentre outras, exposições coletivas no Museu de Arte e Cultua Popular da Universidade Federal de Mato Grosso (MACP/UFMT) e na Galeria de Arte Mato-grossense, realizada na Casa Cor, ambas no ano 2000. O trabalho é conhecido pelo senso de proporção e síntese, ressaltando-se também a desenvolvida capacidade de desenvolver formas e movimento. Ao longo da carreira, dedicou-se a uma única temática: a fauna. A partir da observação dos animais, o escultor e artesão os reproduzia com numeroso repertório de soluções técnicas, tatus, tamanduás e outros, representando-os com originalidade e bom humor. Roberto faleceu em 2015 e, atualmente, suas peças ainda são disputadas por colecionadores de todo o país.

Regis Gomes, arte marcada pela preservação das raízes

Nascido no tradicional bairro cuiabano Araés, Regis Gomes (Cuiabá – 1975) começa a criar personagens de gibis junto aos colegas de escola, ainda na infância. Aos 16 anos participa pela primeira vez do Salão Jovem Arte Mato-grossense, período em que passa a estudar no Ateliê Livre, com Osvaldina dos Santos. Em 2014 realiza a exposição “Nossa Cultura”, que mostra seu amadurecimento, recebendo elogios pelo domínio do traço e da cor. Nesse mesmo ano expõe na Casa Brasil, em Nova Iorque, com o tema “As Cores do Pantanal”. Em 2015 foi eleito um dos representantes de Mato Grosso no Conselho Nacional de Políticas Culturais, do Ministério da Cultura. O artista também possui vivências com a capoeira e percussão, atuando no grupo de dança afro-mato-grossense Companhia de Dança e Teatro AYOLUWÁ. Regis defende expressão da cultura em cada pedaço do Brasil. Assim, seu trabalho é marcado pela luta pela preservação das raízes, mostrando desde recortes do Carnaval e da roda de samba do Rio de Janeiro ao Olodum e a capoeira do Bahia, passando pelos bois, os índios em todas as suas etnias e as danças do Siriri, Chorado e dos Mascarados, observados em Mato Grosso.

Regina Pena, ricas telas com forte apelo popular

Autodidata, Regina Pena(Cuiabá – MT, 1952 – 2020) passa, a partir de 1974, a pintar profissionalmente, época em que inscreve três obras em uma exposição. Na ocasião, apenas uma das peças foi selecionada, o que a inspirou a aprofundar seus conhecimentos sobre o trabalho. O esforço é recompensado com a participação em diversas exposições coletivas e individuais na Capital e outros estados. Assim, sua produção a leva a Goiânia (GO), São Paulo (SP), Mato Grosso do Sul (MS) e Brasília (DF), garantindo também premiações e reconhecimento. Formada em psicologia, a artista insere em suas obras elementos da natureza, mulheres, relacionamentos, política, metamorfoses e abstrações com geometrias e balões. As telas, de forte apelo popular, são marcadas pelos traços delicados, profusão de cores e formas e pinceladas rápidas. Regina sofria de esclerose múltipla desde 2006 e, mesmo acamada há pelo menos 5 anos, utilizava um tablet para continuar com sua obra. Em 2011 começou a produzir gravuras digitais e poemas, transformando as limitações em novas possibilidades artísticas. Em 2015, lança o livro Voo Solo, com poemas e ilustrações, e em 2019 realiza exposição por meio de plataforma de arte digital. A artista faleceu em agosto de 2020.