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Nascido em São Paulo, em 10 de janeiro de 1798, Antônio dos Reis Alencastre superou uma infância de extrema pobreza para se tornar uma figura central do Brasil Imperial. Órfão de pai e mãe, teve seu talento reconhecido pelo Bispo de São Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira, que o acolheu e apoiou em sua formação filosófica e teológica sob a orientação do Frei Francisco de Montalverne.
Ordenado padre aos 23 anos, Antônio ampliou sua trajetória ao ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, formando-se em 1832. Logo depois, foi nomeado pelo Papa Gregório XVI (em destaque) como Bispo de Cuiabá, tornando-se o primeiro advogado a ocupar essa posição na Igreja Católica brasileira.
Em Cuiabá, Dom Antônio enfrentou um de seus maiores desafios durante a Rusga, o massacre de portugueses ocorrido em 1834. Movido pela fé e pelo senso de justiça, ele saiu às ruas com um crucifixo em mãos, tentando conter a multidão enfurecida e evitar mais mortes. Apesar de sua coragem e esforços, o episódio deixou marcas profundas, e Dom Antônio evitava mencionar o termo “Rusga” pelo resto da vida.
Além de sua atuação religiosa, destacou-se como político, servindo por duas legislaturas como deputado, e como um grande incentivador da educação e do abolicionismo. Fundou o Seminário da Conceição, promoveu a formação intelectual e recebeu a Comenda da Ordem de Cristo pelos serviços prestados ao Império.
Respeitado intelectual, foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de outras instituições científicas. Dom Antônio faleceu em Cuiabá, em 11 de novembro de 1876, deixando um legado marcado por coragem, humanismo e erudição. Patrono da cadeira 9 da Academia Mato-Grossense de Letras, sua história ecoa como um exemplo de liderança e dedicação à causa humana.