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De Capelinha à Catedral: o primeiro pároco da Igreja Matriz

A Capela do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, que mais tarde se tornaria a catedral homônima, ergueu-se no Largo da Matriz — hoje Praça da República — em 1720, sob a iniciativa do paulista Jacinto Barbosa Lopes. Sua primeira missa, celebrada pelo frei Pacífico dos Anjos em 1722, marcou um dos grandes marcos religiosos e sociais da época. Inicialmente construída em pau a pique, foi elevada à dignidade de diocese em 1826, com frei Pacífico pioneiro na missão. Dedicada ao padroeiro de Cuiabá, a igreja passou por transformações arquitetônicas, sendo reconstruída em taipa de pilão pelo padre João Caetano (1739-1740) e recebendo uma nova Capela-Mor. A primeira torre, erguida em 1755, desabou, mas foi reerguida por frei José de Nossa Senhora da Conceição em 1771, ganhando um relógio em 1842 e sinos em 1871. A catedral original, que testemunhou dois séculos de fé e história, foi implodida em 14 de agosto de 1968, sob protestos de uma população consternada, que viu desabar um dos maiores símbolos de sua identidade cultural e espiritual. Em seu lugar, ergueu-se um templo de concreto armado, inaugurado em 24 de maio de 1973, cuja modernidade não foi suficiente para aplacar a saudade e o lamento por um patrimônio histórico irreparável.

Irmão de Tiradentes em Cuiabá: Episódio marcante da História

Antes da execução de José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, em abril de 1792, seu irmão mais velho, padre Domingos da Silva Xavier, enfrentava um destino conturbado em Cuiabá. Após renunciar à batina para atuar como procurador comercial, Domingos acabou preso, acusado de inadimplência por dívidas contraídas com comerciantes da Bahia e do Rio de Janeiro. Em depoimento, justificou sua ida à Capital como uma tentativa de melhorar de vida e explicou sua decisão de abandonar a vida eclesiástica, conforme comprovam registros oficiais. Contudo, permaneceu um mistério a razão pela qual alterou seu nome e alegou uma naturalidade diferente. Os credores, insatisfeitos, armaram uma tocaia. Conseguiram testemunhas que o acusaram de contrabandear diamantes, agravando a suspeita de inadimplência para uma grave denúncia de crime contra a coroa. Pressionado, Domingos revelou sua verdadeira identidade, buscando os privilégios que a Igreja concedia a religiosos. Por ordem judicial, foi enviado à prisão domiciliar em Santo Antônio do Rio Abaixo (hoje Santo Antônio de Leverger), onde retomou suas funções sacerdotais, celebrando missas. Foi ali que, em meio à reclusão, recebeu a notícia devastadora: seu irmão, Tiradentes, havia sido enforcado em Vila Rica, Minas Gerais, selando o fim de um capítulo trágico na história familiar.

Centenária Rua dos Bandeirantes e a Ponte de João Gomes

A ponte, conhecida como Ponte João Gomes, desempenhava um papel crucial na conexão entre o Beco Alto e a Rua dos Bandeirantes, marcando a geografia e a memória da cidade. Ao seu lado direito, no sentido CPA, situava-se a residência da tradicional família Siqueira, uma das mais respeitadas da região, que deixou sua marca na história local, tanto pela sua presença social quanto pelos serviços prestados à comunidade. Logo adiante, foi palco da movimentação de estudantes e professores do colégio José Estêvão, uma instituição de ensino que representava, para muitos, o berço da educação na cidade. Na outra extremidade da ponte, a casa de Caio de Albuquerque, figura carismática e de grande influência na cidade, era um ponto de encontro e referência para os mais antigos. Próxima a ela, o estabelecimento comercial de João Gomes Monteiro, um próspero comerciante, tornou-se sinônimo de tradição e confiança, sendo justamente o responsável pelo nome da ponte, uma homenagem à sua contribuição para o comércio local. No mesmo cruzamento, existiu o armazém de Seo Hélio, um dedicado comerciante que, com seu atendimento atencioso e produtos de qualidade, conquistou a confiança de todos e consolidou sua importância no comércio local. A Ponte João Gomes, portanto, era muito mais que uma simples travessia; ela se erguia como um símbolo vivo da vida cotidiana e do desenvolvimento de Cuiabá, conectando não apenas ruas, mas também pessoas e episódios que tecem a rica tapeçaria da memória da cidade. Da sua estrutura, era possível avistar a subida íngreme que, como um caminho de fé, guiava os olhares voltados para a Igreja do Rosário e São Benedito, um ponto de devoção e esperança que, ao longe, se erguia com majestade, acolhendo os fiéis em sua promessa espiritual.

