Esculpida em 1997 pelo renomado artista plástico Jonas Corrêa, a estátua da deusa Thêmis, símbolo universal da Justiça, ocupa um lugar de destaque na histórica Praça da República, em Cuiabá. Criada a partir de uma profunda reflexão sobre os paradoxos da justiça brasileira, a obra nasceu do convite para contribuir com um evento em celebração à defesa dos Direitos Humanos. No entanto, Jonas optou por ir além de uma representação tradicional, concebendo uma peça que denuncia a injustiça e sintetiza as impunidades que permeiam o país.
Nessa releitura provocativa, Thêmis é apresentada de forma irreverente e impactante. Vestida como uma prostituta, simboliza a vulgarização e a prepotência da Justiça em uma sociedade marcada por desigualdades. Sentada sobre as tábuas das leis, ela ignora as súplicas ao seu redor, emanando indiferença e desdém. Sua espada repousa inerte, incapaz de impor temor ou ação, refletindo a passividade frente às clamorosas demandas por equidade.
Aos pés da deusa, um idoso desesperançado e uma menina vulnerável retratam o abandono e a impotência dos mais fragilizados. Comoventes em sua expressão de dor, eles são testemunhas silenciosas da omissão e do descaso. A escultura transcende o campo artístico, tornando-se um manifesto visual contra as injustiças que persistem e uma poderosa chamada à reflexão sobre o verdadeiro papel da Justiça em nossa sociedade.