Montados em cavalos ricamente paramentados, cavaleiros protagonizam um espetáculo vibrante que remonta a episódios históricos e literários, como a Guerra de Troia e as Cruzadas. Realizada anualmente em Poconé (a 100 km de Cuiabá), a Cavalhada recria o embate entre Mouros e Cristãos pela consolidação do cristianismo na Idade Média, mesclando devoção, arte e cultura popular.
Dois exércitos, formados por 12 cavaleiros cada, disputam a vitória: os Cristãos, de azul turquesa, e os Mouros, de vermelho. Entre eles, destacam-se a rainha moura, resguardada por um festeiro, e outros personagens como pajens, narradores e encapuzados, que enriquecem a narrativa. A batalha simbólica se desenrola com provas de habilidade e dramatizações, culminando na rendição e conversão dos mouros, em uma mensagem de paz e reconciliação.
Introduzida em Mato Grosso em 1769, a Cavalhada foi trazida pelos portugueses como um ato de louvação ao Divino Espírito Santo e ao Glorioso São Benedito. Sua estreia homenageou Luiz Pinto de Souza Coutinho, terceiro governador da capitania. Após interrupções no século XX, entre 1954 e 1990, a tradição foi retomada, integrando-se às celebrações da Festa de São Benedito.
O evento, além da encenação épica, inclui o Baile dos Cavaleiros, a Festa da Iluminação, a Dança dos Mascarados e apresentações de Siriri e Cururu, encerrando-se com grandes shows populares. Hoje, a Cavalhada movimenta a cultura e a economia de Poconé, atraindo turistas e reafirmando a força das tradições pantaneiras em um espetáculo a céu aberto que transcende gerações.