Um olhar sobre as primeiras fábricas de Cuiabá

O ciclo das indústrias em Cuiabá teve suas origens entrelaçadas às atividades de extrativismo, inicialmente impulsionadas pela febre do ouro e, mais tarde, pelo comércio da borracha, que marcaram os primórdios econômicos da região. Nessa época, a cidade testemunhou o surgimento de manufaturas de pequeno porte, muitas delas atendendo às demandas locais com criatividade e engenhosidade. Em 1877, por exemplo, a capital mato-grossense viu a fabricação de sabão pela primeira vez, uma iniciativa pioneira que revelou a adaptabilidade da sociedade cuiabana às necessidades cotidianas. A partir desse marco, outras produções começaram a ganhar espaço: botinas, sapatos e chinelos passaram a ser confeccionados localmente, refletindo o esforço em diversificar as atividades econômicas. Sem iluminação elétrica, as velas de sebo tornaram-se indispensáveis, sendo produzidas em pequena escala para suprir as necessidades domésticas. Contudo, o que mais despertou o interesse e a adesão dos cuiabanos foi a produção de cigarros de palha, que ganhou relevância por razões históricas e econômicas. Durante o bloqueio imposto pelo general Klinger em Campo Grande, no contexto da Revolução Constitucionalista de 1932, mercadorias provenientes de São Paulo, incluindo cigarros industrializados, foram impedidas de chegar a Cuiabá. Essa interrupção no abastecimento levou ao ressurgimento e fortalecimento da produção local de cigarros de palha, que, por sua vez, se tornou um símbolo de resiliência e identidade cultural para a população da época. Após o término da revolução e a retomada do fluxo comercial, os cigarros de palha mantiveram sua popularidade, deixando um legado que marcou profundamente a história econômica e cultural de Cuiabá. Essa trajetória, que começou com as práticas de extrativismo e se desdobrou em iniciativas industriais, reflete o dinamismo e a capacidade de reinvenção da sociedade cuiabana ao longo dos séculos.

Sayonara: ‘se você não vai amor, eu vou; vou a Sayonara seja com for’

A boate Sayonara entrou para a história como a mais emblemática casa de espetáculos do Centro-Oeste brasileiro, um palco de grandes encontros culturais e uma referência em Cuiabá. Embora “sayonara” signifique “despedida” em japonês, o nome escolhido para o local não refletia um adeus, mas sim uma homenagem carinhosa aos entes queridos de Nazi Bucair, seu fundador. Nazi, um descendente árabe de semblante sério e bigode cuidadosamente aparado, era um homem de poucas palavras, mas com um coração generoso, e sua boate se tornaria uma das maiores expressões de sua vida. A origem do nome Sayonara vem das iniciais de seus familiares, criando um anagrama simbólico: SA de seu irmão Samir, YO de seu pai Yossef, NA de Nazi e sua irmã Nazira, e RA de seu outro irmão, Ramis. O nome carregava, portanto, não só a história de uma família unida, mas também de um espaço que uniria pessoas e culturas de maneira única. O que começou como uma simples área de lazer de Nazi Bucair se transformou em um dos maiores centros de entretenimento da cidade, recebendo mais de mil artistas renomados. Entre eles, grandes nomes da música brasileira como Roberto Carlos, Waldick Soriano, Beth Carvalho, Vera Fischer, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulinho da Viola, Clara Nunes, e tantos outros, que passaram pelo palco da Sayonara e deixaram sua marca na memória dos cuiabanos. O local também foi palco para os talentos locais, com músicos como China, Penha, Juarez Silva e Marcinha, além de neurozito, o grande compositor cuiabano, brilhando nas noites da boate. Em abril de 1969, a cidade de Cuiabá se encheu de festa com a comemoração de 15 anos da Sayonara e os 250 anos da cidade, com direito a um espetáculo memorável e a chegada de 15 cantores de renome, trazidos por um voo da Vasp (em destaque). Durante esses anos de glória, a boate também recebeu presidentes da República, como Costa e Silva, Jânio Quadros, Médici e João Goulart, tornando-se um ponto de encontro de grandes personalidades. A boate também ganhou fama nas ondas do rádio, com a vinheta musical de Ivo de Almeida, que instigava os ouvintes a se juntarem à festa: “Se você não vai, amor, eu vou, vou a Sayonara, seja como for…” O FIM DA ERA SAYONARA Hoje, a Sayonara existe apenas na memória afetiva dos cuiabanos. O rio Coxipó, que antes parecia abraçar a boate com suas águas, agora mal jorra o suficiente para recordar seus tempos de glória. Antes de sua partida definitiva, Nazi Bucair, com lágrimas nos olhos, observou impotente a destruição de sua criação, quando as máquinas impiedosas derrubaram os últimos tijolos da sua criação. Hoje, a Sayonara vive apenas na memória afetiva dos cuiabanos. O rio Coxipó, que um dia parecia envolver a boate com suas águas, agora mal carrega o suficiente para evocar os tempos de esplendor. Quando chegou o fim de sua história, Nazi Bucair, com o olhar pesaroso, assistiu impotente à destruição de sua obra-prima, enquanto as máquinas derrubavam, sem piedade, os últimos tijolos de um legado que marcou uma era. A tristeza em seu rosto refletia não só o fim de um sonho, mas também a perda de um espaço que, por tanto tempo, foi sinônimo de encontros, música e emoção.

O polêmico mineiro que derrubou a Igreja Matriz

A chegada do bispo mineiro Dom Orlando Chaves à cidade de Cuiabá, em dezembro de 1956, marcou o início de uma era de grandes transformações, mas também de episódios controversos que permaneceriam como feridas abertas na memória coletiva. Escolhido para dirigir a Arquidiocese de Cuiabá enquanto ainda estava em Corumbá, Dom Orlando logo se tornou uma figura central na história religiosa e cultural da capital mato-grossense. Entretanto, foi no fatídico dia 14 de agosto de 1968 que seu nome ficaria para sempre associado a um dos eventos mais polêmicos da cidade: a demolição da centenária Igreja Matriz de Cuiabá. A justificativa oficial para a destruição do edifício, que remontava ao período colonial, foi a necessidade de modernização e a existência de rachaduras que comprometiam sua estrutura. Contudo, o uso de três cargas de dinamite para derrubar as imponentes torres gerou perplexidade e levantou suspeitas que persistem até hoje. Naquele dia, os cuiabanos assistiram, estarrecidos, ao estrondo das explosões que ecoaram pelas ruas da cidade, simbolizando não apenas a queda de um templo, mas também a ruptura com uma parte significativa de sua história. Muitos questionaram a real necessidade de uma medida tão drástica: se as paredes estavam condenadas, por que tanta força foi necessária para derrubá-las? Teria algo valioso escondido sob os alicerces da igreja? Os relatos sobre os bastidores desse episódio são conflitantes. Enquanto alguns afirmam que houve resistência popular contra a decisão, outros apontam que Dom Orlando contou com o apoio de figuras influentes, cujos interesses podem ter contribuído para o desenlace. As vozes de protesto, abafadas pelo peso do poder eclesiástico e político da época, ecoam até hoje nos murmúrios daqueles que vivenciaram a tragédia. A Igreja Matriz, mais do que uma construção, era um símbolo da identidade cuiabana, testemunha de gerações que ali celebraram suas alegrias, derramaram suas lágrimas e encontraram conforto espiritual. Sua destruição, embora justificada sob o manto da modernidade, deixou uma lacuna que nenhuma obra arquitetônica posterior conseguiu preencher. Os mistérios que envolvem a demolição ainda geram debates e especulações, perpetuando a sensação de perda e desamparo. Para quem viveu aquela época, o estrondo das dinamites não foi apenas um som físico, mas um grito de luto pela história de uma cidade que, perplexa, viu parte de sua alma ser reduzida a escombros.

EDIÇÃO#4

LUZ, CÂMERA E AÇÃO! A quarta edição do Almanaque Cuyabá é um convite aos apaixonados por teatro e cinema. Estampa na capa a parte interna do salão de zinco que existiu na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Joaquim Murtinho. Ali foi palco do Cine Parisien e do Teatro Amor à Arte. Além disso, a edição traz os fatos inusitados e acontecimentos marcantes ocorridos na terra de Pascoal Moreira Cabral, conforme anuncia o breve conteúdo abaixo: SUMÁRIO DA EDIÇÃO – Carta ao Leitor – Eu, o leitor – Chico foi o primeiro motorista de ônibus em Cuiabá – Foto inédita: semáforo na Avenida Getúlio Vargas, controlado por manivela – Com nome de ‘Quintilis‘, o quinto mês era Julho: tributo a Júlio César – Este é Digoreste: Benedito Ramiro de Cerqueira – Toda Cidade Tem Seus Tipos: ‘Nico & Lau, só de olhar, já dá vontade de sorrir’! – Vozes das ruas: Totó Leiteiro, ‘Cabeça de Boi’ e João Bento, ‘excelente orador’ – Primeira casa no centro de Cuiabá – Saúde em Cuiabá teve iniciativa de voluntários, religiosos, negros e escravos – Bairro Lixeira já acolheu leprosos no Hospital São João dos Lázaros – Primeira pessoa que faleceu em Cuiabá era canoeiro – A ‘Casa Eufrasina’ que existiu na Rua 7 de Setembro inspirou poeta – Uma Loja cuiabana que vendia de tudo: Trabalho e Constança – Monumento: A altivez do bandeirante se rende à força do negro e à bravura do índio – O inesquecível encontro do Palácio com a Praça Alencastro – A antiga unidade militar se rende aos livros da Biblioteca Pública Estêvão de Mendonça – A fina flor da escrita, recorte de jornal de autoria de Eduardo Mahon, quando jovem – A Fonte Luminosa ainda existe, mas Chafariz, Gasômetro e as Palmeiras foram ‘arrancados’ – As cilindradas da história – Coopermotos – Restos mortais de Dom Pedro I estiveram em Cuiabá ESPECIAL:  Lateral da antiga Igreja Matriz abrigou Carros de Praça – Mestre Inácio: Das Marchinhas, ao Jazz! Os clubes e as duplas cuiabanas – Jejé salvou a imprensa de Mato Grosso – A primeira partida de futebol em Cuiabá teve bola italiana – Em 1727 Cuiabá tinha apenas 949 moradores (por Neila Barreto) – Causos de Aníbal: Rosa Bororo – Categoria de bispado teve renúncia e, por decreto, substituto chegou a Cuiabá sob procuração – Bairro do Porto teve por nomes: Freguesia de Dom Pedro II e Terceiro Distrito – Nome da Rua 24 de Outubro foi fruto de revolta – A Ponte de Ferro do Coxipó veio da Europa e imitava sistema Eiffel – Humor e quizzes – Enigma Figurado – Palavras Cruzadas – Decifre a Charada – Decifre o Anagrama – Origem da Expressão – Teste seu conhecimento – Jogo dos Erros – Este é Digoreste – Horóscopo – Em se plantando, tudo dá! – Obras de autores mato-grossenses Adquirir esta edição

EDIÇÃO#3

O BONDE DA VEZ! “A terceira edição do o Almanaque Cuyabá traz o Bonde da Matriz e luz de azeite de peixe. Mostra a Cuiabá do século 19, onde a Praça da Mandioca era estação dos bondinhos sobre trilhos e com tração animal. A iluminação pública vinha do azeite de lambari, colocado nas ‘geringonças’, como mostra a pintura do artista Régis Gomes, além de fatos inusitados e acontecimentos marcantes ocorridos na terra de Pascoal Moreira Cabral, conforme anuncia o breve conteúdo abaixo: SUMÁRIO DA EDIÇÃO – Carta ao Leitor – Eu, o leitor – Do clamor das ruas é que veio o Dia do Trabalho – Eis que surge o Salário Mínimo: história – A placa do antigo Pelourinho da Praça da Mandioca está intacta – Mosaico Cuiabano é arte milenar – Guardião do Acervo da História Cuiabana – Em dois artigos a escravidão foi abolida e a queda da Monarquia – Sentença dá liberdade a africanos em Cuiabá – Cadê Meus Becos: Beco da Botica – Vai aí um bolo de arroz de dona Eulália? – A Carta que criou a Capitania de Mato Grosso – Defensorias públicas foram criadas pela Constituição de 1988 – Constituição de Mato Grosso promulgada em 1967 – Tribunal de Justiça eras Tribunal da Relação – Café Cosmopolita se tornou Maria Joaquina – Chegada do Chopp preto a Cuiabá ESPECIAL: * Azeite de Lambari gerava luz em Cuiabá * Bondinho da Mandioca andava sobre trilhos e tinha tração animal * A primeira importadora de automóveis de Cuiabá * Comissão Rondon trouxe os primeiros automóveis para Mato Grosso * 1875: diligência oferecia passeio no trajeto Cuiabá / Coxipó / Cuiabá – Prenderam um padre na Igreja Matriz em plena missa de domingo – Biblioteca Pública do Estado e a caligrafia de Estêvão de Mendonça – Um presidente da República cuiabano – IPHAN: Patrimônio da Terra, por Marina Lacerda – Opinião: Palmatória Literária, por Eduardo Mahon – A Rusga e os tesouros enterrados – Centenário de Gervásio Leite, o Vavá de ‘Terra Agarrativa e Linda’ – Pose sertaneja no coração da cidade – Causos de Aníbal: Amor Materno – Na terra do Pantanal também tem Dendê! – O Marechal da Paz – Ponte da Confusão, e ponto final! – Veja com exclusividade detalhes sobre as históricas pontes existentes na Prainha – Humor e quizzes – Enigma Figurado – Palavras Cruzadas – Decifre a Charada – Decifre o Anagrama – Origem da Expressão – Teste seu conhecimento – Jogo dos Erros – Este é Digoreste – Horóscopo – Fases da Lua – Em se plantando, tudo dá! – Obras de autores mato-grossenses Adquirir esta edição

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